quarta-feira, 20 de maio de 2009

ESTATUTO PODE CRIAR COTAS PARA NEGROS NA SOCIEDADE

Retirado do site do jornal nacional da rede globo.
Mais uma reportagem que trata a questão racial e as cotas de forma maniqueísta.




19/05/09
O estatuto quer estimular a criação de cotas no mercado de trabalho, na educação, na cultura, em licitações e no serviço público.

Está prevista para quarta-feira, em uma comissão especial da Câmara, a votação de um projeto que institui, entre outros itens, a criação de cotas para negros em vários setores da sociedade.
O projeto traz orientações para o governo de como tratar uma parte dos cidadãos e obriga que estudantes e até pacientes do SUS sejam classificados de acordo com a cor da pele.
Eles são irmãos na fé de uma religião que veio da África e que, no Brasil, acolhe todo tipo de gente. Em um terreiro de candomblé, são todos filhos de orixás.
“Aqui, não tem distinção de cores. Todo mundo é igual, preto e branco. Branco e preto”, afirma o pai de santo Raimundo Ribeiro dos Santos.
“Sempre fui bem recebido porque, dentro da nossa religião, não temos distinção de cor”, acrescenta mais um religioso.
O samba também tem raiz afro, mas vai dizer para alguém aqui que hoje este não é um ritmo tipicamente brasileiro.
“Loira de sangue negro. Mistura total na veia, então o sangue africano está em todo mundo”, revela uma mulher.
“Não tem mais esse negócio de negro de um lado, branco, é tudo misturado. Assim, é do Brasil já essa mistura, é todo mundo curtindo, sem preconceito. Já faz parte do Brasil”, explica a universitária Milene de Araújo.
Por toda a história, as culturas se misturaram. O povo então, nem se fala. Hoje, negros e pardos somam a metade dos brasileiros, segundo o IBGE. Mas um projeto que está na Câmara dos Deputados quer criar um estatuto para dar tratamento diferenciado a essa população, em todas as áreas.
Na educação, com cotas nas universidades. Na cultura, com vagas obrigatórias para atores e figurantes negros. Em licitações, dando prioridade a empresas com ações de igualdade racial.
No serviço público, onde governos teriam de criar regras para aumentar o número de negros.
O estatuto também quer estimular a criação de cotas no mercado de trabalho. Uma empresa como essa com muito mais do que 20 funcionários pagaria menos impostos se contratasse mais negros. Resultado: o candidato que se autodeclarasse negro no momento da entrevista teria vantagens sobre os outros na hora da contratação.
“Na nossa organização, não vai fazer diferença. Até porque , quando nós realizamos o processo seletivo a gente tem toda uma preocupação de analisar a competência do candidato”, afirma Marly Vidal, superintendente de Recursos Humanos.
Para Rubens Pereira dos Santos, funcionário da empresa, o tiro pode sair pela culatra. “Eu acho até que seria uma discriminação por achar que os negros são menos capacitados que os brancos”, ele opina.
Mas líderes do movimento negro defendem o estatuto.
“Vai fazer com que negros possam acessar hoje lugares, situações e vantagens que ainda não estão tendo. Eu acredito que isso vai mudar a coloração de lugares hoje tidos como espaço de pessoas não negras”, declara Lucimar Martins, líder do movimento Cernegro.
Para o antropólogo Jorge Zarur, a criação do estatuto representa um perigo para o país.
“O Brasil corre o risco de criar uma divisão historicamente irreversível. Uma divisão que vai destruir uma ideia de povo brasileiro e a identidade brasileira. É injusto e indigno, é absurdo criar mais uma divisão”, avalia o antropólogo.

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Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.