quinta-feira, 13 de maio de 2010

UFRJ RETOMA DEBATE SOBRE COTAS PARA NEGROS E ALUNOS DE BAIXA RENDA

Retirado do site  G1.

13/05/2010
Universidade precisa aprovar a discussão para só depois votar implantação.
Assunto estava na pauta desta quinta (13), mas foi adiado para o dia 27.

Liana Leite
Do G1 RJ

Reitor promete a Frei Davi que sistema de cotas será discutido dia 27 (Foto: Liana Leite/G1)
O sistema de reserva de vagas para negros e estudantes de baixa renda, já implantado em mais de cem universidades públicas brasileiras, ainda é um assunto polêmico na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O tema seria debatido pelo Conselho Universitário neste 13 de maio, dia em que se comemora os 122 anos da abolição da escravatura, mas foi adiado para o dia 27. Na data, os estudante e entidades favoráveis farão uma manifestação. Desde 2004, professores e estudantes tentam implantar o sistema na UFRJ.
De acordo com o professor Marcelo Paixão, autor do projeto de cotas para a universidade, o conselho ainda precisa aprovar que o assunto seja discutido pela comunidade universitária. “Vamos primeiro aprovar a discussão. Então teremos de três a quatro meses para debater qual será o público beneficiado e quais critérios serão adotados. Somente após este período, vamos votar a implantação do sistema de reserva de vagas”, explicou.
O reitor da UFRJ, Aloísio Teixeira, afirmou que a discussão será retomada no dia 27 e acrescentou que não é contra o sistema de cotas, mas a favor de uma conversa mais ampla sobre o acesso dos jovens à universidade. “Sabemos que 60% dos jovens que se formam são de escolas públicas e que 70% dos alunos que se inscrevem na UFRJ são de cursos privados. A universidade é elitista e precisamos mudar essa realidade, mas a forma precisa ser pensada com calma”, afirmou o reitor.

Corrente contrária
Segundo a estudante Malu Ribeiro, presidente da Assembléia Nacional de Estudantes Livres (Anel), há uma corrente de professores dentro da universidade que ainda é contrária à implantação do sistema. A professora da faculdade de medicina da UFRJ, Diana Maul, não é contra cotas , mas acha que elas não solucionam o problema de aceso ao ensino superior.
A presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE-RJ), Flávia Cale, não vê de forma negativa que a discussão tenha sido adiada. “Nesta quinta existiam temas muito polêmicos na pauta. No dia 27 a discussão sobre as cotas deve ser o primeiro assunto e poderá ser discutida com mais calma”, acredita.
Frei Davi Santos, coordenador executivo da ONG Educação e Cidadania de Afro-descendentes e Carentes (Educafro), não vê com bons olhos o adiamento. “Estou cansado de ver gerações de negros envelhecendo fora da universidade. A discussão de cotas precisa ser aberta logo. Nas universidades onde o sistema já foi implantado, os cotistas surpreenderam os reitores com notas iguais ou superiores aos não-cotistas”, revelou.

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Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.