quinta-feira, 18 de setembro de 2008

REVISTAS NEGRAS NO BRASIL DOS ANOS 90

Mais um artigo retirado do ótimo site Questões negras.

Os doces frutos da panela de pressão: a mídia negra no Rio de Janeiro nos anos 1990.
por Carlos Nobre

A partir de meados dos anos 1990, uma nova mídia negra resgata novas discussões sobre o renascer das culturas afrodescendentes no Brasil através do lançamento das revistas de circulação nacional "Raça Brasil", em 1996, e da revista "Black People", em 1995. Destas publicações, somente a " Raça Brasil" continua circulando, e a outra desapareceu após quatro anos de circulação.
A explosão da mídia negra dos 1990 não ficou restrita a estas duas revistas de variedades. Ela continuou com publicações, de menor alcance, mas com o mesmo fôlego como as revistas "Suingando", "Swing Brasil", "Agito Geral", "Brio", "Raça Musical", "Negro 100 Cento", "Raízes" e outras publicações produzidas originalmente em São Paulo, o maior mercado publicitário do país.
Existem informações segundo as quais, hoje, muitas destas publicações que listamos mais atrás desapareceram também em função de diversos fatores conjunturais, políticos e étnicos.
Mas isso não impede que desenvolvamos nossa análise sobre a mídia negra, de acordo nossos pressupostos metodológicos. De certo modo, vamos fazer uma espécie de história esquemática - muita pobre, é claro - mas que aqui assume outras conotações neste ensaio com intuito de ser essencialmente " pedagógico".

No Rio de Janeiro, por exemplo, aproveitando o boom midiático negro foram lançadas, em 1996 e 1997, mais duas outras revistas que tiveram uma única edição, "Azzeviche" e "A Cor de Ébano", mantendo, por conseguinte, uma certa característica da mídia negra, isto é, o lançamento de diversas publicações com apenas um número distribuído na comunidade.
Na verdade, o boom dos 1990 tenha começado em 1989 quando militantes negros do Rio de Janeiro, articulados com um empresário italiano, imprimiram apenas três números da revista " Nós", que, lançada na Escola Nacional de Belas Artes, se constituiu em novidade alvissareira no campo midiático afro naquele momento. Em 1995, foi a vez da revista " Zumbi 300 anos", apenas um número, e relançada novamente pelo Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações, em 1996.

Os editores destas publicações, por conseguinte, não tiveram fôlego financeiro para dar continuidade às publicações em virtude dos altos custos gráficos para imprimir revistas em couchê.
Na verdade, a gráfica é ainda um instrumento para a propaganda política inacessível para as comunidades negras devido ao alto custo de impressão, aliados ao preço dos profissionais de produção ( repórteres, diagramadores, fotógrafos etc).
Após a experiência destas publicações, foi a vez de surgirem no campo do movimento negro carioca, agora em anos recentes a revista " Étnica", em 2002, e o jornal " Questões Negras", em 1998, preocupados em aprofundar o pensamento racial.
Também apareceram neste período, os jornais "Jornal do Mandela" (2000), do Instituto de Cultura e Consciência Negra Nelson Mandela, " Black News" (1998), "Redenção" ( 1998), publicado pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos, e "Reação" (2000), um tablóide oito páginas dedicado a divulgar fatos e eventos da comunidade negra. Também neste ano nasceu o standard "Mundo Black", com colunistas negros fixos, que só durou cinco números.
Após dez anos, sem grandes novidades no front da mídia negra carioca (noventa por cento dos jornais e revistas dos anos 1990 desapareceram), em julho passado, surgiu nas bancas mais uma revista negra carioca , a "Afro", na mesma linha editorial de "Raça Brasil", que continua ser a única mídia negra com circulação ininterrupta há 11 anos.
Para ler o restante da matéria direto no site clique aqui, para baixar em formato PDF clique aqui.

Um comentário:

  1. Salve.

    Estamos finalizando nossa monografia, intitulada A REPRESENTAÇÃO DO NEGRO NA MENSAGEM PUBLICITÁRIA, como tese de conclusão de curso, o temível TCC, e um tópico do capítulo referente a Imprensa Negra nos anos 60/70 permanece em aberto por falta de informação. Caso disponham, poderiam compartilhar para citação e preenchimento desta lacuna?

    Oubigrato pela atenção. Oubi Inaê Kibuko, estudante, fotógrafo, editor de Cabeças Falantes Online: www.tamboresfalantes.blogspot.com

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Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.