sexta-feira, 24 de julho de 2009

MOVIMENTO NEGRO DA UNB RECEBEM ESTUDANTES E ESCREVEM MANIFESTO CONTRA AÇÃO DO DEM

Retirado do site ClicaBrasília.

Integrantes de movimentos negros da UnB vão receber estudantes e escrever manifesto contra ação do DEM
23/07/2009

Os integrantes de movimentos negros da Universidade de Brasília Enegreser, Negro Essência e Afroatitude preparam-se para acolher os estudantes aprovados pelo sistema de cotas nesta quinta-feira, 23 de julho. Às 8h, eles estarão concentrados no Ceubinho (entrada da Ala Norte do ICC, o Minhocão). A programação do dia inclui apresentações musicais, exibição de vídeos e a elaboração de um manifesto contra a ação ajuizada pelo DEM no Supremo Tribunal Federal contra o sistema de cotas. A programação continua na sexta-feira.
Deborah Santos, coordenadora do Centro de Convivência Negra da UnB, ressalta que a ideia é dar boas-vindas aos calouros e mostrar que eles conquistaram vagas na instituição por meio de um processo justo. “Queremos dizer aos estudantes cotistas que a UnB e sua comunidade apoiam o sistema, que acreditamos que ele é justo e deve continuar existindo. Não queremos que eles fiquem assustados ao chegar nesse espaço”, pondera.
“Seria uma injustiça se o vestibular fosse anulado. Estudamos tanto quanto os aprovados pelo sistema universal”, afirma Gabriel Cortez, 20 anos, calouro de Direito que ficou em primeiro lugar entre os selecionados pelo sistema de cotas. Para a mãe de Luís Felipe Freitas, futuro aluno de Engenharia de Redes, a ação é lamentável. “A decisão prejudicaria todos que se dedicaram para conquistar uma vaga na UnB. Se a lei existe, ela deve ser respeitada”, explica Dirlene Freitas.
Márcia Abrahão, decana de graduação da UnB, garante que todos os trâmites de registro e matrícula estão programados para acontecer normalmente. Ela afirma que a universidade recebeu com alívio a decisão tomada pelo presidente do STF, Gilmar Mendes, de adiar o julgamento do pedido de liminar feito pelo partido Democratas. “Vamos receber os calouros de braços abertos”, reforça.
ApoioRepresentantes de movimentos negros externos à universidade também se preparam para organizar atos em defesa do sistema de cotas criado pela UnB. Dentro da programação do I Festival Cultural da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha, estão marcados atos contra a ação do DEM para amanhã, às 19h, e sexta-feira, 24 de julho, quando o tema também será abordado em mesas-redondas.
Para Edna Roland, relatora-geral da Conferência de Durban de 2001, é preciso mostrar à sociedade a importância das ações afirmativas para o combate ao racismo. Ela lembra que o Brasil assumiu, em 2001, junto com outros 170 países, o compromisso de traçar metas e planos para acabar com a discriminação racial e a xenofobia. “O Brasil foi um dos grandes protagonistas de Durban e a principal proposta de promoção da igualdade social apresentada pelo país foram os programas de ações afirmativas”, comenta.
“É por um critério de cor e raça que grande parte da população brasileira sofre discriminação. Não há como superarmos as desigualdades se, primeiro, não reconhecermos que o problema existe”, pondera. Edna lembra, em 2009, durante a conferência de revisão dos planos estabelecidos em 2001, o Brasil ratificou os compromissos. “A convenção nos dá base jurídica para estabelecermos as ações afirmativas”, garante. Edna defende que a sociedade se mobilize para sensibilizar os ministros do STF a favor das cotas.
FuturoQuem passou pelo sistema e já concluiu sua trajetória na universidade garante que a oportunidade de chegar ao ensino superior muda perspectivas. Graduado em Serviço Social há um ano, Ângelo Róger de França, 26 anos, é assistente social de uma ONG coordenada pela Casa do Ceará. Lá, 820 crianças têm aulas de informática e futebol. Com o salário, ele sustenta a família e paga a faculdade da esposa. “Eu não tinha perspectivas. Ao entrar na universidade, me contentaria em receber um salário baixo”, conta.
“Essas pessoas foram selecionadas por mérito. Se os democratas tinham a intenção de interromper o sistema, eles deveriam ter começado a agir antes do vestibular”, comenta Tanimara Elias Santos. Ela se formou em Ciências Sociais no ano passado e está concluindo a dupla habilitação, desta vez em Antropologia. “Ter um diploma da UnB foi uma ferramenta extra para conseguir atuar na minha área”, explica Santos. Tanimara é estagiária no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
UnB Agência

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.