Retirado do site do jornal Estado de São Paulo.
TIAGO DÉCIMO - Agencia Estado
SALVADOR - Em um Palácio Rio Branco cercado por cerca de 20 grupos de capoeira da Bahia, do Rio e de Pernambuco, no centro de Salvador, o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) acolheu por unanimidade, na tarde de hoje, em Salvador (BA), o pedido de registro da capoeira como Patrimônio Cultural brasileiro, feito pelo Ministério da Cultura. É o ponto alto de uma história repleta de altos e baixos. "Não se pode esquecer que a prática foi, por muitos anos, considerada crime pelo código penal", lembra a historiadora - e capoeirista - Adriana Albert Dias. "Hoje, é um símbolo nacional espalhado pelo mundo."
Os registros mais antigos da capoeira vêm do século 18. Era praticada por escravos, sobretudo os vindos de Angola. O esporte-dança foi considerado crime até o fim da década de 1930. Só a partir de lá começou a alçar a fama - hoje estendida a cerca de 150 países. Hoje, passa a ser um dos 14 patrimônios culturais do País, junto com o frevo, o samba carioca e o ofício das baianas de acarajé, entre outros.
"Se hoje a manifestação é legitimada como um dos principais símbolos da cultura brasileira, foi por muito sacrifício, em especial dos mais antigos", conta o historiador e pesquisador do tema Frede Abreu. "Hoje, a maioria deles está em má situação financeira." Na prática, a elevação da capoeira a patrimônio cultural prevê, além da inscrição, como Bens Culturais de Natureza Imaterial, do Ofício dos Mestres de Capoeira no Livro de Saberes e da Roda de Capoeira no Livro das Formas de Expressão, a criação de um plano de previdência especial para os "velhos mestres". Gente como Francisco de Assis, o mestre Gigante, de 84 anos. "Preciso muito dessa ajuda", diz Assis, que já participou de rodas de capoeira com os lendários mestres Bimba e Pastinha, ícones da expansão da atividade.
Para o presidente do Iphan, Luiz Fernando de Almeida, o reconhecimento é um passo para que se estabeleçam "políticas públicas concretas" para a atividade. As próximas medidas para a preservação da capoeira, além do plano especial de previdência, de acordo com ele, são o estabelecimento de um programa de incentivo da atividade no mundo e a criação de um Centro Nacional de Referência da Capoeira, com sede em Salvador. "Vamos transformar a cidade em uma espécie de Meca da capoeira", afirma.
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Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.