quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

SOCIÓLOGO AVALIA PERFIL DE PREFEITURA DE SÃO LUÍS

Retirado do site Jornal Pequeno.

Edição 22,841 » Política
Sociólogo avalia perfil da equipe de Castelo

Data de Publicação: 5 de janeiro de 2009

Em artigo encaminhado ontem ao Jornal Pequeno, o sociólogo Emanuel Souza, pesquisador conhecido em razão de seus trabalhos acerca da realidade maranhense, analisa a composição do secretariado do prefeito João Castelo, anunciado no sábado passado. O artigo, intitulado “Castelo e sua cidade sem negros”, chama a atenção para uma flagrante lacuna no primeiro escalão do novo ocupante do Palácio La Ravardière. Eis abaixo o teor do artigo:
“Do elenco apresentado para o novo secretariado municipal qualquer leitura, por menos atenta que seja, deixa ver uma flagrante lacuna. É que todos, rigorosamente todos os personagens que farão a linha de frente do novo governo são brancos.
Numa cidade que se reconhece e se apresenta ao mundo através das marcas da presença africana (reggae, bumba-meu-boi, tambor de crioula etc.), cuja população é de fato majoritariamente negra, esta ausência é particularmente sensível.
No caso de Castelo, a presença - que até agora é ausência - dos negros no primeiro escalão não passa sequer pela apreciação sobre a pertinência ou conveniência das políticas de ação afirmativa – das quais as chamadas cotas raciais são apenas uma faceta, conforme fica claro a partir de uma análise, mesmo superficial, do debate acadêmico acumulado sobre o tema.
É que durante a campanha, enquanto seu adversário se esforçava em polarizar a disputa em torno da tradicional oposição esquerda versus direita, Castelo pontuava sua
estratégia com um elenco de proposta e uma política de alianças irrestritas.
Por conta disto, segmentos organizados em torno das lutas da população negra fecharam com Castelo e fizeram parte da campanha televisiva do prefeito eleito.
A brancura do secretariado anunciado no sábado pareceria então uma escolha política que delimita os segmentos que efetivamente partilharão do poder.
Claro, restam ainda duas pastas, Esporte e Cultura, áreas nas quais os negros possuem amplas credenciais técnicas, afinal são os setores que tradicionalmente lhes fornecem oportunidades de ascensão social em condições de igualdade com os brancos e nas quais representam parte considerável dos atores, sendo, não raro, atores principais de ambos os setores.
A questão é: credenciais técnicas para os negros são suficientes para lhes permitir a participação na aliança política que exercerá o poder? Ou a oportunidade de viabilizar
lideranças negras será sacrificada por conta dos jogos partidários para privilegiar carreiristas e apadrinhados mesmo quando estes não dispõem de credenciais técnicas?”

Emanuel Souza, Sociólogo,
Mestre em Ciências Sociais. souzaemanuel@yahoo.com.br

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Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.