quinta-feira, 22 de outubro de 2009

QUEM GANHA COM AS COTAS?

Retirado do site da revista Época.
É difícil postarmos artigos contra ação afirmativa, mas é importante para podermos localizar nosso adversários políticos localizando seus discursos para rebaté-los mesmo que seja repetitivos.

qua, 27/05/09
por Paulo Moreira Leite
Ao decidir suspender as cotas no vestibular das universidades públicas daquele Estado, a Justiça do Rio de Janeiro deu uma nova chance para que se possa debater com maior profundidade uma mudança que coloca em questão a democracia e a igualdade entre cidadãos.
Sou contra as cotas e sou a favor do mérito. Acho que um país como o Brasil não tem o direito de excluir de suas melhores universidades, durante várias gerações, aqueles estudantes que, em exames tecnicamente isentos — sem privilégio de origem, raça ou gênero — podem demonstrar que tem maior preparo e competência para frequentar seus cursos. Sou a favor da ampliação de vagas em todos os níveis. Também acho que as autoridades tem o dever de investir de forma cada vez mais no ensino público, em regiões carentes. O efeito das cotas é organizar a fuga dos melhores cérebros: reserva-se uma parcela enorme das vagas das universidades — 50%, ou 60%, na versão mais recente — para alunos escolhidos por critérios não acadêmicos.
Em função disso, uma parcela imensa dos alunos que foram capazes de apresentar mais conhecimento e talento para frequentar as universidades publicas serão forçados a mudar-se para o ensino privado. Ou podem mudar de país. Ou até abandonar os estudos porque não terão condições de fazer uma coisa nem outra. Pergunto quem irá ganhar com isso.
Está na hora de se perguntar por que poucos países usam as cotas e nenhum emprega um sistema semelhante ao do Brasil.
O preconceito racial não é um drama apenas brasileiro. É uma herança colonial vergonhosa, presente no mundo inteiro, que deve ser encarado e combatido.
Na França, atinge imigrantes de várias origens, especialmente os árabes. Na Alemanha, os descendentes de turcos. No Japão, atinge até os dekasseguis, que são descendentes de japoneses. Em nenhum desses lugares existem cotas. E ali estão universidades de ponta na Europa e na Ásia.
As cotas existem nos Estados Unidos mas nem de longe envolvem 50% das vagas, uma quantidade absurda. Também não valem para as melhores universidades.
Nos EUA, as cotas são uma regra que vale para universidades públicas que, naquele país, são estabelecimentos de segunda linha. As grandes universidades são instituições privadas, que tem autonomia para estabelecer quem entra e quem fica de fora.
Mesmo nos Estados Unidos, sabe-se quem ganhou e quem perdeu com o sistema.
A classe média negra foi beneficiada. A classe média hispânica também. Mas o gueto negro não se mexeu.
Quem comprou a idéia de cotas pensando em beneficiar a população mais pobre deveria pensar nisso.

Um comentário:

  1. discordo totalmente sou contra o mérito, o que vale é dar chance a grupos excluidos como nós negros de melhorar a qualidade de vida. por trás da idéia de ser contra a cota estar a vontade de manter o status de grupos racistas disfarçados de intelectuais.

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Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.