sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

PROJETO RESGATA LUTA DO NAVEGANTE NEGRO

Retirado do site do Gazeta do Sul.

Regional
Projeto resgata luta do navegante negro
RIO PARDO > EXPOSIÇÃO MOOSTRA A TRAJETÓRIA DE JOÃO CÂNDIDO, LÍDER DA EVOLTA DA CHIBATA

Adalberto Cândido: 2008 é o ano da redenção do pai com o reconhecimento da sua luta pelos direitos humanos
Otto Tesche
otto@gazetadosul.com.br

Quase um século após liderar nas águas da Guanabara o movimento conhecido como Revolta da Chibata para exigir melhores condições de trabalho aos marujos e a abolição de castigos corporais na Marinha, João Cândido Felisberto, nascido em Encruzilhada do Sul, começa a receber o reconhecimento como um dos heróis nacionais. A Fundação Banco do Brasil realizou ontem em Rio Pardo e Porto Alegre o lançamento da 11ª edição do Projeto Memória. O tema deste ano é João Cândido e a luta pelos direitos humanos.
Cidade onde o Almirante Negro, como ficou conhecido, recebeu o título de Cidadão Honorário em 1959 na primeira gestão do ex-prefeito Fernando Wunderlich, Rio Pardo sediou na manhã de ontem a primeira solenidade, no Centro Regional de Cultura. Com a recepção pela Banda Marcial Fortaleza, o lançamento teve a participação do filho caçula Adalberto Cândido, o neto João Cândido de Oliveira Neto (Candinho) e outros familiares. Ainda participaram o presidente da Fundação BB, Jacques Pena, o diretor de Desenvolvimento Social, Jorge Streit, o gerente de Educação e Cultura, Marcos Fadanelli Ramos, o prefeito Joni Lisboa da Rocha, outras autoridades locais e uma comitiva de Encruzilhada do Sul.
A exposição reúne um conjunto de painéis que mostram a trajetória do bravo feiticeiro ou navegante negro, como foi cantado por Elis Regina na música O Mestre-Sala dos Mares, de João Bosco e Aldir Blanc. O acervo permanecerá no Centro Regional de Cultura de Rio Pardo até o final do ano e depois seguirá para Encruzilhada do Sul e Dom Feliciano. Na abertura do lançamento houve a exibição de um vídeo sobre a vida do Almirante Negro e a entrega de conjuntos de publicações sobre o herói. O presidente da Fundação Banco do Brasil, Jacques Pena, disse que a escolha de João Cândido como homenageado deste ano no Projeto Memória é um marco. Lembrou que é a primeira vez que um negro ocupa a posição.
O filho caçula entre os 11, Adalberto Cândido, 70 anos completados no dia 26 de novembro, recordou do escritor e jornalista Edmar Morel, que tirou do esquecimento a história de João Cândido ao publicar em 1960 o livro A Revolta da Chibata. Ressaltou que 2008 é o ano da redenção do seu pai, pois em maio o plenário da Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei da ex-ministra Marina Silva (PT-AC), que concede anistia post mortem a João Cândido Felisberto e aos demais participantes do movimento. O PL foi sancionado pelo presidente Lula em julho. No dia 20 de novembro, houve a inauguração de um monumento em homenagem ao herói na Praça XV, no Rio de Janeiro, onde João Cândido trabalhou até o fim da vida descarregando peixes de navios após a expulsão da corporação da Marinha.

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Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.