terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

A (RE)INVENÇÃO DO MULATO

Retirado do blog Atabaqueblog


No começo, a partir do XVI, foi a escravidão e com ela vieram os mestiços denominados mulatos e mulatas, nascidos como filhos bastardos dos colonizadores portugueses que estrupavam as 'negrinhas'. Tempos depois, intelectuais do reino e artistas chegados com a fuga de Portugal de D. João IV no início do XIX resolveram dar graça romântica ao seu erotismo e a sua necessidade de mantê-los disponíveis tanto para sua inspiração como para o trabalho barato. Negras e negros foram transformados em idílicos mestiços, mulatas e mulatos romantizados nas descrições, literatura, desenhos e pinturas e mais tarde nas ciências sociais. Ao mesmo tempo, esta idéia coexiste com um cotidiano de exclusão social que vai travestindo o racismo explícito num racismo ambíguo e envergonhado (*) associado ou justificado pelo preconceito contra a pobreza como se este fosse mais aceitável que o outro.

A invenção do tipo mulato
(*) atendia a uma heirerarquia de tipos raciais e de cor de pele criada por intelectuais europeus que idealizavam na miscigenação uma "qualidade" superior ao negro mas, inferior ao branco. A esta qualidade se atribuiu força, vigor físico e beleza exótica, bom para o trabalho e para fornicar.Diferente da identidade negra que está referenciada nas culturas africanas, não existe uma 'identidade mulata' que seja reinvidicada por algum grupo social. A invenção do mulato atende ao pressuposto da exploração do corpo e do trabalho do negro como mais um artifício dissimulador através do exotismo e da exaltação da beleza negra por um forma envergonhada. A música popular e o próprio samba (*) se tornam veículos desta idéia exaltando o mulatismo como uma qualidade para atender a estes objetivos.Nas primeiras décadas do XX com o samba conquistando o gosto popular durante a nascente sociedade de massa, o desfile das escolas de samba oferecia ao negro e à sua imagem como mulato uma expressão de visibilidade e integração social, já que ao menos durante este período de festa a polícia não perseguia tanto, políticos e bandidos se misturavam e a classe média aplaudia, é o carnaval!


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Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.