domingo, 30 de março de 2008

NEI LOPES CRITÍCA AFASTAMENTO DA UMBANDA DAS RAÍZES AFRICANAS

Retirado da Folha On Line

30/03/2008 - 02h49
Autor de livro critica afastamento da umbanda das raízes africanas
MARCELO BERABAda Folha de S.Paulo, no Rio


O escritor e compositor popular Nei Lopes critica o afastamento de setores da umbanda das raízes africanas. "Essa umbanda não usa tambores e se pretende esotérica", diz.
"É como se seus praticantes dissessem: 'Essa coisa de tambor, sacrifícios de animais, isso é coisa de selvagens! Nós somos civilizados'. Nessa oposição entre 'selvagem' e 'civilizado' é que está o racismo".
Nei Lopes é o autor da "Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana" (Selo Negro Edições).
*
Folha- Como analisa a formação da umbanda?
Nei Lopes- O mito de origem da umbanda, na versão que tem como protagonista o médium Zélio de Moraes, é exemplar. Ele evidencia a busca de inserção dos despossuídos da sociedade brasileira no espaço religioso.Todo mito tem um fundo de verdade, que os eruditos chamam de "mitologema"; e, na história da umbanda, esse fundo é o episódio do médium Zélio.
Mas antes já havia, além dos calundus coloniais, que não tinham organização social, comunitária, os candomblés, organizados, como se sabe hoje, desde antes de 1850. Na virada para o século 19, a ialorixá baiana Mãe Aninha vinha de vez em quando ao Rio, onde inclusive fundou, por volta de 1906, uma filial de sua "roça", o Opô Afonjá, que funciona até hoje em Coelho da Rocha, São João de Meriti [Baixada Fluminense].
E a umbanda, herdeira direta de cultos bantos como o da cabula, cresceu certamente sob a influência desse prestígio do candomblé baiano, incorporando as figuras dos orixás jeje-nagôs e outros elementos.
Mas o que fundamentalmente distingue a umbanda é o culto aos pretos-velhos, que não existem no candomblé. E esses pretos-velhos são representações de espíritos familiares bantos, da área de Angola, Congo e Moçambique (África centro-ocidental e oriental), daí seus nomes: Vovó Conga, Pai Joaquim de Angola, Tia Maria Rebolo, Pai Joaquim de Aruanda. O candomblé vem do Benin, da Nigéria, da África ocidental.

Folha- Como o sr. se define sob o ponto de vista religioso?
Lopes- Minha mãe recebia uma preta-velha, mas não era umbandista. Nós tínhamos lá em casa nosso culto doméstico. Hoje eu cultuo orixás. Mas não sou candomblecista, como aliás já fui. Eu me dedico à forma de culto que em Cuba se conhece como santeria, que inclusive já tem muitos adeptos no Brasil. E cultuo esses orixás na minha casa. A definição, então, não é fácil. E por isso eu proponho que o IBGE inclua tudo na rubrica "religião africana", ou "religião de matriz africana", onde a umbanda, por ser cada vez mais sincrética, talvez já não caiba mais.

Folha- Qual é a diferença que o sr. distingue entre o candomblé e a santeria cubana?
Lopes- As diferenças são poucas, mas significativas. Restringem-se quase exclusivamente a particularidades litúrgicas, uso de instrumentos (aqui atabaques daomeanos, percutidos entre as pernas do tocador; lá, batás nigerianos, levados a tiracolo); diferenças nos elementos que compõem os assentamentos dos orixás etc.
E é tudo uma questão de procedência: o candomblé da Bahia é basicamente um produto de Quêto, um reino localizado no atual Benin, antigo Daomé; e a santería cubana vem de Oyó, um outro reino, de onde parece ter vindo, também, o xangô de Pernambuco, que guarda muito mais semelhanças com a santeria que com o candomblé, principalmente no destaque que dá ao culto de Orumilá ou Ifá, o grande orixá do saber, do conhecimento, dono do Oráculo, em torno do qual gravita todo o conhecimento sobre os outros orixás iorubanos (nagôs, lucumis, ijexás etc.), sua mitologia e a liturgia do seu culto.

Folha- A umbanda aparentemente vem perdendo espaço para outras religiões. O sr. tem essa percepção?
Lopes- Todas as religiões de matriz africana vêm perdendo espaço para a truculência neopentecostal. Truculência que chega à agressão física, como na Bahia.

Folha- Muita gente que freqüenta centros não se declara umbandista. Por que será? Por medo? Vergonha?
Lopes- Essa ocultação é conseqüência do racismo brasileiro. A maioria das pessoas tem vergonha de assumir alguma coisa que remeta à África, à escravidão. Cultura negra só se for desafricanizada... é aí que a gente chega a uma coisa interessante. Existe uma vertente da umbanda que inclusive nega a origem africana da religião, buscando suas raízes na Índia.
Tentam até provar que o nome umbanda (que deriva do quimbundo mbanda, ritualista, curandeiro) vem do sânscrito. Essa umbanda não usa tambores e se pretende esotérica; e é ela que vem se expandindo pela América do Sul e pelo mundo. É como se seus praticantes dissessem: "Essa coisa de tambor, sacrifícios de animais, isso é coisa de selvagens! Nós somos civilizados". Nessa oposição entre "selvagem" e "civilizado" é que está o racismo. Então, a intenção dos espíritos acolhidos pelo médium Zélio Moraes há cem anos parece que está se frustrando.

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COTAS NA UFES AUMENTOU NÚMEROS DE NEGROS

Retirado do site do jornal A Gazeta. Vamos ler com calma. Será verdade?
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30/03/2008
Cotas: mais negros na Ufes
Elaine Vieira evieira@redegazeta.com.br

O primeiro vestibular da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) que contou com reserva de vagas para alunos de escolas públicas conseguiu aumentar o número de negros aprovados, principalmente nos cursos mais concorridos. Da lista dos 15 mais disputados, nove receberam mais calouros pretos e pardos que no ano passado.

Em cursos como Direito, o aumento chama a atenção: foram 14 pretos aprovados neste ano, contra 6 no ano passado. Desses, oito eram cotistas, o que equivale exatamente à diferença entre os dois vestibulares. Do antigo percentual de 2,7% de alunos pretos, o curso passou a ter 12,7%. E o número também aumentou entre os negros (considerando pardos e pretos): em 2007, eles eram 34,5% dos calouros de Direito, agora são 44,5%.

Em Medicina, três dos quatro pretos aprovados são cotistas. O curso mais concorrido da Ufes hoje conta com 5% de pretos e 42,5% de negros, contra um índice de 3,7% e 28,7% no ano passado, respectivamente.

Dos cinco pretos aprovados em Engenharia Elétrica, quatro são cotistas. Em 2007, havia apenas um aluno preto no curso de ciências exatas. Dos 5% anteriores, hoje eles ocupam 6,2% das vagas disponíveis. No total, os afrodescendentes passaram de 35% em 2007 para 36,2% este ano.

Um cruzamento dos dados disponibilizados pelo programa de extensão Conexões de Saberes – que tem como foco os alunos carentes – e pela Comissão Coordenadora do Vestibular (CCV) mostra que, de forma geral, a participação de alunos pretos na universidade aumentou de 6,9% no ano passado para 8% este ano. Levando em consideração os pardos, também afrodescendentes, a evolução sai de 42% em 2007 para 43,8% este ano.


Previsão
Para o secretário de Inclusão Social da Ufes, Antônio Carlos Moraes, que presidiu a comissão que aprovou o sistema de cotas, o crescimento da inclusão de negros está dentro do esperado, apesar de o sistema não levar em conta questões raciais. "Já sabíamos que ao favorecer alunos de escolas públicas contemplaríamos os negros, mas esse número poderia ser ainda maior, pois a quantidade geral de candidatos tem caído".

Para ele, o burocracia e fatores como a cobrança da taxa de inscrição ainda impedem que alunos carentes se inscrevam no vestibular. Este ano, 6 mil se inscreveram como cotistas, mas a Ufes esperava que fossem 10 mil. "Estamos estudando formas de estimular inscrições", aponta.


Negros
A população negra, para a demografia, é o somatório de pretos e pardos. Não há "cor negra", como muito se ouve. Desde 1991, o IBGE adota a autodeclaração como critério.


Para ler a matéria na íntegra clique aqui.

REUNIÃO NO RJ: NOVAS ESTRATÉGIAS PARA O ENFRENTAMENTO DA INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

Recebido por email e divulgando.

O Ceap, o CEN, o Movimento Diálogo Inter-Religioso Contra a Intolerância Religiosa Pela Paz e a Conen, convidam:Venha discutir conosco o tema NOVAS ESTRATÉGIAS PARA O ENFRENTAMENTO DA INTOLERÂNCIA RELIGIOSA*.
Nesse primeiro momento realizaremos uma reunião, discutiremos alguns aspectos jurídicos, avaliaremos alguns casos e pensaremos algumas ações conjuntas.É chegada a hora de todas as pessoas ligadas às religiões de matriz africana se darem as mãos e, unidas, lutarem contra a intolerância religiosa que a cada dia avança sobre nossas instituições religiosas.É hora de dizer basta! É hora de pensarmos juntos algumas ações comuns.

*Nesta reunião discutiremos o caso de Rosiane, uma senhora que teve a guarda de seu filho retirada porque uma psiquiatra, um promotor e um juiz consideraram que o fato de ela ter imagens de Orixás em sua casa poderia prejudicar o desenvolvimento psiquíco da criança. O caso está sendo acompanhado por essas organizações e está sob responsabilidade do Dr. LUIZ FERNANDO MARTINS DA SILVA, eminente jurisconsulto, ogan suspenso e confirmado do Ilê Oxumarê e ex-Ouvidor da Seppir.

Dia: 2 de abril
Horário: 14 horas
Local: Projeto LegalEndereço: Largo de São Francisco, 34/7 andar - Centro
Referência: Próximo ao Ifcs
Informações: 2232 7077/9202 5264 Ofarerê Israel Evangelista

TRIBUNAL FEDERAL RECONHECE CONSTITUCIONALIDADE DAS COTAS

Retirado do site Consultor Jurídico

Reserva de vagas
TRF-4 reconhece constitucionalidade do sistema de cotas


O Tribunal Regional Federal da 4ª Região reconheceu a constitucionalidade do sistema de cotas na Universidade Federal do Paraná. A 3ª Turma do TRF-4 suspendeu a sentença que garantia vaga a uma vestibulanda que, por conta do sistema de cotas, não se classificou. Para os desembargadores, o vestibulando classificado pelo sistema de cotas não está tirando o lugar de nenhum outro candidato, mas ocupando um espaço que lhe é de direito.
A candidata prestou a prova em 2005 e ficou na 78ª colocação, que não a classificava. Diante da reserva de 40% das vagas para negros e alunos oriundos do ensino público, ela pediu Mandado de Segurança na Justiça Federal de Curitiba. Em 2006, a Justiça ordenou a matrícula da estudante.
No recurso apresentado pela universidade, a relatora, desembargadora Maria Lúcia Luz Leiria, entendeu que a adoção do sistema de cotas é possível em decorrência da autonomia universitária, prevista na Constituição Federal. Tendo em vista que a instituição de ensino pode reduzir ou ampliar vagas, lembrou, não há impedimento legal para o exercício da autonomia quanto à fixação de cotas.
Para Maria Lúcia, é equivocada a alegação de falta de previsão legislativa para a política de cotas. Desde 1996, disse, com o Primeiro Plano Nacional de Direitos Humanos, a questão das políticas afirmativas já estava prevista. Ela citou as leis que criaram o Programa Diversidade na Universidade (10.558/02) e a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (10.678/03).
“A própria Constituição estabelece determinadas situações de ‘ações afirmativas’”, salientou a desembargadora, como a proteção ao mercado de trabalho da mulher e o percentual de cargos públicos para pessoas portadoras de deficiência.
Segundo ela, a Constituição “não estabeleceu o mérito como critério único”. A reserva de vagas, ressaltou, não rompe com o sistema de mérito: busca, ao contrário, estabelecer critérios conjugados de inclusão social para seu aperfeiçoamento e alteração. Além disso, as universidades estabelecem uma nota de corte para preenchimento de vagas. “Ou seja, os candidatos, independente de estarem ou não incluídos no sistema de cotas, devem atingir uma nota mínima”, afirmou a relatora.
Quanto à alegação de que a política de ações afirmativas não vai, por si só, resolver o problema de acesso ao ensino superior, a desembargadora entendeu que a tese “esbarra justamente na tentativa de considerar que ao administrador somente cabe a escolha do meio mais seguro, melhor e mais intenso e, por via transversa, decidir o Poder Judiciário a forma como as políticas devem ser executadas”.
Maria Lúcia lembrou que o Plano Nacional de Educação, sancionado em 2001 e com duração de dez anos, foi submetido à discussão pública e política pelo Legislativo. O programa fixa metas para a educação em todos os níveis e prevê a criação de políticas que facilitem às minorias, vítimas de discriminação, o acesso ao ensino superior.
A desembargadora afirmou também que, se o sistema de cotas fosse inconstitucional, como alegado, “seria a sua previsão em edital, e não a sua aplicação na prática, que geraria a impetração do Mandado de Segurança”. Nesse caso, salientou, a autora teria perdido o prazo para impetrar a ação. Seu entendimento foi acompanhado pela 3ª Turma do TRF-4.
AMS 2005.70.00.008336-7/TRF
Revista Consultor Jurídico, 27 de março de 2008


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Total: 19Comentários
veritas (Outros - - ) 29/03/2008 - 19:55
preocupação 1 o pobre branco esta contemplado entra pelas cotas da escola publica,preocupação 2 as provas geralmente não são múltipla escolha na segunda fase e sim discursiva então não cabe esse papo de computador corrigir provas , alem disso a discriminação acontece 17 anos antes do vestibular e não no vestibular , vamos acordar minha gente !!!!obs) quanto a esta bobagem de que se tiver cotas vai ter isso ou aquilo , ódio racial ( nunca teve no Brasil !? acordada ?! )tal situação e combatida com cadeia e justiça essas ameaças não colam mais a klu klux klan não conseguiu nos usa , não vai ser aqui que profecias baratas vão colar.quantos aos descontentes so resta gritar bobagens pois as cotas chegaram, para ficar. -->

Carlos Gama (Outros - - ) 28/03/2008 - 10:36
Quando o senhor Davi Silva afirma que a Lei de Cotas só terá dois efeitos, está equivocado. Faltou lembrar o seu principal objetivo, que é demagógico eleiçoeiro, mantendo a maior parcela dos eleitores inconseqüentes de "rabo preso" e os aproveitadores de ocasião no poder, pouco se importando com o resultado negativo de suas "manobras". -->
Davi Silva (Funcionário público - - ) 28/03/2008 - 09:50
Essa lei de cotas só terá dois efeitos, criar duas coisas que não existiam no brasil até agora, o ódio racial e a divisão artificial do brasil em "raças". -->

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JARDIM BOTÂNICO ABRE SINDICÂNCIA PARA APURAR SUSPEITA DE RACISMO

Retirado do site G1

27/03/2008 - 11h22
Professora diz que crianças foram impedidas de freqüentar lanchonete.

Segundo diretor do Parque, dona do local diz que demitiu funcionária.
Aluizio Freire Do G1, no Rio


O diretor da prefeitura do Instituto de Pesquisa do Jardim Botânico, Guido Gelli, afirmou que já abriu sindicância interna para investigar suposto ato de racismo ocorrido no dia 11 de março em uma lanchonete que funciona dentro do Jardim Botânico. Duas funcionárias e a dona de uma lanchonete são acusadas de não permitir que dez crianças carentes, com idades entre 10 e 15 anos e com uniforme da Escola Municipal Carmem Corrêa de Carvalho Reis Braz, que funciona em Imbariê, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, ocupassem o local para lanchar.

Os menores estavam acompanhados de uma professora e uma orientadora pedagógica. O caso foi parar na 15ª DP (Gávea) e as três mulheres podem responder por crime de racismo.

Segundo Gelli, as duas lanchonetes no local são terceirizadas e pertencem a mesma dona. A contratação é feita por licitação e já há um edital pronto para a nova escolha das prestadoras de serviço prevista para abril. Ainda segundo Gelli, há uma lanchonete menor e outra maior no parquinho infantil, que é o único local permitido para fazer piqueniques, e consumir produtos trazidos pelos visitantes. Ele afirmou que, segundo a dona das lanchonetes, a funcionária teria sugerido ao grupo para ficar no outro parquinho. Apesar da proprietária não estar no local no momento do fato, ela afirma que empregada já foi despedida. Gelli contou que os funcionários do Centro de Acolhimento do Jardim Botânico se sensibilizaram com as crianças e proporcionaram a elas uma visita guiada em dois carrinhos elétricos pelo parque. Ele garante que as crianças e a professora ficam satisfeitas com atendimento oferecido. “Temos 200 anos de existência e reprovamos qualquer atitude desse tipo. Isso é muito grave. Montamos um processo investigativo para apurar os fatos e apoiamos a ação das autoridades. Possuímos um Núcleo Sócio-ambiental e outro de Educação Ambiental em que trabalhamos em parceria com escolas. Nossa proposta é de inclusão social.”, informou Gelli.

Barrados no lanche
O episódio aconteceu por volta das 10h30 do dia 11 de março, quando as crianças e as educadoras chegaram em um ônibus da prefeitura para o passeio no Jardim Botânico.“São crianças carentes, a maioria negros e filhos de catadores de lixo. Todas estavam com a roupa da escola, mas, algumas, com chinelos de dedo. Pedi que elas se sentassem nos banquinhos que ficam embaixo das árvores enquanto fui ao caixa pagar o lanche. Logo veio uma funcionária expulsando elas dali, de forma agressiva. Uma outra apareceu dizendo que a dona não permitia crianças ali e que deveríamos nos dirigir a outra lanchonete, que fica a um quilômetro daquele local”, contou a professora Stellamaris Adelaide de Freitas Cordeiro.

“Elas não quiseram receber o dinheiro e me ignoraram completamente.”

Auto-estima
“Essas crianças estão na 2ª série do ensino fundamental. Muito abaixo do desempenho esperado. Organizamos esse passeio pedagógico para resgatar a auto-estima delas, que não conhecem nem o centro de Caxias. E acabamos passando por esse constrangimento”, disse Stellamaris ao sair da delegacia, na quarta-feira (26), acompanhada de um representante do Conselho Tutelar da Zona Sul, Heber Bôscoli, que também repudiou a atitude das duas funcionárias e da dona do estabelecimento.
O delegado Fábio Cardoso já intimou as três para prestarem depoimento e registrou o caso como crime de racismo. Stellamaris também fez um registro da ocorrência no livro do Centro de Visitantes do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico. A professora, que pretende entrar com ação na Justiça por reparação de danos, disse que só pôde comparecer à delegacia nesta quarta-feira por que queria preservar as crianças e ter a aprovação dos pais.

CURSO DE CAPACITAÇÃO: QUESITO COR

Recebido por email e divulgando.

O curso sobre "Quesito Cor" é uma iniciativa da Prefeitura Municipal de Araraquara através da Assessoria Especial de Promoção da Igualdade Racial da Prefeitura Municipal de Araraquara em Parceria com a UNESP - Universidade Estadual Paulista através do NUPE - Núcleo Negro da UNESP para Pesquisa e Extensão que trabalha com pesquisa e formação sobre relações raciais no Brasil.
O curso pretende proporcionar uma formação básica sobre relações raciais no Brasil, proporcionando o debate de questões relativas ao racismo, à violência por ele produzida, bem como as estratégias para combatê-lo. Dentro desta proposta discutiremos projetos de ações afirmativas construídas no Brasil; o papel do movimento social negro; a visibilidade da população negra em Araraquara.
CORPO DOCENTEProf. Dr. Dagoberto José Fonseca; Sra. Priscila Elisabete da Silva – NUPE/CLADIN/ UNESP; Sra. Érika Tonelli de Araújo - NUPE/CLADIN/ UNESP.


PROGRAMA:
Módulo 01 – Políticas Públicas destinada aos afro-descendentes;
Módulo 02 – Racismo, Discriminação, Preconceito e outros conceitos;
Módulo 03 – Relações Raciais no BRASIL;
Módulo 04 – Políticas Públicas e Ações Afirmativas (Cultura, Educação e Racismo);
Módulo 05 – Gênero, Etnia e Saúde da População Negra;
Módulo 06 – Negro no mercado de Trabalho;
Módulo 07 - Racismo, Violência e Criminalização;
Módulo 08 – AVALIAÇÃO.

INSCRIÇÕES ATÉ DIA 02 DE ABRIL : Centro de Referência AFRO da Prefeitura de Araraquara
Avenida Duque de Caxias, 660 – Centro - Araraquara/SP - Tel.: (16) 3322 - 8316.
Washington Lucio Andrade
Assessoria Especial de Promoção da Igualdade Racial da Prefeitura de Araraquara

Centro de Referência AFRO da Prefeitura de Araraquara
Av. Duque de Caxias, 660 - CentroCep.: 14801-120 - Araraquara - SP
Tel.: (16) 33228316E-mail:
aepir@hotmail. com / aepir@araraquara. sp.gov.br
Site: www.araraquara. sp.gov.br

SEMINÁRIO PROMOÇÃO IGUALDADE RACIAL NA CAMARÂ DOS DEPUTADOS FEDERAIS

Recebido por email e divulgando. É bom ficarmos atentos.

A Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados Federal, aprovou requerimento apresentado pela Associação Nacional dos Advogados Afrodescendentes, requestando a realização do I Seminário de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
Assim, levo ao conhecimento de todos(as) que o I Seminário de Políticas de Promoção da Igualdade Racial se realizará no auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados, nos dias 7 e 8 de maio de 2008, congregando parlamentares de diferentes partidos, pesquisadores e profissionais da Carreira Jurídica, acadêmicos e representantes de organizações do movimento Social Negro para uma ampla reflexão e avaliação de políticas públicas que conduzam efetivamente à sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos que consta do preâmbulo de nossa Cosntituição.

Informações:nas Comissões de Legislação participativa tel: (61) 3216-6700/6690 e-mail:clp@camara. gov.br, Comissão de Direitos Humanos

tel: (61) 3216-6700/6690 e-mail:cdh@camara. gov.br ou
ANAAD TEL: (71) 3329-9385 e-mail: faleconosco@ anaad.org. br

INSCRIÇÃO DE ARTIGOS EM LIVRO SOBRE QUESTÕES RACIAIS NA LITERATURA BRASILEIRA

Revista Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea
Dossiê: Questões raciais na literatura brasileira contemporânea
A revista Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea está recebendo artigos e resenhas para a edição de julho de 2008 . Avaliada pelo QualisCAPES como A Nacional para a área de Letras, a revista – publicada pelo Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea da Universidade de Brasília – tem o compromisso de fomentar o debate crítico sobre a literatura contemporânea produzida no Brasil, em suas diferentes manifestações, a partir dos mais diversos enfoques teóricos e metodológicos, com abertura para o diálogo com outras literaturas, em especial da América Latina.
O número 31 trará um dossiê sobre “ questões raciais na literatura brasileira contemporânea”. Serão avaliados tanto artigos que consistam em leituras de narrativas e poesias, a partir do enfoque proposto, quanto textos teóricos que discutam as questões raciais na sua intersecção com a literatura, além de leitura comparada com textos de outras nacionalidades ou outras épocas. Textos que contemplem os contatos entre as discussões sobre questões raciais com questões de gênero, classe e sexualidade também serão bem recebidos.
A revista conta também com uma seção de tema livre, onde são publicados artigos de diversas abordagens sobre a literatura brasileira contemporânea. Há ainda espaço para resenhas de obras de ficção, poesia, crítica literária e teoria literária publicadas nos últimos 24 meses.
O prazo final para o envio de artigos e resenhas é 9 de maio de 2008. Normas para publicação :
Os artigos devem ser encaminhados em arquivo formato DOC ou RTF, em Times New Roman, fonte 12, espaço 1,5. As informações bibliográficas devem ser dadas, de modo reduzido (nome do autor, título do livro e número da página), em notas de rodapé. A bibliografia completa deve constar no final do texto, obedecendo às normas da ABNT. É necessário incluir um resumo, um abstract, três ou quatro palavras-chave e algumas linhas com os dados do autor, incluindo um e-mail que possa ser divulgado e o endereço postal para onde deverão ser encaminhados três exemplares da revista, caso o texto venha a ser publicado.
As resenhas, sobre literatura ou textos teóricos, não devem exceder cinco páginas.
Os trabalhos não solicitados serão encaminhados a pareceristas, mantido o anonimato mútuo.
Os artigos e resenhas devem ser enviados para: estudos@unb. br

LANÇAMENTO EM RECIFE DE LIVRO SOBRE RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NA ESCOLA

Retirado do site da Ação Educativa

Publicação é resultado de pesquisa realizada em escolas de São Paulo, Belo Horizonte e Salvador e tem como objetivo contribuir para o aprimoramento das políticas públicas relacionadas ao tema.
Em 31 de março, será lançada em Recife a obra “Igualdade das relações étnico-raciais na escola – Possibilidades e desafios para a implementação da Lei 10.639/2003”. A publicação é resultado de consulta sobre o tema e foi realizada em escolas públicas de São Paulo, Salvador e Belo Horizonte.
A intenção foi ouvir a comunidade escolar e reconhecê-la como sujeito de direitos, de forma a contribuir para o aprimoramento das políticas públicas relacionadas ao tema.
O livro já foi lançado em São Paulo e Salvador e será apresentado em Belo Horizonte, Brasília, na Conferência Nacional de Educação Básica, e durante o V Congresso Nacional de Pesquisadores Negros. ”Houve um retorno muito positivo. As pessoas estão procurando a obra para utilizá-la como consulta em pesquisas”, destaca Tânia Portella, assessora do Programa Pesquisa e Ação Política, da Ação Educativa. As publicações são distribuídas a pesquisadores, organizações parceiras e sujeitos com condições de elaborar políticas públicas.
A consulta nacional é resultado de uma parceria entre a Ação Educativa, Ceafro (Educação e Profissionalização para Igualdade Racial e de Gênero), CEERT (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades), e MIEIB (Movimento Interfóruns de Educação Infantil no Brasil). “O objetivo do programa é ter uma percepção das relações raciais na escola e, com isso, influenciar políticas públicas relacionadas à temática da eqüidade social”, completa Tânia. Participaram da consulta um total de 15 escolas, cinco de cada uma das três cidades, de educação infantil e ensino fundamental da rede municipal de ensino.

ESTUDANTES ENTRAM COM AÇÃO CONTRA A XEROX

Muito interessante esta notícia, principalemente por causa do comentário bastante instigante do advogado Humberto Adami. O email original está na lista Discriminacaoracial mensagem 39928
A notícia foi originalmente publicada na agência de notícias Brasil de Fato.
Em Fevereiro no Aldeiagriot já tinha sido postado uma notícia que eles estavam processando a Xerox. Clique aqui para acessa-lá.

Humberto Adami - Essa ação deve ser acompanhada de perto, por ser muito interessante oassunto que nela se discute. Em caso de falência da filial brasileira, matriz internacional pode edeve ser incluída na solidariedade patrimonial. Ou até valer-se de grupos afro-norte-americanos para chegar até a central de poder das multi-nacionais. A tentativa de envolver a ong brasileira não passa de cortina de fumaça. Essa é a primeira tentativa de se questionar a responsabilidade socialque tenho notícia. Vale a pena acompanhar e saber quem é o advogado que está levando o trabalho á frente.

Estudantes entram com ação contra a transnacional Xerox
por jpereira — Última modificação 26/03/2008 14:49
Empresa interrompe pela metade programa de"responsabilidade social" voltado para afrodescendentes; 16 processam> > > 26/03/2008> > > > Dafne Melo
> da Redação
> > > Em 2003, os estudantes Alexandra Campos e Flávio Lemos estavamentre os 20 jovens negros selecionados, em São Paulo, para o projetoAfro Ascendentes, do Instituto Xerox, braço da empresa criado em 1996para realizar ações de responsabilidade social.
> O projeto tinha como objetivo garantir o ingresso de 40 estudantes(metade na cidade de São Paulo, metade no Rio de Janeiro) no ensinosuperior público ou privado, pagando um curso pré-vestibular e, sepreciso, as mensalidades universitárias. O programa, que tinha duraçãoprevista para 7 anos, também assegurava ticket-alimentaçã o, valetransporte, seguro de vida e uma ajuda de custo no valor de 200 reaispara cada participante; prometia, também, um computador com acesso àinternet para cada um e um curso de inglês. Além disso, prometiaassistência médica, odontológica e psicológica até seis meses após otérmino da graduação.
> Para gerir o programa, contaram com duas ONGs: o Instituto Geledés,em São Paulo, e o Centro Integrado de Estudos e Programas deDesenvolvimento Sustentável (Cieds), no RJ. A seleção incluía provasde redação, análise de histórico escolar e entrevistas com oscandidatos.
> No decorrer do progama, entretanto, os estudantes começaram aenxergar algumas falhas. "Não recebemos computador nenhum, só depoisde muita insistência nos deram umas máquinas velhas que nem internetpodiam ter", conta Flávio Lemos. O cursinho pré-vestibular e de inglêsforam ministrados nas próprias ONGs, por profissionais contratados."Os cursos duravam todo o dia, das 8h às 20h e por isso, muitosdeixaram seus trabalhos. Inclusive, uma das demandas para participardo programa era a de que não podíamos trabalhar", explica Flávio.
> > > O corte
> Em 2004, Alexandra ingressou no curso de Comunicação em Multimeiosna Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC) e as despesasforam pagas pelo programa, conforme combinado. Esse foi o caso deoutros estudantes que ingressaram em outras universidades privadas. Apartir de 2005, entretanto, os estudantes começaram, sem explicações,a perder alguns benefícios. "Cortaram vale-transporte de alguns, semexplicação, e aí sentíamos que a qualquer momento iam deixar oprojeto", relembra Alexandra.
> No final daquele mesmo ano, a estudante ainda recorda de outro fatocurioso: "A empresa pagou para os 20 participantes de São Paulo irematé o Rio de Janeiro, encontrar os participantes de lá. Distribuíramcamisetas da Xerox e pediram para que nós gravássemos um vídeo parafalar da empresa e do projeto. A maior parte das pessoas não aceitoufazer o vídeo e o clima piorou ainda mais a partir daí". No anoseguinte, a empresa decidiu cortar o projeto.
> "Quem nos comunicou, primeiro, foi o Geledés. Nos explicaram que aempresa não ia mais financiar o projeto, e aí pedimos então para falarcom os responsáveis da Xerox. Foi um funcionário falar conosco e eleapenas disse que a empresa estava entrando em falência e, por isso,cortou o programa", conta Flávio.
> Na época, os estudantes que estavam em universidades privadasbuscaran outras alternativas para continuar os estudos via bolsas daprópria instituição ou pelo Programa Universidade para Todos (ProUni)."Tive a sorte de conseguir bolsa 100%, mas muitos colegas, não", dizAlexandra. Flávio foi um desses. Ingressante no curso de direito daFaculdade de Direito de São Bernardo do Campo, Flávio não pode pagarpelas despesas e, hoje, sofre processo da Faculdade, que exige opagamento da dívida.
> > > Ação
> Após o fim do programa, alguns estudantes decidiram entrar com umaação contra a empresa, por danos morais. "Não queremos apenas receberdinheiro para continuar os estudos e pagar as dívidas, mas discutirtambém essa questão da responsabilidade social. Essas empresas nãopodem fazer isso como bem entendem", protesta Flávio, que conta quetem pesquisado sobre o tema nos últimos meses. "As empresas querem,obviamente, é fazer marketing com isso. O poder público tinha queestar mais atento a esses casos", opina o estudante.
> Alexandra conta que quatro dos 20 estudantes participantes optarampor não mover a ação conjuntamente com os outros por receio de atingira ONG Geledés que, na visão deles, pode ser prejudicada no processo,embora fosse apenas a gestora do projeto, ou seja, não arcavafinanceiramente com os cutos, o que era feito pela Xerox.
> Uma primeira audiência conciliatória ocorreu dia 10 de março, semnenhum acordo entre a Xerox e os 16 estudantes. "O advogado da empresasequer tinha conhecimento que a ação era movida por 16 pessoas e semostrou surpreso quanto a isso. E repetiu a justificativa de que aempresa está em falência, com os ganhos caindo, e resolveu cortar oprograma", conta Alexandra, que esteve presente na audiência. Agora,cabe ao juíz da 16º Vara Civel de SP dar andamento ao processo.
> A reportagem do Brasil de Fato entrou em contato com a Geledés e aXerox. A primeira, não respondeu. Já a Xerox, por meio da assessora deimprensa Fabrícia Rosa, afirmou que as informações dadas pelosestudantes estavam equivocadas e que "a Xerox cumpriu com suasobrigações contratuais com a Geledés". Afirmou ainda que o projeto nãoincluía o pagamento de mensalidades de universidades privadas. "Oprograma visava o ingresso de estudantes na universidade pública",enfatizou Fabrícia. A informação, entretanto, entra em contradição coma informação dada pelos estudantes. "A proposta era entrar eminstituições de excelência, não necessariamente públicas", rebateFlávio.

MUMIA ABU-JAMAL TEM PENA DE MORTE CANCELADA

Recebido por email e divulgando com grande felicidade. Para saber mais sobre Mumia clique aqui.

Após 26 anos no corredor da morte, Mumia Abu-Jamal consegue reverter sentença por matar policial branco
Agências internacionais

http://www.youtube. com/watch? v=KRGFZ1eLJO4
http://www.youtube. com/watch? v=Ri4hKUR_ QgQ
http://www.youtube. com/watch? v=va8cp-VQCRQ

WASHINGTON - Uma corte de apelações norte-americana de âmbito federal anulou nesta quinta-feira, 27, a condenação à morte de uma figura emblemática da luta internacional contra a pena de morte, Mumia Abu-Jamal. Apesar disso, a corte confirmou a culpa de Abu-Jamal no assassinato de um policial em 1982.


A corte resolveu que o ex-militante dos Panteras Negras, um partido negro revolucionário norte-americano fundado na Califórnia em 1966, deverá passar por uma nova audiência devido a errsnas instruções aos jurados. Se os promotores não concederem nova audiência sua sentença será automaticamente transformada em prisão perpétua.

Abu-Jamal, um ex-jornalista de rádio de 53 anos, atraiu uma multidão de celebridades e ativistas para sua causa, após 26 anos preso no pavilhão dos condenados à morte. Um júri o declarou culpado em 1982, pelo assassinato do agente de polícia Daniel Faulkner, que prendeu seu irmão por uma infração de trânsito.

Em sua apelação, alegou que o racismo do juiz e dos promotores afetou o veredicto do jurado integrado por uma maioria de brancos. Em 2001, um juiz concedeu a ele uma nova audiência, mas a promotoria apelou.

Centenas de pessoas protestaram diante da corte da Filadélfia. A sala do tribunal estava repleta de estudantes de direito, advogados, familiares do policial morto e de Au-amal.

O erro nas instruções dos jurados se refere a se os membros compreenderam como levar em conta as circunstâncias atenuantes que pudessem evitar a pena de morte. Os jurados poderiam pensar que deveriam aceitar as circunstâncias atenuantes por unanimidade, algo que a lei não exige, disse o tribunal de apelações.

AS GRANDES DA NET TENTAM LUCRAR COM AS REDES DE RELACIONAMENTO

Retirado do Observatório da Imprensa. Muito interessante a reflexão. Vale a postagem na íntegra.

REDES DE RELACIONAMENTO
Por toda parte e em lugar nenhum
Por The Economist em 25/3/2008
Reproduzido do
The Economist, 19/03/08; tradução de Jô Amado

Na expectativa de se tornar mais forte na área da publicidade online, uma empresa de tecnologia – grande, mas ainda incipiente – compra uma pequena empresa recém-lançada num setor em que, todo mundo concorda, será a próxima grande jogada. Há dez anos, a Microsoft comprava a Hotmail – a empresa que tornou o correio eletrônico obrigatório para os usuários de internet prometendo criar visitas às páginas e, portanto, armazenar listas de anunciantes nos sites do gigante de software. Este mês foi a vez da AOL, um portal da web que enfrenta dificuldades e faz parte da Time Warner, gigante da mídia tradicional, comprar a
Bebo, uma rede social online pequena, mas crescente, por 850 milhões de dólares.
Ambos os negócios, em suas respectivas décadas, refletem um grande paradoxo da internet na medida em que a premissa que lhes está implícita é, precisamente, metade certa e metade errada. A metade correta é a de que uma próxima "grande jogada" – correio eletrônico, no primeiro caso, e agora, as redes de relacionamento – pode, efetivamente, tornar-se rapidamente algo que os consumidores esperam de seu portal preferido. A conclusão que não é lógica é a de presumir que o novo serviço seja por si só um negócio lucrativo.
O correio eletrônico, com certeza, não se tornou um negócio. Mesmo reconhecendo que Google, Microsoft, Yahoo!, AOL e outros provedores de contas de webmail inserem anúncios em suas ofertas de e-mail gratuito, ainda assim é café pequeno. Eles oferecem e-mail – e uma parafernália de estoques de arquivos inimaginável dez anos atrás – porque o serviço, incluindo a lista de endereços dos associados, agenda e outras ferramentas, não é caro para entregar e mantém os consumidores ocupados com suas marcas e sites, aumentando a possibilidade dos usuários visitarem páginas associadas, nas quais a publicidade é mais eficaz.
Um "trabalho ruim"
Com as redes de relacionamento parece ocorrer algo semelhante. Grandes empresas da internet e da mídia puxaram para cima os valores implícitos de
MySpace, Facebook e outros. Isso, entretanto, não significa que exista um modelo lucrativo funcionando. Sergey Brin, co-fundador do Google, reconheceu recentemente que "a lista de redes de relacionamento do Google, como um todo" estava se revelando problemática e que "a conversão do trabalho em dinheiro que vimos fazendo não vem filtrando tão bem quanto esperávamos". O Google tem um acordo contratual com a News Corporation para colocar anúncios em sua rede MySpace e também possui sua própria rede, o Orkut. É evidente nenhuma das duas está sendo lucrativa para o Google.
Para a Facebook, atualmente aliada da Microsoft, foi ainda pior. Sua vigorosa tentativa de redefinir a indústria publicitária criando um novo tipo de abordagem ao mercado social, o Beacon, foi um fracasso completo. A idéia da Facebook era informar os amigos de um usuário, sempre que ele comprasse alguma coisa de determinados vendedores online, inserindo um pequeno anúncio nos news feeds desses amigos. Teoricamente, isso deveria tornar-se uma nova recomendação, uma forma em algoritmos da palavra falada. Na prática, os usuários se revoltaram e os guardiões da privacidade berraram. Mark Zuckerberg, o fundador da Facebook, reconheceu, em dezembro de 2007, que "fizemos um trabalho ruim com esse lançamento" e pediu desculpas.
Contas separadas
Portanto, é inteiramente concebível que as redes de relacionamento, como o correio eletrônico, jamais rendam rios de dinheiro. Isso, no entanto, não tira, de forma alguma, sua enorme utilidade. As redes de relacionamento tornaram explícitas as conexões entre as pessoas, de forma a que um próspero ecossistema de pequenos programas possa explorar esse "gráfico social" e possibilitar a interação entre amigos através de jogos, saudações, videoclipes etc.
Mas será que os usuários ainda teriam que visitar um site específico para fazer esse tipo de coisa? "Nós ainda olharemos para trás, para 2008, e pensaremos que era arcaico e esquisito ter que ir a um portal como Facebook ou
LinkedIn para ser social", diz Charlene Li, da Forrester Research, uma consultoria. As redes de relacionamento do futuro, em sua opinião, "serão como ar; estarão por toda parte e qualquer lugar que as necessitemos e queiramos que estejam". Nada de ter que se conectar à Facebook apenas para ver a atualização de news feed de seus amigos; em vez disso, a mensagem virá diretamente para sua caixa postal ou MSN. Nada de encher a Facebook de fotos para mostrar aos amigos, uma vez que estes, com permissão privada de seu endereço eletrônico, poderão automaticamente acessá-las.
O problema com as atuais redes de relacionamento é que muitas vezes elas são fechadas à rede externa. As grandes redes decidiram ficar "abertas" para programadores independentes, para incentivá-los a criarem para elas softwares divertidos. Mas resistem a ser igualmente abertas em relação a seus usuários porque o valor alto da rede depende da maximização das visitas a suas páginas – por isso, mantêm um controle rigoroso na informação passada a seus usuários, de forma a garantir que continuem voltando. Em conseqüência disso, os usuários ávidos de internet mantêm contas separadas em várias redes de relacionamento, serviços de mensagens instantâneas, fotos compartilhadas e sites de blogs – e normalmente nem conseguem enviar mensagens simples, de um para o outro. Têm que convidar os mesmos amigos para cada serviço, em separado. É duro.
Um e-mail avançado
Do ponto de vista histórico, a tendência da mídia online é começar dessa maneira. Os primeiros serviços, como CompuServe, Prodigy ou AOL, começaram como "jardins murados" antes de se abrirem e se tornarem portais. Os primeiros serviços de correio eletrônico só podiam enviar mensagens para dentro de seus próprios muros (mais ou menos como funcionam hoje os serviços de mensagens da Facebook). Também as mensagens instantâneas começaram por ser fechadas, porém estão progressivamente se abrindo.
Nas redes de relacionamento, essa evolução está apenas começando. Alguns setores da indústria estão colaborando com um "grupo de trabalho de informações portáteis", com o objetivo de permitir que as pessoas desloquem as listas de seus amigos, assim como outras informações, através da rede. Outros estão elaborando o OpenID, um projeto para criar um único sistema de registro de identificação que as pessoas possam utilizar em vários sites.
A abertura das redes de relacionamento poderá acelerar-se graças à mais antiga "grande jogada", o correio eletrônico. Enquanto tecnologia, o e-mail aparentemente tornou-se obsoleto. Mas o Google, o Yahoo!, a Microsoft e outras empresas estão descobrindo que talvez já possam ter a infra-estrutura ideal para redes de relacionamento na forma de listas de endereços, caixas de entrada e agendas de seus usuários. "Num sentido mais abrangente, o e-mail é a mais importante rede de relacionamento", diz David Ascher, gerente da
Thunderbird, da Mozilla Foundation, que desenvolveu um software aberto e extremamente avançado para correio eletrônico e também emprega o conhecido browser Firefox.
Íntimo e discreto
Isso porque a caixa de entrada ampliada contém informações inestimáveis, e dinamicamente atualizadas, sobre as conexões humanas. No Facebook, um gráfico social perde a eficácia e evidentemente se deteriora após a excitação inicial de reencontrar velhos amigos da escola. Já no caso de uma conta de e-mail, existe o acesso a toda a lista de endereços e é possível deduzir informação sobre a freqüência e intensidade do contato à medida em que ele ocorre. Joe recebe e-mails de Jack e Jane, mas só abre o de Jane; Joe tem Jane em sua agenda para amanhã e está lhe enviando uma mensagem instantânea neste momento; Joe anota Jack como "só trabalho" em sua lista de endereços. Talvez as fotos de Joe sejam acessíveis para Jane, mas não para Jack.
Este tipo de inteligência social pode ser aplicado em muitos serviços na rede aberta. Melhor ainda: caso não haja pressão para torná-lo um negócio, pode continuar sendo íntimo e discreto. A Facebook tem um incentivo econômico para publicar cada vez mais informação sobre seus usuários, diz David Ascher, enquanto a Thunderbird, que é um projeto de fonte aberta, permite aos usuários minimizarem aquilo que compartilham. As redes de relacionamento poderão acabar estando em toda parte – e talvez em lugar nenhum.

INTERNET E OS NOVOS "FORMADORES DE OPINIÃO

Retirado do site do Observatório da Imprensa. Artigo interessante que vale a pena ser postado na íntegra.

ANO 12 - Nº 476
INCLUSÃO DIGITAL"
Por Venício A. de Lima em 11/3/2008

São muitas as explicações que tentam dar conta das mudanças importantes que estamos assistindo na capacidade de influência direta da grande mídia na percepção política e no comportamento eleitoral da população brasileira. Depois da primeira eleição presidencial após o período autoritário, realizada em 1989, pesquisas de opinião vêm registrando um lento – às vezes contraditório, mas sempre progressivo – descolamento da opinião dominante na grande mídia da opinião da maioria da população. Esse fato coloca em questão, por exemplo, o poder dos "formadores de opinião" tradicionais e tem obrigado analistas e ideólogos a verdadeiros malabarismos teórico-explicativos.
Em tempos de tantas inovações tecnológicas, um dos fatores que certamente tem contribuído para essas mudanças é o crescimento avassalador do acesso de nossa população à internet, um meio de comunicação com características radicalmente distintas da velha comunicação de massa: interatividade versus unidirecionalidade.
Registre-se que o aumento da renda e avanços importantes na escolaridade de camadas significativas da população são pressupostos para que cresça o acesso à internet. E esses pressupostos estão, de fato, ocorrendo (ver, neste Observatório, "
TSE & Escolaridade do eleitor: Obra-prima do jornalismo apressado").
Há de se considerar também que a inclusão digital é uma área onde as políticas públicas têm sido efetivas e têm provocado resultados positivos. Exemplos conhecidos são o programa "Computador para Todos" e os telecentros dos "Pontos de Cultura". Em 2007, pela primeira vez, a venda de computadores (10,5 milhões de unidades) ultrapassou o total de aparelhos de televisão comercializados no país.
Classe C plugada
Os últimos dados conhecidos sobre o avanço da internet no conjunto da população brasileira são realmente impressionantes.
Em dezembro de 2006, o Ibope/NetRatings
divulgou informações referentes ao terceiro trimestre de 2007 que davam conta de que 39 milhões de brasileiros, acima de 15 anos, tinham acesso permanente à internet em diferentes ambientes – residência, trabalho, escola, cybercafé, bibliotecas, telecentros etc. Esse número significava um aumento de 21% em relação ao mesmo período de 2006.
Há poucos dias, a Associação de Mídia Interativa (IAB Brasil) revelou que 40 milhões de brasileiros já tinham acesso à internet e que a estimativa para dezembro de 2008 é de que o número chegará a 45 milhões – o que representa um crescimento de 15% em relação ao ano de 2007. Segundo Paulo Castro, presidente do IAB Brasil, "esse crescimento (...) consolida a internet como a segunda maior mídia de massa do país". A primeira é a televisão (
ver aqui).
Há, no entanto, um dado ainda mais interessante: quem são os brasileiros que acessam a internet? De acordo com o IAB Brasil, 37% dos internautas no ano passado eram da classe C. Cinqüenta por cento eram das classes A e B e 13% das classes D e E. Em 2008, a expectativa é que o segmento da classe C alcance 40%.
Multiplicação capilar
Para muitos observadores e analistas de mídia, a penetração impressionante da internet na população brasileira é um dado da realidade que ainda não foi totalmente "digerido" e compreendido em todas as suas dimensões. Esse crescimento, por exemplo, ocorre simultaneamente a uma relativa estagnação da mídia impressa (à exceção de algumas revistas populares) e, sobretudo, dos principais jornalões da grande mídia.
Isso significa que, do ponto de vista do poder de influência da grande mídia e, sobretudo, dos seus "formadores de opinião", os dados recentes indicam que algumas hipóteses já avançadas por ocasião da análise dos resultados das eleições de 2006 parecem se confirmar.
Parcela importante de nossa população (inclusive da classe C), historicamente excluída do acesso à mídia impressa, estaria hoje em condições de multiplicar as mediações das mensagens recebidas diretamente da internet e por intermédio de suas lideranças (que se utilizam intensamente da internet).
Na medida em que aumenta o acesso a fontes diferentes de informação e também o feixe de relações sociais ao qual o cidadão comum está interligado, diminui o poder de influência que a grande mídia tem de agir diretamente sobre a sua audiência (ouvintes, telespectadores e leitores) e se fortalece a mediação exercida pelas lideranças intermediárias.
Os "formadores de opinião" tradicionais parecem estar sendo paulatinamente substituídos por "líderes de opinião" locais que se utilizam cada vez mais da internet onde, inegavelmente, existe mais diversidade e pluralidade na informação.
O atual sucesso de alguns blogs em amplas camadas da população – e a capacidade incrível de multiplicação capilar de informações e análises – certamente é uma das conseqüências mais visíveis desse auspicioso processo.
Que assim seja!

O BRASIL NÃO É O ÚNICO PAÍS DO CARNAVAL

Retirado do site da Secretária de Comunicação da UNB.

01/ 02/ 2008 - SOCIEDADE
Rodolfo BorgesDa Secretaria de Comunicação da UnB
Roberto Fleury/UnB Agência


O carnaval brasileiro ganha em proporções cada vez maiores com o passar dos anos, mas paga um preço caro pela própria industrialização. De acordo com o professor José Jorge de Carvalho, do Departamento de Antropologia (DAN) da Universidade de Brasília (UnB), a festa que ganhou fama internacional no Brasil não apenas se desvinculou do seu caráter sagrado, como vem perdendo características e elementos que a definiam há até algum tempo. “Em alguns sentidos, o carnaval de Barranquilha, na Colômbia, entre outros, é mais rico que o brasileiro, pois é esteticamente mais diverso, e preserva o grotesco, que é um elemento fundamental do carnaval”, considera o professor.
“Outro elemento central é a permissão para burlar os poderosos. Além disso, o carnaval também tem um caráter escatológico, de impureza, cheio de excrementos”, destaca. Segundo o antropólogo, a ausência desses elementos no carnaval brasileiro explica-se pela maneira ostensiva como a indústria do entretenimento se apropriou da festa no país. “Para mim, o ponto de ruptura do carnaval brasileiro é a década de 1970, quando surgem as telenovelas da Rede Globo. Na época, descobriu-se a possibilidade de um novo tipo de lucro, que extrapolava o lucro da festa”, esclarece o professor.
Por serem transmitidas pela televisão, as festas do Rio de Janeiro e de Salvador, principalmente, precisam seguir uma ordem que conflita com o próprio significado da data. “O carnaval brasileiro está ficando controlado, ele não permite mais muitos exageros”, lamenta. Carvalho garante, contudo, que a maioria das festas que acontecem durante esse período do ano no Brasil preserva seu caráter comunitário. Na entrevista abaixo, o professor ainda comenta a proposta de se estabelecer uma data fixa para o carnaval, e afirma que não se pode culpar a festa por adiar o início do ano político no Brasil. “Para afirmar algo do tipo, é preciso considerar que a administração pública funciona de março a dezembro”, lembra.
Roberto Fleury/UnB Agência

“Há uma certa monotonia nos carnavais do Rio e de Salvador. Os festejos de outros países têm muita invenção, muita criatividade e muita ousadia.”UnB AGÊNCIA – O senhor considera que o carnaval perdeu a essência ao longo do tempo?
JOSÉ JORGE DE CARVALHO – O carnaval mudou de sentido. Ele era muito mais ligado a um ciclo sagrado, fazia parte das saturnálias romanas, em que as pessoas se livravam um pouco do peso dos deuses. Durante o carnaval, era possível sacudir o lado cruel dos deuses e brincar com tudo, fazer palhaçadas com as próprias divindades. O carnaval de que nós falamos hoje é cristão. Quando o cristianismo surge, ele recupera aquele período das festas romanas e o inclui dentro do calendário sagrado. É um momento de descontração, de inversão do mundo. A diferença é que, antigamente, depois da festa, todo mundo voltava para a contrição, para uma devoção própria do calendário litúrgico dos santos. Na Idade Média, ocorria dessa forma. O carnaval está vazio de sentido, porque a parte sagrada é cada vez menos presente. Ele virou mais uma festa do que parte do calendário católico – tanto que a maioria das pessoas não vai à missa na quarta-feira de cinzas.

UnB AGÊNCIA – Com a liberdade – até mesmo sexual – que existe atualmente, faz sentido a manutenção de um período como o carnaval, tido como uma festa que permite a liberação de todo tipo de comportamento?
CARVALHO – Até certo ponto, a data perde nesse sentido. Mas continua existindo a diferença. De qualquer forma, fora do carnaval, a sexualidade é mais contida. A repressão sexual continua sendo alta. Existe uma ilusão de que se pode tudo, mas é o que o Marcuse chamava de “dessublimação repressiva”: você expõe mais o corpo, mas surgem outros códigos para escondê-lo. Pode haver outras festas, mas o cotidiano é mais reprimido. Hoje, talvez, haja uma descontração sexual maior em comparação com o século 19. Aos nossos olhos, o entrudo (termo que designa o carnaval daquela época) era pouco libertino quando comparado ao cotidiano, mas, para as pessoas da época, era muito liberal. Sempre existiu uma diferença de intensidade entre o carnaval e o resto do ano.

UnB AGÊNCIA – O carnaval atrapalha o país por postergar o início do ano para depois de fevereiro?
CARVALHO – No caso da política, é possível considerar que sim. Mas é difícil dizer que atrapalha. Para afirmar algo do tipo, é preciso considerar que a administração pública funciona de março a dezembro. E, durante o ano passado, por exemplo, ela não funcionou por causa das crises que envolveram o mensalão e o senador Renan Calheiros. Não é por causa do carnaval que as coisas não acontecem.

UnB AGÊNCIA – Por que a base sagrada do carnaval se enfraqueceu?
CARVALHO – Nós estamos em um momento em que as sociedades tornaram-se totalmente dessacralizadas. Antigamente, para todas as sociedades do mundo, o tempo era sagrado, e, dentro dele, havia momentos de devoção e de inversão (festas carnavalescas, dionisíacas, entre outras). Só muito recentemente, com o surgimento das sociedades industriais do século 19, o calendário cristão começou a cair no mundo ocidental, e o capital tomou o seu lugar. As leis que o Estado formula estão relacionadas com a produção (isso é bem ilustrado pela criação do sábado e do domingo e pelas horas diárias de trabalho). O capital foi regendo a produção e passou a atuar também em relação ao lazer, aos momentos em que as pessoas não estão trabalhando. O carnaval do século 20 está imerso nessa lógica industrial.
Roberto Fleury/UnB Agência

“Considerando que a festa já está desconectada de sua base sagrada, marcar um dia específico não mudaria muito”UnB AGÊNCIA – Em que essa situação alterou a festa?
CARVALHO – O carnaval era um espetáculo que a comunidade controlava. Agora, as indústrias do turismo e do entretenimento dão a pauta de como vai ser a festa, pois ela não existe mais só para entreter a comunidade que a prepara, mas quem vem de fora também. O século 20 foi marcado pelo voyeurismo do carnaval. O espectador consume o gozo do outro – daquele que está na festa – através do olhar. O carnaval vai se encaixando numa lógica laica e, ao invés de se conservar como o momento de descanso que representava, vira uma grande indústria, uma grande produção. É o contrário do seu sentido sagrado, de acordo com o qual ele seria o momento da não-produção, do relaxamento.

UnB AGÊNCIA – Por que o carnaval tomou uma proporção tão grande no Brasil?
CARVALHO – Foi exatamente por causa da indústria do entretenimento. No Brasil, essa indústria teve características muito particulares ao longo do século 20. Não é apenas aqui que o carnaval tem uma importância grande. Trinidad e Tobago tem um carnaval tão ou mais espetacular do que o nosso. O Haiti possui uma festa extraordinária, e, na Colômbia, ela é riquíssima. O mesmo pode ser dito de Nova Orleans (Estados Unidos), Nice (França) e Veneza (Itália). O Brasil assumiu esse lugar de destaque em relação ao resto do mundo por causa da concentração dos meios de comunicação no país. Para mim, o ponto de ruptura do carnaval brasileiro é a década de 1970, quando surgem as telenovelas da Rede Globo. Na época, descobriu-se a possibilidade de um novo tipo de lucro, que extrapolava o lucro da festa. Quer dizer, a imagem de atores, cantores e de qualquer pessoa que tenha valor midiático passou a ser vendida como mercadoria. Isso potencializou o espetáculo. Como a população já foi monopolizada em grande medida pelos meios de comunicação e pela publicidade em torno dessas figuras, uniu-se tudo isso, de forma astuta, à festa popular. Hoje, a grande telenovela das televisões é o carnaval.

UnB AGÊNCIA – Quer dizer que o carnaval brasileiro não é melhor do que o de outros países?

CARVALHO – Quanto à diversidade de formas dos blocos, ele realmente não é. Os carnavais carioca e baiano, inclusive, estão ficando monótonos sob esse ponto de vista. Nesse sentido, o carnaval de Barranquilla, na Colômbia, é mais rico do que o brasileiro, pois é esteticamente mais diverso, e preserva o grotesco, que é um componente fundamental do carnaval. Outro elemento central é a permissão para burlar os poderosos. Além disso, o carnaval tem um caráter escatológico, de impureza, cheio de excrementos. A festa brasileira está ficando controlada, não permite mais muitos exageros. Em Barranquilha, o carnaval é muito mais variado do ponto de vista de invenção popular do que o carioca. O mesmo acontece no Haiti, e até no Uruguai, que tem mais variedade musical. Há uma certa monotonia nas folias do Rio e de Salvador. Os festejos de outros países são mais frugais, mas têm muita invenção, muita criatividade e muita ousadia. O nosso está ficando menos ousado, porque vai passar pela televisão. Depois do carnaval, os personagens que participaram dele vão fazer publicidade de cerveja, xampu, roupa, sapato, carro. Então, eles não podem aparecer com o seu lado grotesco. Isto é, aqui, os travestis participam do carnaval, mas só se forem extremamente bonitos, dentro de um padrão eurocêntrico. Um desfile de travestis em Trinidad e Tobago é muito mais escrachado, eles são mais livres para se apresentar.

UnB AGÊNCIA – Então o Brasil não é país do carnaval?
CARVALHO – O Brasil é o país do carnaval da Globo e da Bandeirantes. É o país do carnaval no sentido da sociedade espetáculo. Mas Trinidad e Tobago também é o país do carnaval, assim como o Haiti, a Colômbia e o Uruguai. O Brasil não é o único país do carnaval.

Para ler na íntegra clique aqui.

quarta-feira, 26 de março de 2008

EVENTO UNIVERSIDADE EM MOVIMENTO NA UFRGS

Recebido por email e divulgando

O Fórum de Ações Afirmativas convida a participar das atividades que visibilizam as ações afirmativas na UFRGS dentro da programação das Calouradas 2008 organizadas pelo DCE, que esse ano tem como tema: "Universidade em movimento: autonomia, diversidade e democracia".

Dia 27 de março - Sala 101 FACED – Campus do Centro
10h Debate com Vera Rosane (MNU)
12h Teatro
18h30 Discussão sobre a implementação do Programa de Ações Afirmativas na UFRGS.
Mesa de abertura com movimento negro, indígena e estudantes do Programa de Ações Afirmativas.
Mesa - Debate: Comissões de Acompanhamento, DCE, Assurgs e Fórum de Ações Afirmativas.

Dia 27 e 28 de março – frente à FACED
Feira de artesanato Diversidade na Universidade.

MANISFESTAÇÃO NO RIO DE JANEIRO CONTRA A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

Recebido por email, mas pode o original pode ser acessado na lista de discussão discriminacaoracial - mensagem 39776

Sobre a reunião:
No dia de ontem, 19 de março, às 16 horas, foi realizada reunião, [na sede da CEUB/RJ - Congregação Espírita Umbandista do Brasil, a convite do Babalorixá Paulo Guerreiro D´Oxalá (em conjunto com a CEUB/RJ)], da qual participaram Babalorixás, Yalorixás, Ekedjis, Ogãs, Cambonos, Sambas, Yaos, Filhos, Adeptos e Simpatizantes, além do Vereador Átila Nunes Neto, e da jornalista Adriana Diniz e do fotógrafo do jornal Extra.

A reunião, presidida por Fátima Damas, Diretora do CEUB/RJ, tinha como pauta discutir o tema publicado no domingo, 2ª e 3ª feiras passados ( 16 a 18 de março), no jornal Extra, sobre o fechamento de terreiros de Umbanda e Candomblé em comunidades carentes da cidade do Rio de Janeiro, locais aonde a criminalidade impera.

Segundo o jornal, tal fato passou a ocorrer depois que foi descoberto um pacto entre estes criminosos com pastores de igrejas evangélicas que, em troca por um perdão de Deus, estão exigindo que os mesmos fechem os terreiros destas localidades.

O Vereador Átila Nunes Neto informou sobre a criação do Disque Intolerância Religiosa - 21-2461-0055, com atendimento 24 horas.

O que ficou definido:

Como desdobramento de ações necessárias PELA RELIGIOSIDADE AFRO-BRASILEIRA e CONTRA A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA, ficou confirmado:
1 - que o Vereador Átila Nunes Neto já está agendando audiência com o Secretário de Segurança do Estado do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame. Em função da agenda do Secretário, a audiência poderá ocorrer na próxima 5ª feira – 27 de março;
2 – que uma comissão (que foi tirada na reunião), com representantes da CEUB, IRMAFRO, CETRAB, dentre outras/os (com, em média, 10 pessoas) irá participar da audiência;
3 – na próxima 5ª feira, 27 de março, às 17 horas, o POVO DE SANTO fará uma manifestação nas escadarias da ALERJ, com a finalidade de sensibilizar os Deputados Estaduais para que tomem providências contra a intolerância religiosa e pela absoluta liberdade religiosa, além de chamar a atenção da população para o fato;
4 - Babalorixás, Yalorixás, Ekedjis, Ogãs, Cambonos, Sambas, Yaos, Filhos, Adeptos e Simpatizantes devem ser mobilizadas/ os para o ATO NA ALERJ, levando suas faixas, bandeiras, galhardetes, folders;

5 – TODOS DEVEM ESTAR COM ROUPAS BRANCAS.


Os fatos:

na foto, Pai Renato d´Obaluayê e Mãe Miriam de Oyá, da IRMAFRO
importante clicar sobre a foto, para ver ampliada

Para quem não viu as matérias no jornal, seguem os links:

15 de março
http://extra.globo.com/rio/materias/2008/03/15/bandidos_proibem_manifestacoes_de_umbanda_candomble_expulsam_donos_de_terreiros_dos_morros-426253827.asp
18 de março
http://extra.globo.com/rio/materias/2008/03/18/medo_da_fogueira_da_inquisicao-426284379.asp
matéria sobre o disque-denúncia
http://extra.globo.com/rio/materias/2008/03/18/disque-denuncia_para_atender_casos_de_discriminacao_de_qualquer_credo-426284339.asp
20 de março – de jornal de hoje
http://extra.globo.com/rio/materias/2008/03/20/olheiro_do_morro_do_dende_confirma_intolerancia_religiosa_na_favela-426333235.asp

Para ver mais:
Artigo do Viva Favela sobre intolerância religiosa – 29 de janeiro de 2008
http://aldeiagriot.blogspot.com/2008/01/artigo-do-viva-favela-sobre-intolerncia.html
Texto do CETRAB -
http://www.cetrab.org.br/artigo10.htm

Encontramos um Blog com o título Intolerância Religiosa. No “perfil” não pudemos saber quem faz e de onde é, mas parece interessante:
http://intoleranciareligiosabr.blogspot.com/


Importantes textos de reflexão:

DOGMAS DA IMPRENSA - Intolerância religiosa? E a culpa da mídia?
http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=428FDS003
DOGMAS DA IMPRENSA - Intolerância religiosa? E a culpa da mídia?
http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=297FDS003
IGREJA UNIVERSAL vs. IMPRENSA - Intimidação e má-fé
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=473CID006

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Saudações Negras Feministas!
Ana Maria Felippe - Coordenadora GeralVilma Piedade - Coordenadora de Gênero e Raça

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terça-feira, 25 de março de 2008

A HISTÓRIA SECRETA DA REDE GLOBO - SIM, EU SOU O PODER

Para baixar o livro clique na imagem abaixo. Retirado do Blog DownloadsCopyleft.
Livro de Daniel Heiz
Tamanho: 1,1 Mb

Trata do lado invisível da Rede Globo e as eleições de1982. O papel político e econômico da Rede Globo. Síntese da história da rádiofusão no Brasil . Inclui notas ao pé das páginas e anexos.

Sinopse (retirado do Blog sabotagem.revolt)
Trata-se de um livro raro, difícil de se achar em livrarias, mas que está disponível gratuitamente na internet. Apresentada pelo jornalista Daniel Heiz, como tese de mestrado à Universidade de Brasília em 1983, ”A História Secreta da Rede Globo” aborda o problema da introdução de tecnologias de comunicação no Brasil. O melhor do livro, porém, é a explicação de como a Globo, que foi construída com capital estrangeiro, chegou ao que é. Com um poder tal, que é capaz de fazer presidentes - desde que eles façam acordos que lhe convém. A Globo , se quiser, pode ainda manipular a Bolsa de Valores, interferir nas ações policiais e em CPIs e ainda fazer bandidos e mocinhos. E é óbvio que suas novelas e certos programas de auditório têm sempre o mesmo objetivo: alienar os jovens e destruir a estrutura familar. […]

Outros links sobre o livro:
Blog Contraofensiva
Blog Belfigio.net
Site CentrodeMidiaIndependente
site CulturaBrasil
site FazendoMedia
site Direitoacomunicação