sábado, 6 de outubro de 2007

UNB desiste de usar fotos no sistema de cotas para negros

No final de agosto a UNB estabelece uma mudança na sua política de ação afirmativa, contudo ela pode não ser tão significativa quanto alguns meios de comunicação publicizaram. Agora o candidato após se auto-classificar racialmente vai ser entrevistado por uma comissão caso passe no vestibular. Como vai ser formada esta comissão? Além do mais a hetero-classificação destes membros terá mais valor do que a do individuo?

No processo anterior o individuo se auto-classificava racialmente, mas tirava uma foto para uma comissão que iria avaliar se este tinha direito a cotas, mas era possível o mesmo recorrer formalmente caso discordasse da hetero-classificação.

Podemos então dizer que não houve mudanças significativas dentro do processo estabelecido, mas sim uma adaptação para agradar a imprensa que pegou firme na critica ao caso dos gêmeos que forma hetero-classificados de forma diferente apesar de serem gêmeos univitelinos, ou seja, idênticos.

É bom lembrar algumas questões.
  1. No projeto inicial não constava o uso de foto como um meio de aferição de quem era ou não negro.
  2. As cotas demoraram demoram quatro anos para ser votadas pelo conselho universitario, pois tiveram que percorer diversos tramites internos da universidade até serem aceitas no vestibular de 2004.
  3. A idéia teve apoio de dois professores de antropologia depois que um orientando de doutorado sofreu racismo de um professor, somente depois disso os dois professores conseguiram perceber que o curso de antropologia nunca tinha tido um professor negro.

Para ter acesso ao projeto de cotas da UNB clique aqui.

Abaixo alguns noticias televisivas postadas no youtube


Jornal da Justiça (22.03.04) – cotas UNB



Jornal Nacional (18.03.04) - cotas na UNB




Para gravar os vídeos acima e outros clique aqui.


Priscilla Borges
Do Correio Braziliense
01/10/20070

Em vez de fotografias, entrevistas. A partir de agora, os estudantes que se candidatarem ao sistema de cotas da Universidade de Brasília (UnB) deixarão de ser julgados negros ou não a partir de uma foto. Depois da última polêmica provocada pela homologação, em um primeiro momento, de apenas um dos irmãos gêmeos Alan e Alex Teixeira da Cunha, 18, a instituição anuncia novas regras para aperfeiçoar essa alternativa de acesso aos cursos de graduação. Agora, os candidatos passarão por entrevistas e, frente a frente com os examinadores, assinarão um documento em que se declaram negros ou pardos.
A universidade também decidiu deixar para depois do vestibular a homologação das inscrições para o sistema de cotas. A entrevista com a banca examinadora será marcada em data posterior à aplicação das provas. A quantidade de estudantes convocados será duas vezes superior ao número de vagas para cada curso. De acordo com o reitor da UnB, Timothy Mulholland, a entrevista era a opção preferida pela instituição desde a criação da reserva de vagas. “Mas havia limitações logísticas. É impossível entrevistar 4 mil candidatos”, conta. Com a execução do processo após as provas, é possível convocar apenas os candidatos que têm chances de ser aprovados. “Agora, o mecanismo é viável”, diz o reitor.
As novidades não param por aí. Hoje, os inscritos no sistema de cotas concorrem também às vagas do sistema universal. Como a homologação é feita antes do vestibular, o estudante já faz os testes sabendo quais vagas está disputando. Para que isso continue acontecendo mesmo com a fase de confirmação nas cotas marcada para depois das provas, a instituição decidiu que os candidatos terão de optar por um dos sistemas no ato de inscrição. Os estudantes que quiserem tentar como cotistas só disputarão as vagas reservadas a eles. Não terão mais o direito de concorrer àquelas do sistema universal.
Das vagas oferecidas no vestibular, 20% são destinadas aos candidatos negros ou pardos. Em janeiro, como metade das 2.106 vagas disponíveis por semestre são divididas com o Programa de Avaliação Seriada (PAS), as vagas para as cotas totalizam 204 em todos os cursos. Por isso, os candidatos deverão avaliar em qual sistema têm mais chances de ingressar na instituição antes de marcar o X no formulário. Um jovem pardo ou negro que queira uma vaga no curso de direito, por exemplo, terá de escolher entre disputar as cinco vagas disponíveis aos cotistas ou as 20 do sistema universal.
Loteria
“O aluno terá de decidir sua preferência. Criamos um sistema para jovens negros que, às vezes, é visto por alguns alunos como brincadeira. Não podemos aceitar que seja tratado como loteria. Os estudantes têm que tomar decisões com conseqüência”, destaca Timothy. Para a professora Dione Moura, relatora da Comissão de Implementação do Plano de Metas para Integração Social, Étnica e Racial na UnB, a medida servirá para encorajar aqueles que ainda enxergam a UnB como um sonho distante. “Queremos evitar a brincadeira e mostrar aos jovens que se reconhecem como negros e ainda não tentam entrar na UnB que o sistema é para eles”, pondera.
A UnB fez a primeira reserva de vagas para estudantes negros ou pardos em 2003. A proposta era colocar na universidade jovens que representassem essa população, especialmente nos cursos em que não havia alunos afrodescendentes, como medicina e odontologia. De lá para cá, cerca de 2 mil estudantes considerados negros ou pardos ingressaram na instituição. Eles representam cerca de 10% do universo de 20.939 universitários matriculados nos 63 cursos de graduação da UnB. Vale destacar que o critério de avaliação dos cotistas — traços fenotípicos da raça negra — continua o mesmo. O sistema foi criado para funcionar durante 10 anos. Em 2014, ele será revisado.


Jornal Hoje (01.10.07) - mudanças nas cotas da UNB

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Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.