terça-feira, 1 de julho de 2008

UFMG ADOTA BONIICAÇÃO DE PONTOS PARA CANDIDATOS DE ESCOLA PÚBICA E NEGROS

Essa quase passou despercebido... A UFMG vai adotar no vestibular de 2009 bonificação para acesso de candidatos de escolas públicas e negros. Já haviamos feito uma postagem, em janeiro, sobre essa discussão nesta universidade, clique aqui.
Segue as notícias abaixo retiradas do site do jornal O Tempo e do site da CEDECOM da UFMG.
Bônus na UFMG gera controvérsias
DOUGLAS RESENDE
O vestibular 2009 da UFMG, que acontece no final do ano, vai ficar marcado na história da principal instituição de ensino do Estado. Depois de muita resistência em apresentar propostas efetivas de ação afirmativa, no último dia 16 a reitoria da UFMG anunciou a adoção de bonificação de 10% nos exames do vestibular para estudantes que freqüentaram todo o ensino médio e fundamental em escolas públicas, e mais 5% para aqueles que se autodeclaram negros.
Segundo Alexandre Braga, militante da União de Negros pela Igualdade (Unegro), a ação da UFMG é uma "vitória histórica" da luta pela igualdade racial e terá um "impacto político e social muito grande", porque "abre precedente para outras universidades, dada a importância da instituição no país". Ele questiona, no entanto, a falta de avaliação da classificação racial, que fica por conta da autodeclaração do aluno. "Isso abre brechas para estudantes com objetivos escusos."
A professora Antônia Vitória Braga, coordenadora do grupo Ações Afirmativas UFMG e diretora da Faculdade de Educação (FAE), diz que, no entanto, "as experiências de classificação têm se mostrado mais difíceis". Primeiro porque "num país racista como o nosso, não é fácil se declarar negro"; segundo, pelo grau de miscigenação do Brasil. "Além disso, é o outro que vai dizer o que eu sou ou sou eu? Partimos do pressuposto de que as pessoas são honestas", diz a professora.
A proposta inicial apresentada pela reitoria ao Conselho Universitário continha apenas a ação sócio-econômica que atende os estudantes provenientes de escolas públicas. Foi o grupo de Vitória que reivindicou na reunião do conselho o bônus de 5% para estudantes negros provenientes de escolas públicas. "Partimos do pressuposto da igualdade, que inclui o problema social, ligado à renda, e o racial, já que os negros são os mais pobres", justifica Vitória.
Para ela, as duas questões - social e racial - estão intimamente ligadas. "Uma estimula a outra. Então, se a UFMG quer diminuir a desigualdade, tem que observar as duas vertentes, de modo a superar as assimetrias sociais. E a UFMG está dizendo agora, muito humildemente, o seguinte: ‘Nós queremos dar a nossa contribuição para diminiur a desigualdade social’."
Publicado em: 28/05/2008
Bônus pode igualar acesso de alunos de escolas públicas e privadas à UFMG
sexta-feira, 16 de maio de 2008

De acordo com estudo feito pela Pró-reitoria de Graduação da UFMG, o bônus do vestibular aprovado pelo Conselho Universitário da Universidade vai ampliar o acesso a estudantes de escolas públicas em cerca de 15%. Isso significa que, de 35%, os ingressantes provenientes de instituições públicas de ensino vão corresponder a 50% dos aprovados, igualando-se aos de escolas privadas. O estudo foi feito com base nos números do Vestibular 2006 e não inclui a simulação da entrada de negros de escolas públicas na UFMG.
O bônus foi aprovado na reunião do Conselho Universitário da última quinta-feira, 15 de maio. O mecanismo concede um adicional de 10% na pontuação obtida no vestibular a candidados que freqüentaram escola pública da 5ª série do ensino fundamental ao último ano do ensino médio. Também foi aprovado o acréscimo de 5% ao bônus se o candidato se auto-declarar negro. Isso significa que os afro-descendentes estudantes de instituições públicas nos últimos sete anos da educação básica vão ter sua pontuação aumentada em 15%. O benefício entra em vigor no próximo vestibular. Os acréscimos de 10% e 15% vão ser concedidos nas duas estapas do concurso.
De acordo com o reitor da UFMG, professor Ronaldo Pena, a medida difere da política de cotas porque não é a simples reserva de vagas. “O bônus depende da nota que o aluno da escola pública tira, o que valoriza o mérito do estudante que se aproxima da aprovação”. O reitor ressalta que o bônus vai equilibrar as condições de competição entre alunos de escolas públicas e privadas, sem prejudicar os estudantes de instituições privadas. “Pensando em termos de políticas públicas, teremos um país mais justo, com mais oportunidades e menos violência”, comenta. Universidades como a Unicamp, a USP, a Federal Fluminense (UFF) e a Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) já adotam sistemas semelhantes.
A comprovação dos estudos em escola pública será feita por meio do histórico escolar do candidato. Mas, a Comissão Permanente de Vestibular da UFMG (Copeve) ainda não definiu como e quando a entrega vai ser feita. No formulário de inscrição, o candidato já declara sua trajetória escolar e a raça à qual pertence. Segundo o pró-reitor de Graduação, professor Mauro Braga, é provável que o questionário seja reformulado e que algumas perguntas sejam incluídas.
Para que mais candidatos de escolas públicas tenham chances de se inscrever no Vestibular 2009, o prazo para o pedido de isenção da taxa de inscrição será reaberto na próxima segunda-feira. O pedido de isenção poderá ser feito até 16 de junho. As inscrições para o Vestibular acontecem entre 10 de agosto e 12 de setembro.
Ronaldo Pena destacou que a proposta de inclusão social da Universidade também inclui a criação de cerca de 1.200 novas vagas no Vestibular 2009, das quais mais de 700 são para cursos noturnos. Uma expansão de mil vagas está prevista para o Vestibular 2010.

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Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.