Retirado do Jornal O Globo
Cotistas da universidades estaduais terão bolsa de R$ 250 até o fim do curso. Uerj reavalia o sistema
Publicada em 14/05/2008 - O Globo Online
RIO - Estudantes cotistas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) que ingressarem no próximo semestre nas universidades vão ganhar um incentivo a mais para concluir os cursos. O governador Sérgio Cabral sancionou no final de abril uma lei estadual que amplia o tempo de concessão de uma bolsa de estudo aos cotistas. Agora, o benefício será dado durante todo o curso universitário e não apenas durante o primeiro ano.
"Bolsas para cotistas terão reajuste de 30%, passando de de R$ 190 para R$ 250"
Outra boa notícia é que o reitor Ricardo Vieira Alves anunciou um reajuste de 30% na ajuda de custo, que vai passar de R$ 190 para R$ 250. O benecífio tem como objetivo ajudar os cotistas a se manterem durante todo o tempo do curso, e pode contribuir para aumentar o número de estudantes autodeclarados negros que se candidatam ao vestibular das estaduais. Isso porque, em 2007, a Uerj ofereceu mais vagas para o sistema de cotas do que o número de vestibulandos negros inscritos.
No vestibular do ano passado, a universidade ofereceu 1.048 vagas para os candidatos que se autodeclaram negros, sendo que apenas 673 estudantes com esse perfil se candidataram. Desses, 439 foram aprovados. O mesmo número de vagas foi oferecido para estudantes da rede pública, que recebeu 1.292 inscritos, com 787 classificados. Na seleção de 2006 (para ingresso em 2007), foram 1.031 vagas reservadas para autodeclarados negros, sendo 753 inscritos e somente 432 aprovados. A cota para estudantes da rede pública também reservou 1.031 vagas, tendo 1.581 inscritos e 830 aprovados. (Opine:Você é cotista? Que avaliação faz sobre o sitema?)
Essas e outras questões relacionadas ao sistema de cotas, criado em 2003, serão avaliadas por um estudo produzido pela universidade, em parceria com a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e o Ministério da Educação (MEC), que deverá ser concluído até o fim do ano. O reitor da universidade, Ricardo Vieiralves, favorável à reserva de vagas, disse que a avaliação contará com indicadores para que a sociedade discuta a respeito da ação afirmativa:
- Estamos fazendo uma profunda reavaliação do sistema. No ano passado, nós oferecemos mais vagas para o sistema de cotas do que o número de estudantes inscritos. Precisamos saber o que está acontecendo. A intenção é mostrar dados como o desempenho dos cotistas na universidade, problemas enfrentados durante sua formação, além da inclusão dos formados no mercado de trabalho. Será um estudo bem abrangente.
"Em 2007, oferecemos mais vagas para o sistema de cotas do que o número de estudantes inscritos (reitor da Uerj)"
Atualmente, a universidade reserva 45% das vagas no vestibular para os cotistas, sendo 20% para alunos da rede pública, 20% para candidatos negros e 5% para portadores de deficiência, índios e os filhos de policiais, bombeiros e inspetores de segurança mortos em serviço ou incapacitados em razão do trabalho.
Uerj diz que desempenho de cotistas é positivo
Há cinco anos recebendo alunos negros por meio do sistema de cotas, a universidade faz um balanço positivo do período . Embora reconheça a falta de apoio aos cotistas, a reitoria avalia que o desempenho acadêmico das turmas continua satisfatório e nega a existência de conflitos por diferenças raciais
- Um obstáculo grande que nos parece é na questão das engenharias, em que a necessidade do conhecimento de cálculo não é só uma dificuldade para os cotistas, mas para todos os estudantes - explicou a subsecretária da reitoria da Uerj, Lená Medeiros que negou os possíveis conflitos étnicos que as cotas poderiam trazer.
UFRJ avalia implantação do sistema de cotas
Uma das universidades mais concorrida do Rio, a UFRJ ainda não adotou um sistema de cotas, mas não descarta a possibilidade . A universidade, que tem 70% dos alunos originários de escolas particulares, informou que faz um debate interno sobre as cotas, mas de forma "lenta". Isso acontece pela divergência entre os professores.
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Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostrou que a população negra vai se igualar à branca, superando-a em 2010.
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Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.