Entrevista: Geraldo Rocha
Da Redação
Colaborou: Carlos Daniel da Costa
Durante a XIII Bienal do Livro – Rio, o professor Geraldo Rocha, coordenador do projeto Camélia do Centro de Articulações de Populações Marginalizadas (Ceap), e o professor Ivanir dos Santos, secretário executivo da mesma instituição, lançaram o livro “Diversidade & ações afirmativas”. A publicação apresenta artigos e ensaios com diferentes pontos de vista de renomados(as) intelectuais sobre ações afirmativas. O professor Geraldo Rocha fala ao Ibase a respeito da publicação.
Ibase – Várias publicações têm sido produzidas sobre ações afirmativas. De que forma o livro lançado se diferencia de outros?
Geraldo Rocha – A diferença é o foco na visibilidade. Dar visibilidade a um conjunto de autores negros que trabalham com temáticas diferentes no campo das ações afirmativas. Quando juntamos oito autores, cada um abordando um aspecto diferente, buscamos o ponto de vista propositivo, não só ficar trabalhando conceituações, significados. Os artigos têm essa função.
Ibase – A publicação reúne artigos e ensaios de renomados(as) intelectuais. Qual foi o critério de seleção?
Geraldo Rocha – Havia aspectos que gostaríamos de qualificar, difundir para a sociedade brasileira. O processo de educação que queremos desenvolver no contexto da Lei 10.639/03; a questão da mulher negra; a questão da religião; o conhecimento da história como elemento fundamental; cotas, diversidade e como trabalhar a diversidade. Há também artigo com embasamento jurídico: como encontramos na área jurídica fundamentação para o desenvolvimento de ações já em andamento e das que virão?
Ibase – Cada artigo reforça o ponto de vista do outro ou são visões diferenciadas sobre o mesmo tema?
Geraldo Rocha – Na verdade, o livro como um todo é voltado para a valorização das ações afirmativas. Esse foi um pré-requisito. Nós queremos que a sociedade entenda a relevância das ações afirmativas.
Ibase – Quando falamos sobre ações afirmativas, costumamos pensar apenas nas cotas. Mas elas vão além disso...
Geraldo Rocha – Seriam necessárias ações afirmativas em todos os espaços onde vemos a comunidade negra ter a sua dignidade diminuída por processos sociais, econômicos e políticos.
Ibase – Por que, na sua opinião, a sociedade foca o debate nas cotas?
Geraldo Rocha – Porque foi algo que mexeu diretamente no status de um grupo da sociedade brasileira que está nas universidades. O saber do ensino superior é uma reserva de mercado e isso tem a ver com a prática da sociedade brasileira. A ação mexeu nesse foco e encontrou grande resistência.
Ibase – O debate sobre cotas causa manifestações acaloradas de ambos os lados...
Geraldo Rocha – De um lado, estão negros e pessoas de bom senso da sociedade brasileira, que constatam as evidências das desigualdades. A maioria da classe média não admite perder. Acho que esse é o sentido do acaloramento das manifestações. Cada vez mais, percebemos que é inaceitável e inadmissível que todos paguem impostos e só alguns usufruam dos benefícios. No caso, o ensino superior. É com o ensino superior que você se forma, as pessoas que vão coordenar o destino do país passam por essa instância. Parece que tem gente que acha que os negros não podem ter isso.
Ibase – O assessor da presidência do BNDES, Ricardo Henriques, foi convidado para o debate do livro, na Bienal do Livro. Qual a importância do BNDES participar do debate?
Geraldo Rocha – Temos uma relação com o professor Ricardo Henriques desde os tempos do MEC. Era ele quem estava na Secretaria de Educação Continuada de Alfabetização e Diversidade (Secad) e em todos os processos de formação dos professores. Ele tem sistematizado como as desigualdades se expressam na área da educação e agora está no BNDES. Acho que é um organismo que, um dia, poderá trabalhar conosco. Acho que podemos trabalhar com várias parcerias e não estamos descartando a possibilidade de contar com o apoio do BNDES para isso.
Ibase – Como leitores(as) poderão ter acesso ao livro e a outras publicações do Ceap?
Geraldo Rocha – O livro tem o patrocínio da Petrobras, não será comercializado. Após o debate, vamos fazer lançamentos em outros espaços. Também faremos com que a publicação chegue às mãos de formadores de opinião. Quem tiver interesse deve procurar o Ceap. Além do Rio, iremos para São Paulo. Também haverá lançamento no Congresso Nacional. O Ceap também está entrando em contato com prefeituras municipais. Claro, a distribuição está sendo feita na medida do quantitativo que temos em mãos.
Olá ,
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