Resposta enviada para a revista ISTOÉ e retirada do mensagem 4002 do grupo de discussão do yahoo gtacoesafirmativas.
Para ler a entrevista racista clique aqui.
À redação da revista ISTO É. A entrevista com o cientista político estadunidense, Charles Murray, veiculada via site deste periódico, mais uma vez nos revela o quão danoso é o pensamento convervador para o desenvolvimento da humanidade. Vide a mais recente crise econômica (aí sim "um indiscutível fato empírico" para usaralgumas palavras do entrevistado) , que tem como base o que se convencionou chamar de neoliberalismo. O título da matéria e o teor das respostas apenas reforçam esta constatação.
Fica evidente de que lado da ponte de onde este cientista político fala e a ausência de um contraponto, devido à gravidade de sua principal observação (daí o destaque da chamada para a entrevista) evidencia, para ser elegante, um equívoco no planejamento de apuração desta matéria. Nesta edição veiculada só um fala (Murray), mesmo com as contradições explícitas ao se confrontar a primeira parte da entrevista com a segunda. Ele afirma uma coisa e mais adiante flexibiliza, reforçando o que qualquer aplicado(a) universitário( a) sabe: que o desenvolvimento da inteligência é influenciado por N fatores, mas não determinada isoladamente o destino de um indivíduo ou de um grupo. Portanto, mesmo do campo de onde ele fala há variações, que abalam o pretenso rigor matemático por ele advogado.
A sua penúltima fala (" Agora, aos 65 anos, não ligo mais para o que as pessoas pensam") é nitidamente contraditória para quem exerce a função de cientista político que lança livro e vem ao Brasil falar para uma representação acadêmica. Cientista político vive também do diálogo, que pode ser ou não discordante com a sua análise dos fatos. Afinal o que seria da política sem a conversa?
Para a revista fica a sugestão de apresentar, apesar de em outra edição, o contraditório. Que tal ouvir "o outro lado" na medida em que a entrevista gera uma séria e relevante polêmica? Certamente dentro e fora das academias estadunidense e brasileira há os que se contrapõem ao senhor Charles Murray.
Vamos ouví-los, especialmente a representação política organizada (Movimento Negro) da comunidade atingida pelos (pre)conceitos deste cientista político?
A propósito, seria interessante ouvir também os responsáveis pelo seminário "O Impacto dos Resultados Pisa e a Formação de Intelectuais na América Latina". Será que o Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais, ao promover a vinda deste cientista político, preocupou-se também com o contraponto? Seria uma rendição à tese de "baixo QI" se a UFMG deixasse de reservar espaço para o debate, o que certamente NÃO acontecerá visto a notória índole democrática desta conceituada instituição de ensino público brasileira. E na certeza de que isso será promovido, certamente estão à disposição para este diálogo representantes de áreas como a Educação (p.ex. Pnesb/Uff), a Política (p.ex. Frente Parlamentar pela Igualdade Racial- da Câmara dos Deputados) e o Direito (p.ex. Ministério Público), para ampliar o alcance do debate, pois discutir Educação e a articulação desta com a Intelectualidade é vital para o desenvolvimento de qualquer país.
Cordialmente. Miro Nunes (*)
(*) Integrante da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro (Cojira/SJPMRJ - correio eletrônico afrojor_rj@hotmail. com) e membro da Comissão Nacional de Jornalitas pela Igualdade Racial (Conjira) ligada à Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj). Cojira/SJPMRJ - Coordenação: Angélica Basthi, Sandra Martins
e Miro Nunes. PS: Mensagem enviada para a revista em 13/10/08.
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Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.