Diadema, 03/07/2008
para levar discussão sobre gênero e raça à comunidade, projeto em Diadema usa músicas de Zeca Pagodinho e Sandra de Sá e vídeos-->
Casa Beth Lobo
A Casa Beth Lobo existe desde 1991 e hoje integra uma série de projetos, que incluem uma oficina de teatro, um curso de artesanato, um grupo de discussão para maridos agressores e um outro que oferece aulas de ioga. Além das atividades recreativas, a casa oferece apoio jurídico, psicológico e social para mulheres vítimas de violência doméstica. Em média, a casa recebe 40 novos casos todos os meses.
OSMAR SOARES DE CAMPOS
da PrimaPagina
Filmes engajados, exposições, livros e textos com mensagens criativas e canções infantis ou de artistas consagrados, como Sandra de Sá e Zeca Pagodinho, têm sido usados em Diadema (Grande São Paulo) nas discussões sobre racismo e discriminação contra mulheres. A iniciativa é de um projeto da prefeitura que tenta fazer com que os participantes, grande parte vítima de violência física ou psicológica ligada a esses temas, reflitam sobre situações corriqueiras em que o preconceito estaria envolvido.
Chamado Ciclo de Formação para Diversidade, Gênero e Raça e desenvolvido pela Secretaria Municipal de Assistência Social e de Cidadania, o programa leva às igrejas, pastorais, Unidade Básica de Saúde, repartições públicas e fábricas de Diadema uma equipe formada por assistentes sociais, psicólogos e sociólogos que apresenta uma mensagem que mais tarde é debatida com os participantes. Essa mensagem — que pode ser transmitida por vídeos, esquetes de teatro, textos e músicas — tenta mostrar situações de discriminação ou apresentar uma contrapartida, através de uma imagem positiva da negritude ou da diversidade de gênero.
A ação faz parte da Casa Beth Lobo — Centro de Referência da Mulher em Situação de Violência Doméstica, projeto da prefeitura de Diadema que foi um dos 20 vencedores do Prêmio ODM Brasil 2007, uma iniciativa do governo federal e do PNUD que destacou práticas de prefeituras e organizações sociais que ajudam o país a avançar nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.
O trabalho tem um forte enfoque na valorização da cultura negra. Entre o material usado para elevar a auto-estima desse grupo estão filmes como o curta "Vista Minha Pele" (que apresenta uma sociedade em que os papéis estão invertidos — o branco é minoria e alvo de discriminação), o livro infantil "Menina Bonita do Laço de Fita", de Ana Maria Machado (que conta a história de um coelho branco que queria ser preto como a menina do título), além de músicas infantis como "Plantei uma Cenoura no Meu Quintal" (com claro cunho racista), e a afirmativa "Olhos Coloridos", mais conhecida na voz de Sandra de Sá.
"Essas mulheres negras foram criadas como se todas as características delas fossem feias. O cabelo crespo é o cabelo ruim, algumas expressões ligam sua raça a algo negativo, como nuvem negra, lista negra, sempre associada a uma conotação depreciativa", afirma a socióloga Maria de Lourdes Ventura de Oliveira, diretora do Departamento de Defesa dos Diretos da Cidadania na secretaria. "Nós tentamos resgatar a estima dessas mulheres, apresentando pontos de vista positivos e discutindo conceitos negativos", diz, acrescentado que o projeto tenta abordar "a maneira como essa mulher é vista na sociedade e como ela se vê".
Sobre questões de gênero, são apresentados filmes (um deles mostra todo o trabalho da mulher em casa), o texto da Lei Maria da Penha, que aumenta o rigor das punições por agressões contra a mulher, ou a letra "Faixa Amarela", de Zeca Pagodinho, que constrói uma visão romântica da mulher, mas que, em dado momento, avisa: "Mas se ela vacilar, vou dar um castigo nela/ Vou lhe dar uma banda de frente/ Quebrar cinco dentes e quatro costelas". "É uma coisa muito violenta. As pessoas dançam, cantam e não refletem sobre a gravidade disso. São atitudes do cotidiano que reforçam o preconceito, a violência, mas que passam despercebidas", diz Maria de Lourdes.
Chamado Ciclo de Formação para Diversidade, Gênero e Raça e desenvolvido pela Secretaria Municipal de Assistência Social e de Cidadania, o programa leva às igrejas, pastorais, Unidade Básica de Saúde, repartições públicas e fábricas de Diadema uma equipe formada por assistentes sociais, psicólogos e sociólogos que apresenta uma mensagem que mais tarde é debatida com os participantes. Essa mensagem — que pode ser transmitida por vídeos, esquetes de teatro, textos e músicas — tenta mostrar situações de discriminação ou apresentar uma contrapartida, através de uma imagem positiva da negritude ou da diversidade de gênero.
A ação faz parte da Casa Beth Lobo — Centro de Referência da Mulher em Situação de Violência Doméstica, projeto da prefeitura de Diadema que foi um dos 20 vencedores do Prêmio ODM Brasil 2007, uma iniciativa do governo federal e do PNUD que destacou práticas de prefeituras e organizações sociais que ajudam o país a avançar nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.
O trabalho tem um forte enfoque na valorização da cultura negra. Entre o material usado para elevar a auto-estima desse grupo estão filmes como o curta "Vista Minha Pele" (que apresenta uma sociedade em que os papéis estão invertidos — o branco é minoria e alvo de discriminação), o livro infantil "Menina Bonita do Laço de Fita", de Ana Maria Machado (que conta a história de um coelho branco que queria ser preto como a menina do título), além de músicas infantis como "Plantei uma Cenoura no Meu Quintal" (com claro cunho racista), e a afirmativa "Olhos Coloridos", mais conhecida na voz de Sandra de Sá.
"Essas mulheres negras foram criadas como se todas as características delas fossem feias. O cabelo crespo é o cabelo ruim, algumas expressões ligam sua raça a algo negativo, como nuvem negra, lista negra, sempre associada a uma conotação depreciativa", afirma a socióloga Maria de Lourdes Ventura de Oliveira, diretora do Departamento de Defesa dos Diretos da Cidadania na secretaria. "Nós tentamos resgatar a estima dessas mulheres, apresentando pontos de vista positivos e discutindo conceitos negativos", diz, acrescentado que o projeto tenta abordar "a maneira como essa mulher é vista na sociedade e como ela se vê".
Sobre questões de gênero, são apresentados filmes (um deles mostra todo o trabalho da mulher em casa), o texto da Lei Maria da Penha, que aumenta o rigor das punições por agressões contra a mulher, ou a letra "Faixa Amarela", de Zeca Pagodinho, que constrói uma visão romântica da mulher, mas que, em dado momento, avisa: "Mas se ela vacilar, vou dar um castigo nela/ Vou lhe dar uma banda de frente/ Quebrar cinco dentes e quatro costelas". "É uma coisa muito violenta. As pessoas dançam, cantam e não refletem sobre a gravidade disso. São atitudes do cotidiano que reforçam o preconceito, a violência, mas que passam despercebidas", diz Maria de Lourdes.
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Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.