segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

ENTREVISTA: DEMOCRATIZAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES, UM LONGO CAMINHO

ENTREVISTA / JAMES GÖRGEN

Por Iracema Sales em 8/1/2008
Reproduzido do Diário do Nordeste, 30/12/2007

Levar a internet para dentro das casas das pessoas e acabar com a política de inclusão digital do faz-de-conta, como "a armadilha dos telecentros". Este é um dos desafios do governo brasileiro, admite o pesquisador James Görgen, coordenador do Instituto de Pesquisa em Comunicação, defendendo que o país tem um duro caminho a trilhar nesta área.

Como é vista a relação do povo brasileiro com a TV já que ela está presente em 93% dos lares?
J.G. – O percentual de TV nos domicílios é diferente da programação a que a população assiste. Na maioria absoluta dos municípios, apenas três canais chegam, com 85% da programação gerada no eixo Rio-São Paulo e o Brasil se vê por essas lentes. Romper essa realidade tem relação com democratizar a comunicação, porque significa quebrar as desigualdades regionais verificadas na produção de conteúdo audiovisual. E isso está garantido na Constituição, mas não existe lei que regulamente. Desde 1991, tramita no Congresso Nacional uma lei justamente para regulamentar a regionalização da programação do rádio e TV propondo 30% de produção regional na programação das rádios locais.

Mesmo dentro deste contexto é possível a comunicação ao alcance de todos?
J.G. – Sempre irão existir graus possíveis de democratização e não estamos trabalhando com o ideal, porque nunca será democrático plenamente. Mas existindo mais atores, regionalização, alguns princípios, mais emissoras, mais jornais, tudo isso garante maior acesso, equilíbrio de vozes, e isso é essencial na comunicação. É isso o que fazem os Estados Unidos e alguns países da Europa, que praticam um mercado mais equilibrado.

Como o senhor analisa as novas mídias dentro do contexto socioeconômico do país? A guerra pela audiência mudou de eixo?
J.G. –
As novas mídias estão apenas em 14% dos domicílios nas classes A e B, enquanto 40% da população só se informa pela televisão e isso não será quebrado tão rápido. As barreiras econômicas transformam essas novas mídias numa utopia de comunicação. As pessoas dizem que tudo será maravilhoso na internet. Na realidade, podem ser vistas duas barreiras: a econômica que impede o acesso, e aqueles que têm procuram sempre os mesmos locais – os grandes portais, por exemplo. A concentração da produção de informação continua a mesma. Então, novas mídias não necessariamente garantem democracia.

Como se daria o processo para uma conjuntura de igualdade?
J.G. –
Com o Estado regulando a atividade econômica da comunicação e pela maior participação da sociedade civil na reivindicação por esses espaços. Só que, no Brasil, a sociedade civil é bastante desmobilizada. As pessoas têm uma relação muito afetiva com a TV no Brasil. E isso faz com que qualquer medida de governo no sentido de regulação de atividade econômica como é feita nos Estados Unidos e no Reino Unido, ou em qualquer lugar do mundo, seja vista com antipatia.

Para ler a entrevsita na íntegra no site clique aqui.

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Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.