quarta-feira, 19 de março de 2008

SÓ TRABALHO NÃO FREIA POBREZA EM METRÓPOLE

Retirado do site do PNUD
Brasília, 14/03/2008

Só trabalho não freia pobreza em metrópole
Estudo em 6 capitais verificou que apenas queda na taxa de desemprego não levou renda de famílias a superar linha de pobreza

Conheça o trabalho
Leia o estudo
Mudanças no Mercado de Trabalho Tiram as Famílias da Pobreza?
TIAGO MALIda PrimaPagina

A redução das taxas de desemprego, por si só, não levou à redução da pobreza em seis das regiões metropolitanas do Brasil. Essa é uma das conclusões de um estudo feito pelos pesquisadores Ana Flávia Machado e Rafael Perez Ribas, do Centro de Internacional de Pobreza, uma instituição de pesquisa do PNUD, resultado de parceria com o IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas).
A publicação
Mudanças no Mercado de Trabalho Tiram as Famílias da Pobreza? analisou os fatores que contribuem para a saída de famílias da linha de pobreza no período de 2002 a 2007 nas capitais Recife, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Salvador. Os dados usados foram obtidos da PME (Pesquisa Mensal de Emprego) do IBGE.
Durante o período analisado, os pesquisadores verificaram que nos momentos em que havia redução na taxa de desemprego, não havia, necessariamente, maior saída de famílias da condição de pobreza. Uma das possíveis explicações, de acordo com os autores do estudo, é que, em um primeiro momento, o aumento nos níveis de emprego beneficia pessoas com maior qualificação que estavam fora do mercado – o que não seria o perfil dos que estão abaixo da linha de pobreza. Dessa forma, aumentar o emprego não teria um efeito imediato para aqueles que não têm condições de disputar vagas que pedem maior qualificação. A professora Ana Flávia Machado destaca que a relação verificada entre taxas de emprego e saída da pobreza é válida a curto prazo e para as regiões metropolitanas analisadas. A longo prazo e em outras regiões, os efeitos poderiam ser diferentes.
Nas análises, aparece um resultado não esperado. Foi verificado que o aumento da renda no setor formal está relacionado a uma maior dificuldade de sair da pobreza. Esperava-se que aumentos entre os formais não tivessem impacto nos mais pobres (concentrados no mercado informal), mas não que dificultassem a melhoria de vida dos mais necessitados. No período analisado, quando havia aumentos no salário dos empregados com carteira, havia menos fuga da linha de pobreza. Quando crescia 1% a renda entre os trabalhadores formais, a probabilidade de sair da pobreza se reduzia de 5% a 9 %. “Uma hipótese para isso é que quando os salários no setor formal estão baixos, trabalhadores mais qualificados demoram a aceitar empregos por uma renda pequena e se valem de uma segurança financeira que pode vir da ajuda de outros entes da família. Nesse momento, pessoas com menos qualificações profissionais (que têm presença forte abaixo da linha de pobreza) conseguem emprego nessas vagas e fogem da situação de necessidade. Quando os salários para essas vagas aumentam, os trabalhadores com mais qualificações (possivelmente fora da linha de pobreza) ocupam esses cargos criando uma barreira para os menos qualificados”, afirma Ana Flávia.
Isso leva os autores a destacar na conclusão do estudo que políticas voltadas à criação de vagas para diminuir a taxa de desemprego não são suficientes para atacar a pobreza. Outras ações efetivas como políticas de distribuição de renda e uma presença maior do Estado são citadas como possibilidades para resolver o problema. “A solução seria, de fato, quebrar uma transmissão da pobreza entre gerações. Fazer com que a condição financeira dos pais não interferisse no acesso à saúde e à educação pelas crianças, o que, de fato, criaria mais condições de sair do grupo abaixo da linha de pobreza”, destaca Rafael Perez Ribas.
Para ler na íntegra clique aqui.

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Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.