Muito interessante esta notícia, principalemente por causa do comentário bastante instigante do advogado Humberto Adami. O email original está na lista Discriminacaoracial mensagem 39928
A notícia foi originalmente publicada na agência de notícias Brasil de Fato.
Em Fevereiro no Aldeiagriot já tinha sido postado uma notícia que eles estavam processando a Xerox. Clique aqui para acessa-lá.
Humberto Adami - Essa ação deve ser acompanhada de perto, por ser muito interessante oassunto que nela se discute. Em caso de falência da filial brasileira, matriz internacional pode edeve ser incluída na solidariedade patrimonial. Ou até valer-se de grupos afro-norte-americanos para chegar até a central de poder das multi-nacionais. A tentativa de envolver a ong brasileira não passa de cortina de fumaça. Essa é a primeira tentativa de se questionar a responsabilidade socialque tenho notícia. Vale a pena acompanhar e saber quem é o advogado que está levando o trabalho á frente.
Estudantes entram com ação contra a transnacional Xerox
por jpereira — Última modificação 26/03/2008 14:49
Empresa interrompe pela metade programa de"responsabilidade social" voltado para afrodescendentes; 16 processam> > > 26/03/2008> > > > Dafne Melo
> da Redação
> > > Em 2003, os estudantes Alexandra Campos e Flávio Lemos estavamentre os 20 jovens negros selecionados, em São Paulo, para o projetoAfro Ascendentes, do Instituto Xerox, braço da empresa criado em 1996para realizar ações de responsabilidade social.
> O projeto tinha como objetivo garantir o ingresso de 40 estudantes(metade na cidade de São Paulo, metade no Rio de Janeiro) no ensinosuperior público ou privado, pagando um curso pré-vestibular e, sepreciso, as mensalidades universitárias. O programa, que tinha duraçãoprevista para 7 anos, também assegurava ticket-alimentaçã o, valetransporte, seguro de vida e uma ajuda de custo no valor de 200 reaispara cada participante; prometia, também, um computador com acesso àinternet para cada um e um curso de inglês. Além disso, prometiaassistência médica, odontológica e psicológica até seis meses após otérmino da graduação.
> Para gerir o programa, contaram com duas ONGs: o Instituto Geledés,em São Paulo, e o Centro Integrado de Estudos e Programas deDesenvolvimento Sustentável (Cieds), no RJ. A seleção incluía provasde redação, análise de histórico escolar e entrevistas com oscandidatos.
> No decorrer do progama, entretanto, os estudantes começaram aenxergar algumas falhas. "Não recebemos computador nenhum, só depoisde muita insistência nos deram umas máquinas velhas que nem internetpodiam ter", conta Flávio Lemos. O cursinho pré-vestibular e de inglêsforam ministrados nas próprias ONGs, por profissionais contratados."Os cursos duravam todo o dia, das 8h às 20h e por isso, muitosdeixaram seus trabalhos. Inclusive, uma das demandas para participardo programa era a de que não podíamos trabalhar", explica Flávio.
> > > O corte
> Em 2004, Alexandra ingressou no curso de Comunicação em Multimeiosna Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC) e as despesasforam pagas pelo programa, conforme combinado. Esse foi o caso deoutros estudantes que ingressaram em outras universidades privadas. Apartir de 2005, entretanto, os estudantes começaram, sem explicações,a perder alguns benefícios. "Cortaram vale-transporte de alguns, semexplicação, e aí sentíamos que a qualquer momento iam deixar oprojeto", relembra Alexandra.
> No final daquele mesmo ano, a estudante ainda recorda de outro fatocurioso: "A empresa pagou para os 20 participantes de São Paulo irematé o Rio de Janeiro, encontrar os participantes de lá. Distribuíramcamisetas da Xerox e pediram para que nós gravássemos um vídeo parafalar da empresa e do projeto. A maior parte das pessoas não aceitoufazer o vídeo e o clima piorou ainda mais a partir daí". No anoseguinte, a empresa decidiu cortar o projeto.
> "Quem nos comunicou, primeiro, foi o Geledés. Nos explicaram que aempresa não ia mais financiar o projeto, e aí pedimos então para falarcom os responsáveis da Xerox. Foi um funcionário falar conosco e eleapenas disse que a empresa estava entrando em falência e, por isso,cortou o programa", conta Flávio.
> Na época, os estudantes que estavam em universidades privadasbuscaran outras alternativas para continuar os estudos via bolsas daprópria instituição ou pelo Programa Universidade para Todos (ProUni)."Tive a sorte de conseguir bolsa 100%, mas muitos colegas, não", dizAlexandra. Flávio foi um desses. Ingressante no curso de direito daFaculdade de Direito de São Bernardo do Campo, Flávio não pode pagarpelas despesas e, hoje, sofre processo da Faculdade, que exige opagamento da dívida.
> > > Ação
> Após o fim do programa, alguns estudantes decidiram entrar com umaação contra a empresa, por danos morais. "Não queremos apenas receberdinheiro para continuar os estudos e pagar as dívidas, mas discutirtambém essa questão da responsabilidade social. Essas empresas nãopodem fazer isso como bem entendem", protesta Flávio, que conta quetem pesquisado sobre o tema nos últimos meses. "As empresas querem,obviamente, é fazer marketing com isso. O poder público tinha queestar mais atento a esses casos", opina o estudante.
> Alexandra conta que quatro dos 20 estudantes participantes optarampor não mover a ação conjuntamente com os outros por receio de atingira ONG Geledés que, na visão deles, pode ser prejudicada no processo,embora fosse apenas a gestora do projeto, ou seja, não arcavafinanceiramente com os cutos, o que era feito pela Xerox.
> Uma primeira audiência conciliatória ocorreu dia 10 de março, semnenhum acordo entre a Xerox e os 16 estudantes. "O advogado da empresasequer tinha conhecimento que a ação era movida por 16 pessoas e semostrou surpreso quanto a isso. E repetiu a justificativa de que aempresa está em falência, com os ganhos caindo, e resolveu cortar oprograma", conta Alexandra, que esteve presente na audiência. Agora,cabe ao juíz da 16º Vara Civel de SP dar andamento ao processo.
> A reportagem do Brasil de Fato entrou em contato com a Geledés e aXerox. A primeira, não respondeu. Já a Xerox, por meio da assessora deimprensa Fabrícia Rosa, afirmou que as informações dadas pelosestudantes estavam equivocadas e que "a Xerox cumpriu com suasobrigações contratuais com a Geledés". Afirmou ainda que o projeto nãoincluía o pagamento de mensalidades de universidades privadas. "Oprograma visava o ingresso de estudantes na universidade pública",enfatizou Fabrícia. A informação, entretanto, entra em contradição coma informação dada pelos estudantes. "A proposta era entrar eminstituições de excelência, não necessariamente públicas", rebateFlávio.
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Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.