quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Scroogled - E se o Google agora resolvesse controlar a sua vida?

Scroogled
de Cory Doctorow
Tradução/adaptação para Português: Carlos Martins

“Dêem-me seis linhas escritas pelo mais honrado dos Homens, e encontrarei nelas uma desculpa para o enforcar.” — Cardeal Richelieu
“Não sabemos o suficiente sobre si.” —CEO do Google Eric Schmidt

Greg aterrou no Aeroporto Internacional de São Francisco às 8h da tarde, mas pela altura em que finalmente chegou à frente da fila para a alfândega, já passava da meia-noite. Tinha saído da cabina da primeira classe, bronzeado perfeito, a barba por fazer, depois de um mês de praia no Cabo (mergulhando três dias por semana, seduzindo estudantes Francesas no resto do tempo.) Quando tinha saído da cidade, um mês antes, era um destroço andante de ombros descaídos e barrigudo. Agora, era um deus bronzeado, que atraía olhares das hospedeiras na frente do avião.
Depois de quatro horas na fila para a alfândega, tinha novamente passado de deus a mero mortal. O seu aspecto admirável estava gasto, suor escorria pelo rego do seu traseiro, e os seus ombros e pescoço estavam tão tensos que o seu tronco parecia uma raquete de ténis. A bateria do seu iPod já se tinha esgotado há muito, deixando-o sem nada para fazer senão escutar a conversa do casal de meia-idade que se encontrava à sua frente.
“As maravilhas da tecnologia moderna,” disse a mulher, referindo-se a um sinal que estava por perto: Imigração – Powered by Google.
“Não era suposto começarem apenas no próximo mês?” disso o homem, que alternadamente usava e segurava um sombrero de grandes dimensões.
Googlando na fronteira. Jesus. Greg tinha vendido todas as suas acções do Google seis meses antes, esperando aproveitar algum tempo para si próprio – algo que se revelou menos recompensador do que ele esperava. Na maior parte do tempo dos cinco meses que se seguiram, deu consigo a arranjar os PCs dos amigos, ver TV durante o dia, e ganhando quase 5Kg de peso, que culpava ser devido ao tempo que passava em casa em vez de estar no Googleplex, seguindo o seu programa físico de 24h no ginásio.
Ele já devia ter imaginado. O governo dos Estados Unidos tinha estourado $15 biliões de dólares num programa para capturar impressões digitais e fotografias nas fronteiras, sem que tivesse apanhado um único terrorista. Era óbvio que o sector público não estava equipado para proceder a essas pesquisas de forma adequada.

clique aqui para ler o restante do conto.

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Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.