quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

TERREIRO DERRUBADO NA BAHIA

Retirado do jornal A Tarde

27/02/2008 (12:22)
Sucom derruba terreiro de Candomblé
A TARDE On Line


O Terreiro Oyá Onipo Neto, localizado na Avenida Jorge Amado - Imbuí, foi parcialmente destruído na manhã desta quarta-feira, dia 27, por agentes da Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo do Município (Sucom). A ação foi feita sem que o órgão apresentasse documento de autorização para a derrubada da casa religiosa. A mãe de santo Rosalice do Amor Divino, Mãe Rosa, 50 anos, já havia denunciado
intolerância religiosa por parte de um vizinho dela, engenheiro do órgão municipal que teria manifestado o desejo de derrubar seu imóvel.
A ação de demolição teve início por volta das 8h30, quando moradores e filhos de santo do terreiro ainda estavam dentro do prédio. Segundo vizinhos que assistiram a ação do órgão, os agentes da Sucom mal chegaram começaram a demolição. Também não permitiram que os moradores retirassem seus pertences ou os objetos de culto de dentro da casa.
Para tentar resolver o impasse foram chamados representantes de entidades de direitos humanos e de defesa do culto afro-brasileiro. Quando parte do terreiro já havia sido derrubada, um representante da Secretaria de Governo do prefeito João Henrique Carneiro chegou ao local, no meio da manhã, com uma ordem direta do prefeito para suspender a demolição. Segundo esse representante da secretaria, "houve falha na Sucom que ainda será apurada". O representante disse também que o único documento apresentado pelos agentes é um comunicado assinado por um engenheiro do órgão. Esse documento porém, não validaria a demolição da casa religiosa.
Os representantes do Terreiro, da Sucom e da prefeitura vão se reunir para apurar o ocorrido e tomar as providências cabíveis.
*Com informações de Danile Rebouças, do A TARDE


22/02/2008 (23:19)
Sucom acusada de crime contra a fé
Haroldo Abrantes / Agência A Tarde
Mãe de Santo diz que moticação do órgão seria religiosa
Amélia Vieira e Zezão Castro, do A TARDE


Intolerância religiosa e especulação imobiliária. Estes são os motivos alegados pela sacerdotisa de candomblé, Rosalice do Amor Divino, a Mãe Rosa, 50 anos, depois que ela viu cerca de 35 homens da prefeitura e da Polícia Militar partindo para tentar demolir o seu terreiro, na manhã desta sexta-feira, 22.
Erguido na Avenida Jorge Amado, trecho do Imbuí, há 28 anos, o templo da nação angola chama-se Oyá Onipó Neto e está situado em uma área ao lado de um shopping e de novos empreendimentos imobiliários. É o único dedicado, no bairro ao culto dos inquices, (nome das divindades nos candomblés angolanos). “Inclusive vem muita gente do Imbuí trabalhar sua espiritualidade”, alfineta Mãe Rosa.
Segundo ela, a ação começou no início da manhã, sem nenhuma notificação prévia. “Sem avisar, cerca de 35 homens da Superintendência Controle e Ordenamento do Uso do Solo (Sucom) e da Polícia Militar queriam derrubar minha casa, com um bocado de papel numa pasta mas não me mostraram nenhuma ordem judicial para isso”. Os caminhões, carretas e viaturas ficaram cerca de meia hora parados até que, de repente, retrocederam do intuito. “Liguei pra meu marido, que foi na Sucom e aí eles pararam e foram embora”, contou.
Apesar de haver um processo administrativo tramitando há 11 anos na Prefeitura para regularizar a situação do imóvel, Mãe Rosa crê que o problema foi mesmo de intolerância religiosa. Ela conta que comprou o terreno há 28 anos e tem o documento de posse da terra.
Desde a aquisição, entretanto, um vizinho, segundo ela um engenheiro da Sucom de nome Sílvio Roberto Ferreira Bastos, demonstra atitudes de desrespeito religioso e preconceito. “Uma vez ele me chamou de lixo, já cuspiu e procurava brigas, mas só discutimos uma vez”, relatou Mãe Rosa, no início da tarde, ainda nervosa com o susto.
Sem resposta - A Sucom foi procurada pela reportagem para repercutir as acusações do seu engenheiro e para que revelasse se havia ou não algum mandado judicial para respaldar seus atos. Na portaria do órgão, a reportagem foi informada que a superintendente Kátia Carmelo estava viajando. O celular da assessora estava na caixa. Nem a secretaria de comunicação da prefeitura conseguiu localizar a direção do órgão.
COMENTÁRIOS
23/02/2008 (10:33) Excelente denúncia desse absudo da Intolerância Religiosa praticada contra as religiôes de Matrizes Africanas. Sou Coordenadora de Comunicação da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde e gostaria, se possível, do tel da Yalorixá, Mãe Rosa , para auxiliar através do Núceo de Intolerância Religiosa da Rede.
Vilma Piedade
23/02/2008 (10:20) Uma das piores tragédias urbanas desta metrópole é ter a infelicidade de residirmos próximo a algum funcionário da prefeitura: um protege os interesses do outro. Aqui, na foz do rio, moro próximo ao bar recordista brasileiro de reclamações de poluição sonora, são mais de 100 ao longo de muitos anos, feitas por diversos moradores, mas a SUCOM nunca fez nada, absolutamente nada de consequente contra tal buteco. Diversos moradores já venderam suas residências e se mudaram, mas o buteco continua...
Erivaldo

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Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.