segunda-feira, 20 de outubro de 2008

DESIGUALDADE ENTRE BRANCOS E NEGROS CAI, MAS AINDA É GRANDE

Retirado do site do Jornal do Brasil.

Ludmilla Totinick, Jornal do Brasil

RIO - De 1995 a 2007, as desigualdades de cor e ou raça e sexo, em termos de rendimentos, diminuíram paulatinamente. Entre os homens brancos e nesgros e pardos caiu de 120% para 93%, de 1995 para 2007, de acordo com o 1º Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil 2007-2008, produzido pelo Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Mas a diferença de salários entre brancos e negros continua grande. Em 2006, um homem branco da Região Sudeste recebia R$ 1.341,16, enquanto um negro ou pardo tinha renda mensal de R$ 715,79. Essa diferença entre as mulheres caiu de 107,7% para 81,2%, no mesmo período.
Caminhos
De acordo com o professor de Economia e coordenador do estudo, Marcelo Paixão, as assimetrias tiveram redução, mas as desigualdades ainda são muito grandes.
– Ainda hoje, no ano de 2007, uma mulher negra ganha um terço do que um homem branco recebe no mercado de trabalho – ressaltou Paixão.
Segundo ele, o exemplo serve para mostrar o quanto ainda precisa ser percorrido para que haja uma sociedade menos desigual.
É o caso de Tiago Santana Anísio da Silva e Rodrigo Nascimento de Souza, ambos com 24 anos e moradores do Rio, que retratam muito bem essas diferenças.
Tiago é branco e se formou em Administração pela Universidade Federal Fluminense. Rodrigo, negro, só chegou até o quarto ano do ensino fundamental. Levam vidas completamente diferentes e ganham salários bem distintos. Rodrigo é casado e trabalha como ajudante de serviços gerais numa igreja no Rio Comprido, de segunda a domingo, e recebe R$ 700 mensais.
– Se eu pudesse, voltaria a estudar para ter uma vida melhor, mas não é possível, pois preciso me sustentar – conta o rapaz, que adora jogar futebol e diz nunca ter sofrido preconceito racial.
Para ele, numa disputa por um emprego, o fato de ser negro não é motivo de preocupação, porém, diz que os brancos têm mais oportunidades. A família mora no interior da Bahia.
Já Tiago está focado na carreira profissional. Entrou na Shell em 2005 e, um ano depois, foi efetivado na empresa. O salário é pelo menos quatro vezes superior ao de Rodrigo. Não tem namorada e aproveita as horas vagas para fazer aulas de espanhol e praticar musculação.
– Quero me fixar na carreira, também pretendo fazer um MBA em Finanças Corporativas. Também penso em morar no exterior por um tempo, é fundamental para qualquer carreira – diz Tiago, que passou no vestibular para várias universidades federais.
– Não acho que exista preconceito racial no trabalho. Acho complicado julgar competência. Tem gente que tem oportunidade e não corre atrás, e tem gente que é esforçada, mas não tem sorte – acredita.
As políticas sociais como o Bolsa Família, voltadas para a população em geral, acabaram favorecendo a população e foram apontadas pelo economista como responsáveis pela redução de diferenças nos anos avaliados, além de uma combinação de outros eventos, como a valorização do salário mínimo e políticas afirmativas.
[22:47] - 15/10/2008

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Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.