sexta-feira, 14 de agosto de 2009

COTAS RACIAIS NA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA TEM 'DEMANDA ZERO'

Retirado do site do G1.

11/08/09
No último vestibular, 19 dos 43 cursos não tiveram concorrentes às cotas.Em outras opções, a disputa era de apenas um candidato por vaga.
Do G1, em São Paulo, com informações do Portal RPC*

Desde 2006, a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) criou um sistema de cotas para facilitar o acesso ao ensino superior para negros e estudantes de escolas públicas. A oferta, no entanto, tem sido pouco (ou nada) aproveitada no que se refere às cotas raciais.

Dentre as 43 opções de cursos da instituição, 19 não tiveram sequer um candidato negro inscrito no último vestibular da instituição. Outras 18 graduações, incluindo en­­genharia civil e economia, tiveram concorrência de apenas um candidato por vaga.

Disputa para valer, com número de vestibulandos negros maior que a oferta de vagas, só ocorreu em seis cursos, e ainda assim a maior procura foi de três candidatos por vaga em ciências biológicas – bem abaixo da concorrência geral do curso (12 por vaga). A pró-reitora de graduação da UEPG, Graciete Tozetto Góes, conta que uma mudança no sistema de seleção das cotas raciais derrubou ainda mais a concorrência. Historicamente, a procura é pequena desde o início da oferta das cotas, mas no último vestibular a instituição decidiu checar se os inscritos são mesmo negros antes da realização das provas, e só quem cumpria as exigências raciais concorreu às vagas.

"Até então, acontecia de o vestibulando fazer a prova, passar e depois não ser considerado negro pela comissão de análise. E perdia a vaga. Agora fazemos a avaliação antes do vestibular e, se ele não preencher os requisitos da instituição, ainda pode fazer a prova em cotas de escola pública”, explica. Para Graciete, a exigência da avaliação antes de fazer o vestibular pode ter levado alguns estudantes a não se inscrever nas cotas raciais. “Principalmente para quem não mora em Ponta Grossa e precisaria fazer uma viagem a mais”, diz.

Nos últimos anos, muitos estudantes que se autodeclaram negros ou pardos na inscrição do vestibular escolhem não disputar o vestibular de cotas raciais. Talvez porque não querem ser avaliados pela comissão ou porque não concordam com o sistema, acredita a pró-reitora. Em 2009, há 68 cotistas raciais (4%) dentre os 1,5 mil calouros da instituição. Do total de vagas ofertadas no último vestibular, 8% foram destinadas para estudantes negros e 25% a alunos de escolas públicas. A proporção pode variar de acordo com a procura.
Estudo e trabalho
A pró-reitora de graduação da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Fátima Cristina de Sá, reconhece que o sistema de cotas raciais não teve a procura esperada pela instituição. Ela percebeu que a demanda é especialmente baixa em cursos integrais – que não possibilitam conciliar trabalho e estudo. “Os estudantes cotistas preferem cursos noturnos ou diurnos, que permitem trabalhar pelo menos em um período”, diz. A UEL oferece 40% das vagas para cotistas – 20% são cotas raciais e 20% para estudantes vindos de escolas públicas. No último vestibular, a maioria dos cursos teve concorrência acima de três candidatos por vaga entre os negros, mas ainda assim a disputa foi bem menos acirrada do que entre os não cotistas.
Biótipo
A pró-reitora da UEL conta que a comissão responsável pela avaliação dos candidatos tem sentido dificuldades para definir quem se enquadra nas normas das cotas raciais.

Ser descendente de negros não basta; o candidato precisa ter o biótipo (pele, esclera dos olhos, traços do rosto, cabelo) da raça negra, que engloba as pessoas de pele preta ou parda.

Os estudantes são examinados depois da aprovação no vestibular e da realização da matrícula, e alguns perdem a vaga por não serem considerados pela comissão como negros – no último processo de avaliação, foram 3 casos entre 166 cotistas raciais. Possibilidades de alteração no sistema de análise estão sendo estudadas na UEL.

(*Com informações do jornal Gazeta do Povo)


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Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.