Retirado do sete Noticiasnx.
Escrito por CALORINA HOLLAND
Sex, 21 de Maio de 2010
O assunto provoca polêmica e debates acalorados entre os que são contra e a favor. As políticas afirmativas e reserva de vagas foram tema de seminário ontem, no auditório da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (Adufmat). A professora doutora em Serviço Social Janete Leite (UFRJ) e o professor Evandro Charles Piza Duarte, doutorando em Direito pela Universidade de Brasília, foram os palestrantes convidados do evento, cujo objetivo foi expor os prós e os contras desse sistema.
As políticas de ação afirmativas foram criadas para oferecer a determinados grupos um tratamento diferenciado para compensar de alguma forma as situações de vítimas de racismo e outras formas de discriminação. No Brasil, uma das formas de ação afirmativa são as cotas para negros e índios nas universidades.
Atualmente, a UFMT não adota o sistema, presente em cerca de 90 universidades públicas de todo o Brasil. Para o professor Evandro Duarte, a Universidade deveria repensar a não adoção das cotas. Defensor da política afirmativa, para ele as universidades deveriam ampliar o papel de formadoras de opinião e se tornarem mais acessíveis aos negros e índios. “A universidade não pode ser vista como um espaço de formação de elite, que no Brasil é branca. A universidade é predominantemente branca. É preciso ampliar o acesso dos negros nessas instituições”.
Segundo o professor, os negros foram excluídos desde sempre e que o acúmulo de racismo é um problema antigo. “O padre Antônio Vieira chegou a dizer que os negros são filhos imolados de Maria, e que os imolados devem esperar pelo paraíso”, diz, “mas o reino dos céus não chegou à universidade e não chegará”, opina.
Em relação ao número de vagas que cada universidade deveria oferecer para as políticas afirmativas, Duarte considera que cada instituição pública de ensino superior deveria fazer um estudo para avaliar a quantidade. “Não se pode estabelecer um número específico, depende muito de cada Estado. Por isso defendo pesquisas para poder determinar qual a porcentagem de vagas que serão oferecidas para as cotas”.
A professora Janete Leite tem opinião divergente. Segundo ela, as cotas não colocam as camadas populares na universidade. “Eu entendo que as pessoas que entram na universidade por sistema de cotas racial também são da elite. O que deve ser debatido é o acesso das camadas populares a essas instituições”, afirma.
Conforme a professora, o Brasil precisa melhorar a educação desde os primeiros anos na escola. “Só escamoteia o péssimo ensino existente no país. As cotas na universidade não vão resolver o problema educacional crônico nacional”, declara.
Na opinião dela, as cotas provocam um efeito de “discriminação ao contrário”: as pessoas que têm desempenho melhor do que uma pessoa que entrou na universidade por uma política afirmativa vão se sentir discriminadas. “Isso gera um conflito e uma aversão aos cotistas por parte dos alunos que não são negros, por exemplo”.
A reportagem tentou falar com a reitora da UFMT Maria Lúcia Cavalli Neder a respeito do posicionamento da instituição em relação ao tema, mas sua assessoria informou que está viajando.
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Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.