domingo, 21 de setembro de 2008

FÓRUM NACIONAL DAS MULHERES INDÍGENAS

Retirado do site do INESC.


por lucosta última modificação 15/08/2008

Foi constituída neste mês de agosto, em reunião realizada em Brasília, a Comissão Executiva que vai organizar o Forum Nacional das Mulheres Indígenas 2009, previsto para meados do próximo ano. A Comissão tem representação da Coiab, Inbrapi, Grumin, Conami, Apoinme, Instituto Kaigang e Warã. A reunião preparatória para o Fórum foi realizada na sede da agência da Organização das Nações Unidas (ONU) e foi organizada pela Rede GRUMIN de Mulheres Indígenas.

Ana Inês - Rede GRUMIN de Mulheres Indígenas
Passado, Presente e Futuro: Mulheres Fortes e UnidasPreparatória para o Fórum Nacional das Mulheres Indígenas - 2009
À primeira impressão, um tímido encontro. Aos poucos foramchegando e já não havia lugar naquela mesa reservada a dez ou dozepessoas na sala de reunião do UNIFEM– Fundo de Desenvolvimentodas Nações Unidas para a Mulher. Com papel, caneta, notebooks e osadereços que simbolizam a força de cada etnia, as representantes dasdiversas organizações indígenas no Brasil chegaram à sede da agênciada ONU, em Brasília, para a preparatória do Fórum Nacional deMulheres Indígenas programado para meados de 2009.
Organizadas pela Rede GRUMIN de Mulheres Indígenas, nesseprimeiro momento para um debate sobre a realização do FórumNacional, as vozes femininas começaram a ecoar. Elas discutiram sobrea inserção da mulher indígena no mercado de trabalho, sobre saúde eeducação; sobre a violência e o preconceito sofrido ainda hoje;trouxeram suas próprias experiências e seus exemplos de conquista (aexemplo do movimento pela consciência negra) e compartilharaminformações sobre a luta no dia-a-dia das "parentes", dentro dascomunidades e na batalha urbana.
Como resultado dessa Preparatória, do Fórum Internacional da MulherIndígena, abril de 2008/Lima-Peru, da Mesa de Trabalho de Itaipu-RJ/maio de 2008, formou-se a Comissão Executiva para a realizaçãodo Fórum, em 05 de agosto de 2008 com representação da Coiab,Inbrapi, Grumin, Conami, Apoinme, Instituto Kaigang, Warã e seconsolidou o intercâmbio entre as organizações de mulheres indígenascom a criação do Blog temático e a abertura de um grupo de discussõesno sistema yahoo: http://br.groups.yahoo.com/group/forumnacionaldamulherindigena/
Outro aspecto a ser estudado foram os aportes financeiros para a infraestruturade qualquer ação em prol das mulheres, sejam elas indígenasou não. "A questão de gênero não está sendo considerada na prática",observa Eliane Potiguara, organizadora da Preparatória pelo GRUMIN,ao alertar para a necessidade de articulação entre as organizaçõesindígenas no momento de captar recursos junto aos órgãoscompetentes. Uma das questões mais importantes para o sucesso doFórum em 2009, segundo Eliane, é o envolvimento integrado dasorganizações: "como unir esforços, iniciativas, pessoas e como captarrecursos em cada região?". Por enquanto, algumas foram apoiadas peloUnifem, outras vieram por si próprias (sua organização ou seusrecursos) e algumas chegaram a Brasília depois de muita estrada, semnenhum suporte financeiro, como foi o caso da representante do povoKaingáng, Ângela Kaingáng, que enfrentou mais de 30 horas numaviagem de ônibus, para participar do encontro. "Se não fosse adificuldade financeira estaríamos muito mais organizadas", afirmaÂngela ao fazer um alerta: "Nossa responsabilidade está crescendo acada dia!".
Segundo Maria Inês Barbosa, do Programa Gênero, Raça, Etnia ePobreza da UNIFEM (Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidaspara a Mulher), que abriu o encontro "Cunhã-Uasu Muacasáua -MULHERES FORTES E UNIDAS", é preciso ter consciência de que oBrasil é um dos países mais desiguais do mundo, fato que se tornaainda mais evidente se for analisado sob a ótica racial e étnica.Especialmente sobre a violência contra a mulher, Maria Inês lembraque na trajetória da herança cultural feminina existem "marcas quedevem servir de força e reflexão".
Único homem a participar entre as mulheres, o escritor Cristino doNEARI (Núcleo de Escritores e Artistas Indígenas) trouxe a boa novadas negociações com a UERJ para a implementação da 1ª UniversidadeIndígena do país, entre outras ações. Ele reafirma a necessidade deregistro e formação de conhecimento para a valorização da lutafeminina indígena, o que é confirmado por Silvia Wajãpi, ao evidenciarespecialmente a problemática da inserção das crianças indígenas nasescolas urbanas e sua luta por oportunidades equiparadas. MariaMiquelina Tukano e Mirian Terena lembram que a luta não trazbenefícios apenas para uma comunidade ou uma representação dospovos indígenas. Aparecida Bezerra e Ceiça Pitaguary trouxeram desuas comunidades exemplos do engajamento político e social de suascomunidades.
A representante do povo Funiô, Maria Aureni, fez um desabafo em seudepoimento: "Minha mãe me criou com a intenção de lutar, com a vozque ela não teve, mas nossa trajetória tem rendido muito choro emuitos calos", conta Aureni. Trazendo a mesma herança de luta,Fernanda Jófei Kaingáng, do Instituto Indígena Brasileiro para aPropriedade Intelectual reverencia, na figura de Ângela Kaigang, oconhecimento de seu povo e, também lamenta o descaso diante dariqueza cultual dos povos indígenas: "eu cresci vendo esse processo einfelizmente não estamos conseguindo enfrentar a situação. Estou aolado de uma das maiores especialistas em nutrição Kaingáng ,enquanto muitas crianças estão morrendo de fome", lamenta Fernandaao relembrar a necessidade de união das mulheres em prol das futurasgerações. Por isso, no próximo mês de setembro, essas "MulheresFortes e Unidas" se encontram, novamente em Brasília, para formalizare fazer um levantamento do que já tem sido trabalhado para o fórum de2009. Enquanto isso, a discussão continua online e por telefone.


Acompanhe e participe!Foto e Texto: Ana Inês - Repórter Freereporterfree@gmail.comanaines.free@gmail.com61-8476 3254
Membros da Comissão ExecutivaCoiab, Inbrapi, Grumin, Conami, Apoinme, Warã eInstituto kaigangEnquanto não temos o telefone do secretariado, estamos disponibilizando,gentilmente, esse telefone temporário para maiores contatos: (021) 2577-5816 e(021)9335-5551.

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Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.