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Quarta-feira, 30 de Janeiro de 2008
Pintura de Heitor dos PrazeresNas primeiras décadas do século 20 o samba e a 'questão social' eram caso de polícia.
No Rio de Janeiro até o final dos anos 70, o pré-carnaval era um baile de fantasiados animado por bandas que tocavam marchinhas em clubes onde a classe média se divertia correndo em volta do salão e jogando confetes e serpentinas e os jovens ensaiavam seus 'amores carnavalescos'.
Pintura de Heitor dos PrazeresNas primeiras décadas do século 20 o samba e a 'questão social' eram caso de polícia.
No Rio de Janeiro até o final dos anos 70, o pré-carnaval era um baile de fantasiados animado por bandas que tocavam marchinhas em clubes onde a classe média se divertia correndo em volta do salão e jogando confetes e serpentinas e os jovens ensaiavam seus 'amores carnavalescos'.
Nas 'quadras' das escolas de samba os ensaios ocorriam para a própria comunidade do samba, e moradores dos bairros de periferia. O grande dia do desfile, mais que a consagração da escola de samba era um manifestação do sambista e da população negra e pobre de expressar seu desejo de integração social e "reinvindicar" por reconhecimento e respeito por sua cultura e identidade. Como uma grande passeata festiva, o desfile das escolas de samba incorpora todos os marginais sociais que através do samba cantam suas alegrias, mágoas e esperanças.
A aceitação do samba pela classe dominante teve como contrapartida sua influência crescente na produção dos desfiles e no seu controle, já em parte exercido pelos banqueiros do jogo-do-bicho, pela polícia e pelos políticos. O período derradeiro da 'invasão' da classe média no samba ocorreu durante a ditadura militar ao mesmo tempo da expansão e dominação do lazer e da informação pela televisão.
Nos anos 80 o período pré-carnavalesco foi substituído pelos ensaios das escolas de samba. Em consequência os banqueiros do jogo do bicho que se respaldavam no apoio popular para as suas atividades e já infiltrados no samba se tornam os 'queridinhoss' dos emergentes e saem das páginas policiais para as colunas sociais dos jornais. Contando com a proteção desses padrinhos do samba os emergentes sociais, celebridades e artistas fazem o divisor de águas nas escolas de samba que se tornam um cenário para sua promoção.
A hegemonia da mídia televisiva estimula esta 'invasão' para expor ainda mais seus profissionais e divulgar seus produtos de informação e lazer. E a presença de intelectuais e artistas de prestígio nos ensaios e como tema de enredo de sambas dão um toque intelectualizado para um público mais exigente que acaba se rendendo ao espetáculo reconstruído para o padrão televisivo e turístico.
O espaço de ensaios e dia de desfile das escolas de samba se tornam um cenário privilegiado para a promoção de 'top models', 'misses', artistas, jogadores de futebol, políticos e tantos outros tipos em busca de prestígio em detrimento do possível clamor de reconhecimento e respeito do povo da periferia ou de seu simples lazer.
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Postado por José Ricardo
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Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.