O Globo EFE LONDRES - O prêmio Nobel de Medicina James Watson, pioneiro no trabalho de deciframento do genoma humano, causou espanto ao reacender com força total uma polêmica que parecia definitivamente superada pelos próprios geneticistas. O pesquisador americano, de 79 anos, declarou ao jornal "The Sunday Times" ser pessimista sobre a África porque as políticas ocidentais para os países africanos eram, erroneamente, baseadas na presunção de que os negros seriam tão inteligentes quanto os brancos quando, na verdade "testes" sugerem o contrário.
Watson não apresentou argumentos científicos para embasar suas idéias nem especificou que "testes" seriam esses. Afirmou apenas que os genes responsáveis pelas diferenças na inteligência humana devem ser descobertos dentro de dez a 15 anos. As suas constam em um livro que será publicado na semana que vem, e no qual Watson escreve que não há motivo algum para crer que "as capacidades intelectuais de povos separados em sua evolução tiveram que evoluir de modo idêntico". " Porque todas as políticas sociais são baseadas no fato de que a inteligência deles é como a nossa, embora todos os testes digam que não é bem assim? "
"Não há nenhuma razão sólida para sustentar que as capacidades intelectuais de pessoas geograficamente separadas durante sua evolução tenham se desenvolvido de forma idêntica. Nossa vontade de preservar os poderes igualitários da razão como uma espécie de herança universal da Humanidade não é o suficiente para fazer com que isso ocorra", escreve ele.
A polêmica em torno dessas declarações lembra a criada em 1990 pelo livro "The Bell Curve", do analista político americano Charles Murrey, que sugeria que diferenças de QI seriam genéticas e discutia as implicações de uma divisão racial da inteligência. O livro foi duramente criticado no mundo todo, particularmente por cientistas que o classificaram de racista.
Watson chegou à Grã-Bretanha nesta quarta-feira e participa de uma série de palestras sobre o seu novo livro. A primeira delas, marcada para quinta-feira, no Museu da Ciência, está completamente lotada. Um intenso debate é esperado uma vez que os críticos do geneticista afirmaram estar preparando uma resposta de peso a suas polêmicas opiniões.
- É triste que um cientista que alcançou tanto em seu campo se rebaixe a fazer esse tipo de comentário, sem nenhuma fundamentação científica - disse o deputado trabalhista Keith Vaz, presidente da comissão para assuntos internos da Câmara dos Comuns. - Tenho certeza de que a comunidade científica repudiará o que parece não ser mais que um preconceito pessoal.
Steven Rose, professor de ciências biológicas da Open University e membro da Sociedade para Responsabilidade Social em Ciência, disse que a declaração de Watson é "vergonhosa". " Watson está gagá ou quer aparecer "
Pena explica que há uma relação genealógica entre todas as populações do mundo, incluindo a européia, e a África. A Humanidade moderna emergiu na África há menos de 200 mil anos e só nos últimos 60 mil anos saiu deste continente para habitar os outros:
- Do ponto de vista evolucionário, somos todos africanos, vivendo na África ou em exílio recente de lá. Não faz sentido haver diferenças biológicas entre africanos e povos de outros continentes.
Na opinião do geneticista, nos últimos 500 anos a África tem sido vítima de um imperialismo europeu impiedoso e selvagem, que criou dissensões entre grupos étnicos e manteve o continente economicamente de joelhos.
- Até hoje a retirada de ouro, diamantes e petróleo na África é feita como pura exploração por multinacionais. Watson está fazendo uma confusão ridícula e elementar entre biologia por um lado e política e história do outro. A situação africana é preocupante, não por falta de capacidade genética intelectual, mas pela manutenção da pobreza e ignorância, que torna os países vítimas fáceis do imperialismo. Watson falou besteira, em uma área totalmente fora da sua - diz. " Tenho certeza de que a comunidade científica repudiará o que parece não ser mais que um preconceito pessoal "
O cientista americano alcançou fama internacional quando, trabalhando na Universidade de Cambridge (Inglaterra), fez parte da equipe que descobriu a estrutura do DNA. Por seu trabalho, Watson foi premiado em 1962 com o Nobel de Medicina junto a seu colega britânico Francis Crick e ao neozelandês Maurice Wilkins.
Esta não é a primeira polêmica em que Watson se vê envolvido. Em 1997, o pesquisador declarou a um jornal britânico que uma mulher deveria ter o direito de abortar caso um teste pré-natal determinasse que o feto que levava em seu ventre seria homossexual, embora depois tenha dito que se tratava de uma escolha "hipotética".
Watson também sugeriu a existência de uma relação entre a cor da pele e o instinto sexual, superior nos negros. Segundo o jornal "The Independent", o pesquisador seria favorável à engenharia genética por considerar que um dia será possível "curar a estupidez".
Comentários
joana leal 18/10/2007 - 12h 54m
ROLAND BITAR BENAMOR 18/10/2007 - 12h 27m
Virgilio Braga - e-mail 18/10/2007 - 12h 19m 1)
Tadeu William de Oliveira Nogueira 18/10/2007 - 12h 07m
Para se ter conhecimento de algo precisamos de memória e de poder ter acesso a ele.
Para se ter inteligência precisamos ter a capacidade de questionar, debater, discutir, analisar, duvidar, concordar, discordar, raciocinar.
Pois bem, o conhecimento auxilia na inteligência, mas, não é ela de fato!
Hj se faz mta confusão acerca deste assunto. Países de maior desenvolvimento tiveram acesso a conhecimento mas ñ são + inteligentes.
2007 - 11h 52m
E isso varia não só de raça, mas de indivíduo pra indivíduo. Este comentário é ofensivo ou inapropriado? Denuncie aqui
Ted21 18/10/2007 - 11h 35m As "raças" têm diferenças. Pode ser q a inteligência seja diferente entre estas "raças", porém, qual das duas é mais inteligente??? Pq a raça branca e não a negra??? Onde estão as provas??? Hj o q se vê é apenas diferenças históricas, geográficas (inclui-se aqui o clima: o quente desfavorece o trabalho intelectual), econômicas (vindas das diferenças históricas)...
Por último, msm q haja a diferença (mínima q seja), qual culpa ou talento a pessoa tem se isto é genético???
Igualdade já!!!
18/10/2007 - 11h 23m
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Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.