sexta-feira, 24 de julho de 2009

COTISTAS SÃO RECEPCIONADOS NO ICC NORTE

Retirado do site ClicaBrasília.
Notícias
23/07/2009

Johnatan Reis da Silva, 19 anos, não escondia a ansiedade de garantir sua vaga na Universidade de Brasília, na manhã da quinta-feira, 23 de julho. Negro e egresso de uma escola pública do Riacho Fundo II, o calouro aprovado no 2º vestibular pelo sistema de cotas acordou cedo para fazer o registro. “Fiquei com muito medo da ação ajuizada no STF. Lutei para ser negro, fiz a mesma prova que todos. Seria injusto não conseguir”, disse o estudante aprovado em Serviço Social.
“Não vão tirar a gente não, né?”, questionou apreensiva a caloura de Sociologia, Fernanda da Silva Noronha. “Não, é um direito de vocês. Agora a briga é com a gente, por isso estamos aqui, hoje. Seja bem vinda à universidade”, respondeu a coordenadora do Centro de Convivência Negra da UnB, Deborah Santos, durante o encontro de boas-vindas aos calouros cotistas, na entrada do ICC Norte.
A recepção começou cedo, às 9h. Aos poucos, estudantes, militantes de movimentos negros e artistas chegavam ao microfone para manifestar apoio à política de cotas da universidade e aos novos estudantes cotistas. “Estamos aqui para mostrar que essas pessoas não são diferentes das outras que passaram no vestibular ”, disse o estudante do 9º semestre de Antropologia, Rafael Moreira Serra da Silva.
O rapper brasiliense Gog compareceu para apoiar o movimento. Recitou poema, falou sobre juventude e mostrou revolta ao pedido de suspensão das cotas em arguição assinada pela procuradora Roberta Kaufmann a pedido do partido Democratas. “Eu queria fazer uma pergunta a ela. Ela já teve que trabalhar mesmo com vontade de estudar?”, disse. “Eu sou a favor do escurecimento da universidade. Quem estuda em escola privada e tem condições de pagar faculdade que deveria ter cotas. 20% de cotas para eles”, provocou o rapper.
RECEPÇÃO - Os participantes das boas-vindas pintaram frases em cartazes, que serão afixados no campus. “Cotas: direito social”; “Brasil, país racista. Cotas para negros, sim”; “Vamos enegrecer a universidade. Chora elite branca. Aprende a dividir”. Houve, ainda, sarau de poesias com o movimento Radicais Livres e apresentação de performance teatral do ator Abder Paz, filho do consagrado mímico brasiliense Miquéias Paz.
Também foi exibido o documentário Sob o Signo da Justiça. O filme de 20 minutos, produzido por Carlos Henrique Romão de Siqueira e Ernesto Ignacio de Carvalho, conta a história da implementação do sistema de cotas da UnB.
A decana de Assuntos Comunitários, Rachel Nunes defendeu não só o fortalecimento das cotas na universidade, mas sua ampliação. “Por mais de 500 anos, a diferença entre negros e brancos foi reforçada. O acesso à educação para os negros sempre foi difícil. Não tinha como resolver esse problema a não ser pela política de cotas”, afirmou, durante o evento.
O encontro deve prosseguir até às 17h de hoje e na sexta-feira, 24 de julho. Acompanhe mais informações pela UnB Agência.
UnB Agência

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Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.