quarta-feira, 4 de abril de 2007

ARTIGOS SOBRE RAÇA E RACISMO


SOBRE RAÇAS HUMANAS

por JAIRO DE CARVALHO
Professor de História em Maringá.


Desde a Antigüidade, a mentalidade ocidental convive com a idéia de que os seres humanos estão divididos em raças, mas foi no decorrer do século XIX, quando os países europeus necessitavam justificar seus projetos de expansão imperialista, que uma grande parte dos seus recursos intelectuais estiveram mais empenhados em definir e hierarquizar as raças que compõem nossa espécie.

Para classificar a variedade de fenótipos humanos, muitos cientistas trabalharam exaustivamente e sua influência deu credibilidade à afirmação de que os brancos de origem européia ocupariam os estágios mais elevados do desenvolvimento, em detrimento dos não-brancos, invariavelmente identificados com o atraso.

Muitas pessoas ganharam celebridade ao expor o resultado de suas pesquisas que, de alguma forma, reforçavam um suposto determinismo biológico aplicado às sociedades humanas, um darwinismo social. Para auferir crédito às asserções, executavam tendenciosamente análises da anatomia de grupos humanos, utilizando, inclusive, instrumentos da antropologia criminal da época, como a craniometria por exemplo, para classificar os povos e estabelecer correlações entre aparências físicas e aptidões.

A ciência do século XIX dava ao racismo o fundamento que lhe permitia justificar a escravização criminosa de milhões de africanos e o autorizava a contradizer de modo convincente o 1º artigo da "Declaração Universal dos Direitos do Homem" de que os seres humanos nascem livres e iguais.

Entre os resultados práticos da noção de que a humanidade se divide em raças, e que algumas são superiores e outras inferiores, está o extermínio de 6 milhões de judeus pelos nazistas nas décadas de 1930 e 1940.

Entretanto, com o progresso da genética e da biologia molecular, os biólogos e antropólogos observaram que nenhum gene humano é específico de uma raça e que todas as populações têm mais ou menos os mesmos genes. As suas conclusões são de que nem a genética e nem bioquímica fornece qualquer subsídio para justificar a existência do conceito "raças humanas". Pelo contrário, afirmou-se em seu lugar, que a espécie humana é essencialmente uma só, o que municiou a ciência para atestar com absoluta segurança que as bases conceituais das afirmações anteriores não têm qualquer valor.

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RETOMANDO AS LEITURAS

“Se queremos aprender com os eventos, então não podemos ter pressa em resolvê-los”
Paul Ricoeur
Gustavo Amora*
Neste trágico início de semestre na Universidade de Brasília – UnB se proporcionou um espetáculo de terror para todo o país. A elite brasileira foi dormir com o estômago embrulhado na quarta-feira 28/03, após receber a notícia de que a violência racial havia caminhando das periferias das cidades para o quintal da elite e coração da república. Ou seja, hoje no Brasil, se está atentando contra a vida da população negra até dentro das universidades. Diante disso, os estudantes, de diversos grupos e origens, se revoltaram com a tentativa de assassinato de dezenas de estudantes africanos e proporcionaram uma verdadeira convulsão social dentro da UnB.

Mas antes que a reitoria apresente uma solução tapa buraco, e antes que a imprensa desqualifique a denúncia, ou os denunciantes, é preciso retirar algumas lições sobre tudo o que aconteceu. Neste sentido, uma leitura que vem a tona de maneira fugaz é o clássico Reading Rodney King: Reading Urban Uprising, editado pelo Doutor em Filosofia e Estudos Negros Robert Gooding-Williams. O título, que pode ser entendido como uma análise sobre levantes urbanos, tem foco em uma insurreição urbana em Los Angeles que chacoalhou as manchetes dos jornais de todo o mundo no início da década de 90.

Relembrando, em 1991, o taxista Rodney King foi gratuitamente espancado por cinco policiais após ser detido em uma blitz. Por acaso, o episódio de violência foi filmado e foi parar em todos os telejornais, por conseguinte, os policiais foram a julgamento em 1992.

Para a surpresa até dos mais incrédulos do sistema penal, mesmo com toda a comoção que o caso gerou, os policiais foram absolvidos de todas as acusações, o que levou a comunidade local a uma insurreição urbana que durou quatro dias e deixou 55 mortos e um bilhão de dólares de prejuízo.

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Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.