domingo, 29 de novembro de 2009

FAMÍLIA DE CANDEIA VAI RETOMAR PROJETOS DA ESCOLA DE SAMBA QUILOMBO

Retirado do site do jornal Extra.


Enviado por Eliane Maria -
15.11.2009


Ouça a entrevista com os parentes de Candeia

Símbolo da resistência contra a descaracterização das agremiações, na década de 70, o Grêmio Recreativo de Arte Negra e Escola de Samba Quilombo (Granes Quilombo) terá novamente o sangue de Antônio Candeia Filho no comando. Convencida por conselheiros a retomar os projetos do pai, Selma Teixeira Candeia, de 50 anos, deve assumir a presidência ainda este mês. Leandro Gomes Candeia, neto do compositor também fará parte da diretoria. A reaproximação da família com o projeto se deu no ano passado, quando membros do quilombo foram assistir à peça “É samba na veia, é Candeia”, no Centro Cultural Banco do Brasil. — Eles disseram para o Jairo (irmão de Selma e pai de Leandro) que nós tínhamos que voltar lá porque o quilombo era o filho mais novo do Candeia. Fiquei pensando naquilo e comecei a ir. Meu sobrinho também foi se chegando, se chegando, e ficou. Vai ser diretor cultural — explica Selma. Feijão, samba e capoeira
Antes da eleição, que deve ter chapa única, uma feijoada, neste sábado, devolveu à sede da Rua Ouseley, em frente à estação de metrô da Fazenda Botafogo, o clima de festa dos tempos do compositor. Com entrada gratuita, feijoada a R$ 5, roda de capoeira do Mestre Nacional e de samba com Serginho Procópio, Roxinha e o grupo Uto Tombo, cria da casa, a diretoria pretende atrair frequentadores para viabilizar os projetos sociais. — Estamos com assistência jurídica para a comunidade e aulas de corte e costura. Queremos ter informática e também ajudar a preservar a cultura, como meu pai queria, com aulas de capoeira, afoxé, jongo e oficinas para ensinar a tocar instrumentos — detalha Selma. Membro do grêmio desde 1976, Pedro Carmo dos Santos, de 68 anos, comemora a volta dos Candeia e sente que cumpriu a promessa feita ao amigo, 15 dias antes de sua morte. — Eu fui visitar o Candeia na Taquara e, na saída, ele falou: “Português, não deixe o quilombo morrer. Bota o quilombo na rua!”.


Antes da fundação, apelo à Portela
A Granes Quilombo foi criada em 8 de dezembro de 1975 por Candeia e compositores como Nei Lopes e Wilson Moreira. O grupo não aceitava o gigantismo das escolas de samba tradicionais, nas quais os sambistas estavam perdendo a voz para pessoas estranhas ao meio. Numa última tentativa de impedir que sua Portela perdesse as raízes, ele escreveu um manifesto, com Paulinho da Viola, Carlos Monte, André Motta Lima e Cláudio Pinheiro, ignorado pelo então presidente Carlinhos Maracanã. Era o adeus à escola para a qual compôs, aos 17 anos, em parceria com Altair Marinho, o primeiro samba a obter nota máxima dos jurados.

Fusão com bloco de Acari
Em maio do ano seguinte, Candeia chamou Pedro Português, presidente do bloco “Não se dá bem quem não quer”, e propôs uma fusão. A Quilombo encerrava os desfiles na Avenida Rio Branco e saía pelo subúrbio. Nomes como Elton Medeiros, Martinho da Vila, Clementina de Jesus e Clara Nunes participavam do grupo. Após a morte de Candeia, em 1978, a presença dos artistas e os projetos foram se tornando mais raros. O último desfile aconteceu em 2002.

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Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.