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By Marcio Alexandre M. Gualberto
Criado em Brasília, durante a II Conapir, o Forum buscará agregar lideranças religiosas de todo o país e organizações nacionais que lidam com o tema para a discussão de grandes agendas.
A IV Caminhada do Povo-de-Santo, ocorrida em Salvador em novembro de 2008 e organizada pelo Coletivo de Entidades Negras – CEN, foi marcada por uma mudança de rumos quando, um conjunto de organizações nacionais que lidam com o tema da religiosidade de matriz africana decidiu, em conjunto com o CEN, lançar uma carta, a “Carta de Salvador”*, apontando a necessidade de atuarem juntas nas seguintes frentes: tornar a Caminhada do Povo-de-Santo em Caminhada Nacional pela Vida e Liberdade Religiosa e realizar em 2010 uma grande campanha de resgate da auto-estima do povo-de-santo chamada, “Quem é de Axé diz que É!”.
O passo seguinte foi a proposta da criação do Forum Nacional da Religiosidade Afro-Brasileira que surgiu durante a consulta religiosa promovida pela Seppir e só foi se constituir como algo real e concreto na histórica reunião conduzida por Mãe Beata de Yemonjá e Mãe Sylvia de Oxalá, com todas as lideranças religiosas presentes à II Conferência Nacional da Igualdade Racial, em Brasilia, no mês de junho de 2009.
O terceiro passo agora é consolidar este Forum como um espaço da religiosidade, liderado e controlado pelas pessoas que são referência na esfera religiosa. A idéia original é que este Forum se constitua por um Conselho Superior, responsável por discutir e definir posições sobre temas tais como o aborto, o casamento entre homossexuais, questões referentes à teologia, doutrina e normas. A segunda estrutura do Forum, seria um Comitê Executivo composto pelas entidades nacionais que lidam com a dimensão da religiosidade, sem disputas, sem vetos, fazendo com que todas atuem juntas, visando construir falas e olhares únicos sobre a política que envolve as casas de matrizes africanas em todo o Brasil.
Caminhada Nacional e Campanha sobre o Censo de 2010
A I Caminhada Nacional Pela Vida e Liberdade Religiosa ocorrerá em fins de novembro, em Salvador, BA. No entanto, a previsão é que a II Caminhada Nacional já ocorra em Brasilia, em 2010, provavelmente na mesma data, já visando constituir diálogos com o novo ou nova presidente eleito ou eleita.
A idéia é que este Forum já coordene esta II Caminhada e, concomitantemente, seja o grande impulsionador também da campanha “Quem é de Axé diz que É!”, que buscará incidir diretamente sobre o Censo de 2010, fazendo com que a auto-declaração em torno da religiosidade de matriz africana tenha um crescimento significativo.
Desde que Mãe Aninha conseguiu de Getúlio Vargas a assinatura do decreto que estabeleceu a liberdade de culto, muitas foram as vitórias conseguidas pelo povo-de-santo. O surgimento do Forum Nacional da Religiosidade de Matriz Africana, já chamado por muitos de a CNBB Afro, é antes de tudo um tributo às velhas e velhos que antecederam as gerações atuais e sempre lutaram em defesa da religião de matriz africana em nosso país.
Nos próximos meses haverá uma convocação ampla, feita pelas principais lideranças religiosas do país para a primeira reunião deste Forum e, com isso, efetivamente, veremos surgir um espaço de afirmação da fé daqueles que cultuam Voduns, Inquices, Caboclos, Orixás e Encantados e acreditam na convivência possível entre todas as manifestações de crenças.
* Assinaram a Carta de Salvador as seguintes instituições: Coletivo de Entidades Negras – CEN, Instituto de Tradições da Cultura Afro-Brasileira – INTECAB, Movimento Nação Bantu – MONABANTU, Federação Nacional de Culto Afro-brasileiro – FENACAB, Associação de Preservação da Cultura Afro e Ameríndia – AFA, Centro de Tradições Religiosas Afro- Brasileira – CETRAB, Centro de Desenvolvimento das Religiões Afro-Brasileira – CEDRAB, Rede Ecumênica do Nordeste, Conselho Nacional de Juventude/CONJUVE. Rede Religiões Afro–Brasileiras e Saúde, Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-brasileira – CENARAB, Centro de Integração da Cultura Afro-Brasileira - CIAFRO
Marcio Alexandre M. GualbertoJornalista, Coordenador Nacional de Política Institucional do CEN
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Muito axé e militância pessoal e obrigado pelos comentários.