domingo, 30 de março de 2008

JARDIM BOTÂNICO ABRE SINDICÂNCIA PARA APURAR SUSPEITA DE RACISMO

Retirado do site G1

27/03/2008 - 11h22
Professora diz que crianças foram impedidas de freqüentar lanchonete.

Segundo diretor do Parque, dona do local diz que demitiu funcionária.
Aluizio Freire Do G1, no Rio


O diretor da prefeitura do Instituto de Pesquisa do Jardim Botânico, Guido Gelli, afirmou que já abriu sindicância interna para investigar suposto ato de racismo ocorrido no dia 11 de março em uma lanchonete que funciona dentro do Jardim Botânico. Duas funcionárias e a dona de uma lanchonete são acusadas de não permitir que dez crianças carentes, com idades entre 10 e 15 anos e com uniforme da Escola Municipal Carmem Corrêa de Carvalho Reis Braz, que funciona em Imbariê, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, ocupassem o local para lanchar.

Os menores estavam acompanhados de uma professora e uma orientadora pedagógica. O caso foi parar na 15ª DP (Gávea) e as três mulheres podem responder por crime de racismo.

Segundo Gelli, as duas lanchonetes no local são terceirizadas e pertencem a mesma dona. A contratação é feita por licitação e já há um edital pronto para a nova escolha das prestadoras de serviço prevista para abril. Ainda segundo Gelli, há uma lanchonete menor e outra maior no parquinho infantil, que é o único local permitido para fazer piqueniques, e consumir produtos trazidos pelos visitantes. Ele afirmou que, segundo a dona das lanchonetes, a funcionária teria sugerido ao grupo para ficar no outro parquinho. Apesar da proprietária não estar no local no momento do fato, ela afirma que empregada já foi despedida. Gelli contou que os funcionários do Centro de Acolhimento do Jardim Botânico se sensibilizaram com as crianças e proporcionaram a elas uma visita guiada em dois carrinhos elétricos pelo parque. Ele garante que as crianças e a professora ficam satisfeitas com atendimento oferecido. “Temos 200 anos de existência e reprovamos qualquer atitude desse tipo. Isso é muito grave. Montamos um processo investigativo para apurar os fatos e apoiamos a ação das autoridades. Possuímos um Núcleo Sócio-ambiental e outro de Educação Ambiental em que trabalhamos em parceria com escolas. Nossa proposta é de inclusão social.”, informou Gelli.

Barrados no lanche
O episódio aconteceu por volta das 10h30 do dia 11 de março, quando as crianças e as educadoras chegaram em um ônibus da prefeitura para o passeio no Jardim Botânico.“São crianças carentes, a maioria negros e filhos de catadores de lixo. Todas estavam com a roupa da escola, mas, algumas, com chinelos de dedo. Pedi que elas se sentassem nos banquinhos que ficam embaixo das árvores enquanto fui ao caixa pagar o lanche. Logo veio uma funcionária expulsando elas dali, de forma agressiva. Uma outra apareceu dizendo que a dona não permitia crianças ali e que deveríamos nos dirigir a outra lanchonete, que fica a um quilômetro daquele local”, contou a professora Stellamaris Adelaide de Freitas Cordeiro.

“Elas não quiseram receber o dinheiro e me ignoraram completamente.”

Auto-estima
“Essas crianças estão na 2ª série do ensino fundamental. Muito abaixo do desempenho esperado. Organizamos esse passeio pedagógico para resgatar a auto-estima delas, que não conhecem nem o centro de Caxias. E acabamos passando por esse constrangimento”, disse Stellamaris ao sair da delegacia, na quarta-feira (26), acompanhada de um representante do Conselho Tutelar da Zona Sul, Heber Bôscoli, que também repudiou a atitude das duas funcionárias e da dona do estabelecimento.
O delegado Fábio Cardoso já intimou as três para prestarem depoimento e registrou o caso como crime de racismo. Stellamaris também fez um registro da ocorrência no livro do Centro de Visitantes do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico. A professora, que pretende entrar com ação na Justiça por reparação de danos, disse que só pôde comparecer à delegacia nesta quarta-feira por que queria preservar as crianças e ter a aprovação dos pais.

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Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.