Retirado do site do PNUD Brasil. Sempre é bom divulgar estas atividades, quem sabe outros municípios tomam esta inciativa também.
Reportagens
Recife, 15/04/2008
Capital pernambucana ofereceu capacitação a 705 funcionários de áreas como educação e saúde, para que combatam discriminação-->
SARAH FERNANDES
da PrimaPagina
A prefeitura do Recife treinou, em três anos, 705 funcionários — entre médicos, enfermeiros, professores, assistentes sociais e gestores — para combater o racismo no atendimento à população e no planejamento de políticas públicas. O objetivo foi dar maior atenção a problemas de saúde mais comuns na população negra, incluir conteúdos de cultura e história afro-brasileira no currículo escolar e distribuir recursos para combater a desigualdade racial na capital pernambucana, onde 53,22% da população se autodenominou preta ou parda no Censo de 2000.
Ao todo, entre 2005 e 2007 foram capacitados 350 funcionários da Secretaria Municipal de Saúde, 300 professores da rede municipal e 55 funcionários de outras áreas da prefeitura. Para isso, foram oferecidos três cursos para área de saúde, dois para a de educação e cerca de cinco para administração.
Na área de saúde, por exemplo, os cursos mostraram a necessidade de dar mais atenção a algumas particularidades dos afrodescendentes. “Alguns problemas são mais freqüentes na população negra, como anemia falciforme e hipertensão arterial”, destaca a coordenadora das ações na Secretaria de Saúde, Mirante Arruda. Ela diz que, além disso, os pretos e pardos do Recife, geralmente mais pobres, são mais vulneráveis a problemas de saúde causados por determinantes sociais. “Os negros são mais acometidos de doenças infectoparasitárias e de violência”, observa.
Os funcionários da Secretaria de Saúde também foram orientados a informar a cor dos pacientes nos prontuários médicos. “Isso permite planejar melhor a distribuição de recursos e medicamentos”, argumenta Mirante.
Na educação, os professores fizeram um curso sobre história e cultura afro-brasileira, para abordarem esses temas em sala de aula, como prevê a legislação federal. Também debateram como combater discriminação por cor na escola. Na Secretaria de Cultura, foi feito um relatório descrevendo como se deu a implantação de um setor específico para cultura afro-brasileira; a idéia é que a experiência possa inspirar iniciativas semelhantes em outros municípios.
Nos setores ligados ao orçamento das secretarias, ao planejamento de ações públicas e ao atendimento da população, os funcionários receberam orientações para dar mais atenção às condições de vida da população negra.
Os cursos fizeram parte do PCRI (Programa de Combate ao Racismo Institucional), apoiado pelo PNUD e implantado também em Salvador.
Racismo institucional
O racismo institucional se revela por meio de mecanismos de instituições públicas, explícitos ou não, que dificultam o fim da desigualdade entre negros e brancos.Estudar esse tipo de racismo é, por exemplo, procurar respostas para o fato de a mortalidade infantil entre crianças negras ser maior que a de crianças brancas, mesmo que elas provenham de famílias com o mesmo padrão de renda.Segundo o Programa de Combate ao Racismo Institucional, algumas pesquisas mostram que mulheres negras têm menos chances de passar por consultas ginecológicas completas, ter acompanhamento pré-natal e pós-parto, obter informações adequadas sobre concepção e anticoncepção, e ter acesso aos métodos contraceptivos. No entanto, são maiores suas chances de estarem grávidas e terem o primeiro filho antes dos 16 anos.
Conheça o projeto
Saiba mais sobre o PCRI (Programa de Combate ao Racismo Institucional).
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Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.