Longe de ser um problema atual, o tráfico de crianças no Haiti está obtendo notoriedade com o caso dos missionários americanos pegos com um grupo de crianças de dois a doze anos, levá-las a um orfanato em outro país.
Hoje, 18/02, de acordo com a Folha de São Paulo, oito dos dez acusados desembarcaram em Miami, após libertação determinada por um juiz haitiano. Os outros dois serão investigados por uma viagem anterior ao terremoto do dia 12/01, que devastou o Haiti.
Advogados da organização batista New Life Childrens Refuge, da qual fazem parte os cinco homens e cinco mulheres presos no Haiti no fim de janeiro, após o terremoto, alegam que os pais entregaram as 33 crianças voluntariamente e por isso não cometeram nenhum crime. Abordados enquanto seguiam em direção à República Dominicana em um ônibus, para lá ocupar um hotel que seria transformado em orfanato, a defesa dos missionários procede com a realidade de muitas famílias haitianas que, entrevistadas pela agência France Presse, confirmaram a entrega dos filhos. A identidade das crianças, no entanto, ainda não foi revelada.
A organização Aldeias Infantis SOS está protegendo as crianças em Porto Príncipe e confirma que elas passam bem.
Problema antigo
No dia 07/02, a agência EFE publicou uma matéria sobre um venezuelano detido na fronteira do Haiti com quatro crianças e dois adultos. Luis Gullermo Medina Velasco pode pertencer a uma rede internacional que trafica imigrantes à República Dominicana, trabalho que se intensifica com a desordem do país.
O Exército de uma província dominicana confirma que quase diariamente têm de lidar com imigrantes haitianos ilegais, a maioria menores de idade, com parentes vivos e alvos do tráfico humano desde muito antes da tragédia.
Solidariedade duvidosa
Famílias francesas já adotaram 277 crianças haitianas, desde o tremor e o governo pede para as autoridades haitianas agilizarem ainda mais os processos de adoção, o que vai contra a política de algumas organizações sociais de primeiro localizar as famílias e recuperar o ambiente familiar e social das crianças.
Segundo a Folha de São Paulo, a França foi o país que mais adotou haitianos no ano passado.
Denúncia
Em reportagem ampla sobre o tema, no dia 04/02, a agência Deutsche Welle, divulgou que antes do terremoto o Haiti já contava com 400 mil órfãos, em uma população de 9 milhões de habitantes. Com um número não estimado após a tragédia, muitas agora vivem como escravas de famílias que trabalhavam antes da morte dos parentes.
Com o perigo da adoção imediata servir para o tráfico (cada bebê chega a valer 10 mil dólares, de acordo com o UNICEF) Rubén Wedel, da Kindernothilfe – agência de apoio ao desenvolvimento de crianças e adolescentes – alerta para a falta de informações básicas como registro em cartório dos cidadãos: "Eu alerto para o perigo, porque o tráfico infantil pode aumentar. Há menos controle sobre o desaparecimento de crianças. A situação é muito caótica. O primeiro passo é registrar as crianças. Se ninguém sabe da existência das crianças, ninguém irá notar a falta delas."
Com um terço das crianças sem certidão de nascimento, o Haiti, ao lado da Guatemala, sempre foi o paraíso para o tráfico humano no continente americano.
Não integrando a Convenção Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, de 1993, o país com cerca de 250 mil crianças em trabalho escravo, segundo o governo, até agora não fez nada para mudar esta situação.
Organizações sociais
O site soropositivo.org, divulgava no dia 01/02, matéria do Globo dando destaque a casos de estupros e tráfico de crianças. Com uma afirmação do Departamento de Estado dos EUA que ajudará na prevenção do sequestro de crianças no Haiti e um relato detalhado dos acampamentos onde casos de diarreia, tétano e sarampo se multiplicam, explicados pela falta de banheiro e banhos improvisados no meio da rua. A explanação vai além ao entrevistar Miguel Cebal, que tem AIDS e sofre com a falta de remédios, além da perda da família na tragédia. Fala também da Unctad, agência de comércio e desenvolvimento da ONU que pediu o cancelamento de toda a dívida externa haitiana, de US$ 1 bilhão, e do primeiro bote com fugitivos haitianos, 122 pessoas, apreendido em frente às ilhas de Turks e Caicos.
Organizações católicas lançaram documento no dia 11/02, pedindo que crianças fossem protegidas. Segundo o site zenit.org, diversas entidades assinaram a carta pedindo programas que evitem que menores desacompanhados sejam vítimas do tráfico de seres humanos no Haiti. Publicada na Conferência Episcopal dos EUA, o texto foi enviado à secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, à secretária de Segurança Nacional, Janet Napolitano, e à secretária de Serviços de Saúde e Humanos, Kathleen Sebelius.
Para proteger as crianças do tráfico, o UNICEF lançou, dia 10/02, a campanha “Eu, você e o UNICEF: juntos pelas crianças do Haiti”. Através de doações para o trabalho realizado pela organização e agências da ONU, os interessados podem colaborar por meio da conta do UNICEF no Banco do Brasil: Agência 3382-0, Conta Corrente nº 404700-1, CNPJ do UNICEF é 03.744.126/0001-69 ou através do site do UNICEF.
Com o apoio de agências e empresas, as peças publicitárias da campanha foram produzidas de forma voluntária pela agência Ogilvy, a produtora Videoidea, a Rocha Studio, a Audio Fidelity Studio, Agência RadioWeb, agência RMG, ZipCode, Direkt, Data Listas, Linking, DMS, Gnial Propaganda, Inventiva Comunicação, VIRID, NS TV e Canal Teatro.
Entre diversas atividades do UNICEF de apoio ao país, na área de saúde e educação, existe a Proteção à Infância - sistema que busca localizar pais e familiares de crianças que estão desacompanhadas.
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Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.