sábado, 8 de maio de 2010

COTAS: CONSELHO DA UFRJ DISCUTE AÇÕES AFIRMATIVA NA QUINTA-FEIRA (13/05/10)

Retirado do site do jornal Extra.

Enviado por Eliane Maria - 8.5.2010
Educação
Um debate que se iniciou em 2004 na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) pode começar a ganhar corpo na próxima quinta-feira. Nesta data, o Conselho Universitário (Consuni) deve analisar a proposta do professor Marcelo Paixão sobre a implantação de ações afirmativas. O objetivo da adoção do sistema é possibilitar o acesso de alunos negros e de baixa renda ao ensino público superior.

O tema suscita polêmica no meio acadêmico. Parte dos professores considera que o modelo afetaria a excelência da universidade, uma das mais qualificadas do país. Entre os favoráveis à ideia, há quem não queira um sistema similar ao da Universidade do Estado do Rio (Uerj), que prevê reserva de vagas (cotas).

Data simbólica

Para o Movimento Negro, que espera uma definição da UFRJ há seis anos, a adoção de ações afirmativas seria uma vitória. Principalmente pelo simbolismo que envolve a data da reunião: 13 de maio, dia em que se comemora a abolição da escravatura.
— Eu acho que deveríamos criar mecanismos para incluir negros e pessoas de baixa renda. Ambientes diversos e plurais contribuem para as inteligências. Homogêneos, não — afirma Marcelo Paixão, membro do conselho há um ano e professor do Instituto de Economia.

Tempo para o debate
A proposta do conselheiro, que também é coordenador geral do Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais (Laeser), foi apresentada no dia 11 de março e apreciada pelas três comissões que compõem o Consuni — de ensino e títulos; legislação e normas e desenvolvimento.

— Isso gerou um documento que deve ir a debate no dia 13. Minha proposta é que a UFRJ adote ações afirmativas e dê um prazo de quatro meses para discutir de que forma elas seriam implementadas. O ideal é criar um clima de diálogo na universidade.

Encontro na Praia Vermelha segunda à noite

Um grupo de apoiadores da iniciativa se reunirá nesta segunda-feira, às 18h, no auditório do serviço social, no campus da Praia Vermelha, para debater o tema. O encontro, aberto ao público, quer chamar a atenção para a votação de quinta-feira e mostrar quem apoia a causa.

— Temos uma lista de professores da UFRJ que já se manifestou a favor das ações afirmativas. É uma coisa negativa para a universidade estarmos atrasados neste debate — afirma Marcelo Paixão.

O conselheiro diz que a UFRJ está indiferente a questões públicas.

— Há uma manifestação silenciosa de um certo conservadorismo. O grande mal que nós enfrentamos hoje na UFRJ é a indiferença a questões mais públicas. Essa maioria silenciosa é responsável por essa inércia.

Ingresso seria em 2012

O advogado Renato Ferreira, pesquisador do Laboratório de Políticas Públicas (LPP) da Uerj — pioneira no estado, ao lado da Uenf, na adoção das cotas, em 2003 — espera que a UFRJ adote um sistema de inclusão até o fim do ano, beneficiando alunos que ingressem a partir de 2012:

— A UFRJ foi uma das primeiras universidades procuradas para adotar o sistema, mas, infelizmente, o conservadorismo, principalmente por parte da medicina, impediu um avanço.

Saiba como funciona o sistema de ações afirmativas nas demais universidades públicas:

Uerj e Uenf
As universidades adotaram o sistema de cotas em 2003, com 45% de reservas — 20% para negros, 20% para estudantes da rede pública e 5% para indígenas, deficientes físicos e outras minorias étnicas (D/I). Em agosto de 2007, filhos de policiais, agentes penitenciários e bombeiros mortos em serviço passaram a ser beneficiados entre os 5%.
Uezo
Adotou o sistema em 2006, com 50% de vagas reservadas (5% a mais para D/I).
UFF
Em junho de 2007, a instituição aprovou a criação de um bônus de 10% na nota final do vestibular para candidatos que cursaram o ensino médio em escolas das redes municipal e estadual do país.

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Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.