terça-feira, 25 de novembro de 2008

RACISMO NO AVIÃO

Retirado do site da revista Isto É.


Músico Dudu Nobre afirma ter sido vítima de preconceito ao voltar dos Estados Unidos

Renata Cabral

AGRESSÃO Dudu e Adriana disseram ter sido chamados de macacos e estúpidos na frente das filhas
57,7% das vítimas de racismo perdem na Justiça

Em solo brasileiro, eles têm dinheiro e fama, espécie de blindagem que costuma inibir as manifestações mais explícitas de preconceito racial. Mas no anonimato do vôo 951 da American Airlines, que ia de Nova York ao Rio de Janeiro no dia 16 de novembro, o músico Dudu Nobre e sua mulher, a modelo e atriz Adriana Bombom, disseram ter sido alvo de discriminação associada à cor da pele. Os artistas acusam os comissários de bordo da empresa aérea de ofensas, injúrias preconceituosas e lesão corporal e pedem R$ 1 milhão de indenização por danos morais. Eles alegam ter sido chamados de “macacos”, entre outros xingamentos, na frente de suas duas filhas, de seis e cinco anos, e dos demais passageiros. “O constrangimento de ter sido xingado de macaco, junto com minha mulher, e chamado para brigar na frente de minhas filhas é inesquecível”, desabafa Dudu, que se diz disposto a lutar incansavelmente pela punição dos responsáveis. “Se acontece conosco, imagina com quem não aparece na mídia”, completou Adriana. O incidente aconteceu exatamente na semana em que se celebra o Dia da Consciência Negra, quinta-feira 20.

A confusão teria começado ainda nos Estados Unidos, quando, ao forçar a porta do banheiro, Adriana ouviu a aeromoça chamá-la de “estúpida”. Segundo o casal, eles preferiram ignorar as imitações de porco e macaco que o comissário fazia ao passar por Dudu. Mas, quando a modelo e a comissária trocaram insultos no desembarque para a escala que fizeram em São Paulo, a briga começou de fato. Quem levou a pior, nessa hora, foi o produtor da carreira internacional do músico, Ivan Corrêa Júnior, que acompanhava o grupo na viagem. Ele teve uma caneta estocada no braço direito no auge da briga. A família de Dudu viajava na classe econômica, mas ele disse que tentou trocar as passagens para a primeira classe justamente porque conhecia “a má reputação da equipe da American Airlines de não ser cordial com brasileiros que não falam inglês”. Assim que desembarcou no aeroporto Antônio Carlos Jobim, o grupo procurou a polícia federal e registrou queixa contra dois dos comissários americanos. O inquérito foi aberto, mas o crime não foi entendido como racismo, e sim injúria qualificada. “Porque eles não foram expulsos nem impedidos de entrar no avião, por exemplo, mas receberam tratamento preconceituoso”, explica o advogado da família, Thalles Wildhagen Camargo.

A empresa American Airlines divulgou apenas um comunicado: “Estamos realizando um inquérito interno em relação ao incidente relatado pelos meios de comunicação.” Dudu Nobre diz que está esperançoso por uma retratação, apesar de uma recente pesquisa feita pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) mostrar que as vítimas de racismo perdem 57,7% dos casos na Justiça.

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Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.