sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

1º DIA NO FÓRUM SOCIAL MUNDIAL

Retirado do site do UOL Notícias.

Fórum Social Mundial foca 1º dia na Amazônia; quilombolas aparecem para a discussão

Rodrigo Bertolotto

Enviado especial do UOL Notícias
Em Belém (PA)

Para Daniel Souza, líder dos quilombolas do Pará, as grandes empresas poluidoras da Amazônia devem pagar o preço 'caro' do aquecimento global. Veja sonora gravada por Rodrigo Bertolotto durante discussões no Fórum Social Mundial, Belém (PA)

A questão amazônica domina o primeiro dia de atividades do FSM (Fórum Social Mundial), sediado em Belém (Pará), justamente pela proximidade com o tema. E o foco principal ficou por conta da denúncia de comunidades indígenas, tanto do Brasil quanto do Peru e do Equador, sobre a ação do agronegócio e das mineradoras na região.
Mas no meio dos representantes dos índios estava um líder de uma população da floresta muitas vezes ignorada: os quilombolas. Eles são remanescentes dos escravos que escaparam das fazendas e adentraram na mata para formar sociedades. "Nossos antepassados fugiram, mas nós temos que mostrar a cara e mostrar que somos um dos grandes especialistas em Amazônia", sentenciou Daniel Souza, líder dos quilombolas do Pará.
Segundo ele, há 302 comunidades de descendentes dos quilombos no Estado. "Quem destrói a região são as grandes empresas de agronegócio e as mineradoras. Eles têm que pagar pelo preço", aponta Souza.
Grandes impulsionadoras da Bolsa de Valores brasileira, a Vale e a Petrobras vão estar no olho do furacão. Além de mesas de discussão, já estão programadas manifestações contra essas empresas. Apesar de patrocinadora do Fórum, a Petrobrás já é alvejada por sindicalistas dos petroleiros, que montaram barracas vendendo camisetas pedindo o fim das parcerias da estatal com multinacionais estrangeiras.
"A Vale destrói muito mais a Amazônia que os povos que vivem por lá. Eles contribuem com algumas ações sociais, mas é pouco ainda", queixa-se Souza.
Além dos indígenas e quilombolas, os ribeirinhos (população cabocla que mora em comunidades à beira dos rios) também marcam presença no Fórum. A participação deles teve apoio estatal, bancando o deslocamento e a hospedagem na capital paraense. Várias atividades culturais mostraram o modo de vida dessas populações para os frequentadores do evento, idealizado em 2001 como contestação ao Fórum Econômico Mundial, que acontece anualmente em Davos (Suíça) e reúne empresários e governantes.
No começo de 2007, uma reunião dos organizadores em Berlim (Alemanha) escolheu a cidade de Belém como sede do Fórum de 2009. O tema do aquecimento global seria o foco com esse cenário. Entretanto, após a crise econômica dos EUA a partir de setembro, boa parte dessa agenda voltou-se para o capitalismo. Mesmo assim, o viés ecológico ficou forte no primeiro dia, com divulgações de pesquisas por parte de ONGs e institutos ligados ao tema ambiental.

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Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.