domingo, 3 de fevereiro de 2008

CARNAVAL: ACUSAÇÕES DE RACISMO NA FESTA DE SALVADOR DA BAÍA

Impressionante está matéria saiu lá do outro lado do oceano Atlântico... em Portugal.

Retirado do Jornal Diário Digital.

Denúncias de racismo estão a colocar em lados opostos a Prefeitura de Salvador e representantes da população negra, que acusam o prefeito João Henrique de proibir a divulgação de um relatório sobre a discriminação racial no Carnaval 2007.
O prefeito proibiu o então secretário da Reparação Racial, Gilmar Santiago, de divulgar o relatório feito pelas equipas do Observatório Racial, mostrando a prática do racismo contra negros, na maior festa popular da capital do estado brasileiro que tem a maior população negra do país, denuncia o presidente do Fórum de Entidades Negras da Baía, Walmir França.
Gilmar Santiago nega. Ele garante que os dados levantados pelo Observatório Racial foram divulgados. Mas admite que a pedido do prefeito não foram disponibilizadas cenas filmadas no circuito da festa em que um polícia agredia violentamente um jovem negro, que apenas dançava entre os foliões.
«O prefeito quis evitar um problema institucional, já que a questão envolvia uma corporação de outro governo, no caso a Polícia Militar» (vinculada ao Governo do Estado), justificou Santiago, que hoje responde pela Secretaria de Governo do Município.
Criado em 2006, o Observatório Racial actua durante o Carnaval, com a proposta de atender mulheres vítimas de violência e pessoas que, no período em que decorre a festa, tenham sido discriminadas racialmente.
No primeiro ano, os seus coordenadores divulgaram um relatório estatístico dos casos ocorridos. No ano passado havia a expectativa de serem apresentados dados completos sobre cada caso apurado, inclusive com a identificação dos acusados, o que, segundo Walmir França, não aconteceu por ordem do prefeito.
«O trabalho não teve nenhuma consequência prática. Em nada contribuiu para a questão étnica», reafirma o presidente do Fórum de Entidades Negras da Baía, que acusa ainda o prefeito de não ter uma política voltada para o combate à discriminação racial.
A responsabilidade pelo funcionamento do Observatório é da Secretaria Municipal da Reparação Racial (Semur), criada pelo atual prefeito, exactamente com o objectivo de realizar políticas contra o racismo e que busquem garantir a ascensão social dos negros de Salvador, que representam mais de 70% da população da cidade.
A nova secretária da Reparação Racial, Antônia Garcia, que em Julho substituiu Gilmar Santiago, determinou mudanças no funcionamento do Observatório, que passará a ser permanente e não apenas durante o Carnaval, com ampla divulgação de todas as suas ações.
«Vamos divulgar o relatório completo, com todos os dados, em cerimónia pública», garantiu o assessor-chefe da Secretaria, Antônio Bastos.
Outra promessa é a de que a Defensoria Pública vai acompanhar todos os casos identificados, numa tentativa de punir judicialmente os responsáveis pelos actos de discriminação racial.
De acordo com os poucos dados divulgados pela Prefeitura no ano passado, ocorreram durante o Carnaval mais de 300 denúncias de racismo, mas nenhuma delas foi especificada. Foi feita apenas uma menção ao tratamento dispensado pelos blocos aos cordeiros (encarregados, quase todos negros, de segurar as cordas que separam os associados do público).
O presidente do Fórum de Entidades Negras argumenta, entretanto, que a maioria dos casos de discriminação racial é praticada pela polícia, que age arbitrariamente e com violência contra os negros.
Outro caso é o privilégio que a própria prefeitura concede aos chamados blocos de trio (nos quais desfilam as grandes estrelas da música baiana, como Daniela Mercury e Ivete Sangalo), em detrimento dos blocos afro.
«Eles saem agrupados nos melhores horários, quando o público está na rua e as emissoras de TV transmitindo. Os blocos afro só têm a madrugada para sair», reclama Walmir França.


Diário Digital / Lusa
31-01-2008 9:46:00

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Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.