domingo, 10 de fevereiro de 2008

PETROBRÁS TERÁ QUE ENCAMINHAR LISTA DE EMPREGADOS NEGROS

Retirado do site do MPT (Ministério Público do Trabalho)
10/04/2007 11:47
Petrobras terá de encaminhar ao MPT relação de empregados afro-descendentes

A Procuradoria Regional do Trabalho da 19ª Região (PRT-19/AL) deu prazo de 20 dias para que a Petrobras apresente a relação dos empregados afro-descendentes em Alagoas, bem como os ocupantes de chefia e direção e o quantitativo dos cargos no Estado. A decisão foi tomada em audiência, realizada segunda-feira (9/4), em Maceió, para dar andamento às investigações sobre denúncia de discriminação racial na Petrobras Holding Brasil e a Shell do Brasil.
A Petrobras também terá de comprovar se existe algum projeto de ação afirmativa em favor dos afro-descendentes, de forma a cumprir o Decreto 4.228/2002, que institui, no âmbito da Administração Pública Federal, o Programa Nacional de Ações Afirmativas. Quanto à Shell, que não compareceu à audiência, a PRT encaminhará notificação expedida ao presidente da empresa, requerendo a mesma documentação.
Mesmo após o pedido feito pela Petrobras para que o processo seja remetido de volta ao Rio de Janeiro, onde estão as matrizes das empresas investigadas, a procuradora-chefe da PRT-19/AL, Virgínia Ferreira, disse que dará andamento à denúncia em Alagoas. "Entendemos que é necessário dar andamento às investigações no âmbito local, pois precisamos de elementos para verificar a existência ou não de discriminação racial nas respectivas empresas. Com as informações, poderemos traçar o perfil do negro alagoano no mercado de trabalho, inicialmente com relação às duas empresas investigadas", afirmou, acrescentando que encaminhará ofício à subprocuradora Geral da República, Ela Wiecko de Castilho, solicitando estudos sobre descumprimento do Decreto 4.228/2002.
54 representaçõesDe acordo com o presidente do Instituto de Advocacia Racial e Ambiental (IARA), Humberto Adami - autor da denúncia junto com o Sindicato Unificado dos Trabalhadores Petroleiros, Petroquímicos, Químicos e Plásticos dos Estados de Alagoas e Sergipe (Sindipetro AL/SE) -, o evento na PRT é a primeira audiência, em todo o Brasil, proveniente da atuação do IARA. Adami disse que foram entregues 54 representações em todo País, das quais 27, ao Ministério Público do Trabalho e 27, ao Ministério Público Federal.
Caso sejam constatadas as irregularidades denunciadas, o Sindipetro e o IARA solicitam que a PRT ajuize ação civil pública, "responsabilizando as companhias e seus agentes por improbidade administrativa, visando à reparação por intermédio de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC)".
O representante da Petrobras, Edson Pedrosa de Oliveira Cavalcante, disse não ter conhecimento sobre a existência de nenhuma ação, nem estadual nem nacional, de inclusão social de negros em seus quadros e nem promoção interna. Ele defende não ser possível fazer o diagnóstico sobre o número de afro-descentes em seus quadros.
Mas o presidente do IARA, Humberto Adami, questiona a declaração do advogado, uma vez que o balanço social, divulgado pela Petrobras, consta que 4% de seus quadros são apontados como afro-descendentes. "Se a empresa alega que não tem como precisar quantos de seus empregados são afro-descendentes e se consta tal percentual em seu balanço social, que inclusive é consultado pelos investidores, o mesmo pode ser falso".
O representante do Sindpetro, José Eduardo Ramos, sugeriu que para a próxima audiência, marcada para o dia 31 de maio, às 9h15, sejam convocados o sindicato profissional dos distribuidores de combustíveis, a BR Distribuidora e a Transpetro. Ramos salienta que a discriminação também pode ocorrer nas terceirizadas das empresas investigadas.
Também participaram da audiência o representante da Secretaria de Promoção de Igualdade Racial da Presidência da República, Luiz Fernando Martins; representantes do Diretório Acadêmico do curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Alagoas; do Centro de Cultura e Cidadania Malungos do Ilê; do Ponto de Cultura Afro Quilombo Cultural; Marcelo Nascimento, do Grupo Gay de Alagoas; Sirlene Gomes da Silva, do Fórum de Entidades Negras de Alagoas, entre outras entidades.

Fonte: Assessoria de Comunicação da Procuradoria Regional do Trabalho da 19ª Região (PRT-19/Alagoas)

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Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.